HOKA Cielo X1 2.0: performance de elite

A nossa análise ao novo modelo da marca francesa

Depois de termos colocado perto de 400 quilómetros nas HOKA Cielo X1, um modelo que nos impressionou e levou até a um Sub-3 na maratona no ano passado, em 2025 a HOKA fez chegar-nos há algumas semanas à redação a evolução do seu modelo de performance. E dizer evolução até acaba por ser pouco tendo em conta a forma como os franceses transformaram por completo o seu bólide topo de gama. Porque o que estas HOKA Cielo X1 2.0 representam, no final de contas, é uma verdadeira revolução. Esteticamente notam-se claramente várias diferenças, mas o maior salto é dado nas sensações que temos ao utilizá-las.

O primeiro ponto a destacar é o enorme corte de peso da versão original para estas 2.0. A 'dieta do inverno' foi bastante rigorosa e proveitosa e, à base de um upper bem mais fino - algo inspirado nas Rocket X 2, e também numa superfície de sola algo mais fina e menos quantidade de espuma -, a HOKA conseguiu cortar 40 gramas, de 247g para 207g no tamanho 42. O que, num modelo de performance que já respondia muito bem, apesar de pesado, significa praticamente uma transformação da noite para o dia.

Mas a marca francesa fez mais. Para lá dessa diminuição do peso bem notória, também tornou o Rocker bem mais agressivo, facilitando a transição a cada passada, em especial naqueles ritmos mais elevados. É aí que este modelo pode explodir e potenciar a obtenção de recordes pessoais. E isso, por estranho que pareça, também pode penalizar um pouco a forma como as avaliamos. Foi, até, um dos aspetos que nos deixou intrigados.

Porque no primeiro longo que fizemos com elas (30 quilómetros), acabámos estranhamente 'massacrados' muscularmente. Com uma sensação que não tínhamos tido nos mais recentes modelos de performance que utilizámos. Andámos rápido, porque o Rocker bastante pronunciado assim nos obrigava, mas o esforço que tínhamos de colocar para controlar a 'fera' acabava por desgastar-nos algo mais. Parece estranho, nós sabemos. E mais estranho se tornou quando as colocámos à prova para um segundo treino longo. Agora de 32 quilómetros. O ritmo final foi praticamente o mesmo (de 4'27/km para 4'29/km), mas a sensação foi distinta. Nesta segunda experiência num treino longo, as HOKA Cielo X1 2.0 não só deram uma propulsão incrível - houve ali determinados momentos em que íamos a 4'15/km como se nada fosse -, como no final nos deixaram com as pernas bem menos desgastadas como na semana anterior.

No fundo, estas são umas sapatilhas que mostram, na perfeição, a especificidade de cada modelo. E este, apesar de ser fantástico em ritmos rápidos e provavelmente ser visto por muitos como o melhor de performance do mercado, é também um modelo que apenas encaixará num estilo de corrida e corredor muito específico.

Upper está mais ao estilo 'racer'
Upper está mais ao estilo 'racer'

Uma transformação (visual) menor que muda tudo

Muitas vezes as mudanças nas sapatilhas de performance nem são notórias ao olhar, mas há nestas Cielo X1 2.0 algo que se vê e nota. Parece um pequeno pormenor, mas a decisão da HOKA em colocar o corte na sola do lado interior faz com que o modelo se tenha tornado muito mais instável. Especialmente para quem não tem uma passada tão 'limpa' e fluída como um atleta de elite. Como é o nosso caso. Esse foi efetivamente o grande problema que sentimos ao correr com este modelo, pois em determinados momentos parecia que perdíamos o controlo da nossa passada. Uma situação totalmente inversa à que tínhamos com o primeiro modelo, que nos parecia até dos mais estáveis do mercado.

A esta diferente sensação não é inocente também o facto da HOKA ter feito igualmente um corte claro na zona média traseira da sola e, por outro lado, estar a usar um composto mais esponjoso. A espuma de PEBA dá muito mais retorno de energia e amortecimento, mas também perde em estabilidade por conta dessa camada de espuma em falta ali na zona traseira.

À esquerda as Cielo X1 e à direita as Cielo X1 2.0. O corte na meia sola muda de posição e altera tudo
À esquerda as Cielo X1 e à direita as Cielo X1 2.0. O corte na meia sola muda de posição e altera tudo

Outra transformação visível - e esta para muito melhor - vê-se no upper. A HOKA recupera aquilo que utilizou nas Rocket X2 e transforma por completo a zona superior. Está mais fina, muito mais 'racer' e, claro, mais leve. E, por incrível que pareça, também mais confortável. A contribuir para isso está claramente o contorno do calcanhar, que agora está mais almofadado, ao contrário do que tínhamos no modelo original, com uma zona sem grande estrutura evidente. Ainda na zona superior, nota final para o facto da língua deixar de estar cosida aos laterais e ter, também, um pouco mais de estrutura e material acolchoado. Tudo junto, este é um dos melhores uppers do mercado. Sem dúvida!

Aqui chegados, é hora das conclusões. A HOKA conseguiu finalmente entregar um 'racer' que faz tudo o que é preciso para correr rápido. O Rocker é incrivelmente agressivo, a facilidade para correr rápido é notória, o upper está muito melhor - praticamente perfeito - e a sola tem uma tração muito superior ao modelo anterior. Tudo estaria perfeito, se não tivessem aquela pequena 'falha' de espuma na zona do calcanhar. Porque isso faz descer a nota global por tornar o modelo algo mais instável. É pena, porque havia aqui potencial grande para dar uma nota 19. Assim, pesando todos os fatores, teremos de baixar aos 18. Um número que, mesmo assim, deixa estas Cielo X1 2.0 bem lá no topo das nossas preferências.

Por Record
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