Na Andaluzia há uma equipa de futebol composta por imigrantes
O enfermeiro Jaime Rodríguez, conhecido por Quini, gostava de passear junto ao Estádio Chapín, em Jerez, no Sul de Espanha, todos os domingos. Reparou num grupo de africanos que jogavam sempre às cinco da tarde. Desordenados, aos gritos, mas apaixonados e felizes por poderem dar uns pontapés numa bola. Quase todos eles eram refugiados que tinham chegado a Espanha depois de terem resistido a longas travessias no deserto, viagens em condições desumanas, extorsões de grupos mafiosos e guerras civis. Venceram o perigo, o medo e a exploração. E agora tinham encontrado um alento e um escape nestes jogos de futebol.
Quini, por esses tempos, sofria com a morte da irmã, vítima de cancro, e resolveu homenagear a sua memória fazendo bem a quem precisava. Como? Criou um clube para que aqueles homens pudessem jogar todos os domingos, mas de forma oficial. Uma equipa de africanos no futebol espanhol. Parecia um sonho impossível. Mas quando um homem sonha…
O Alma de África foi criado oficialmente em maio de 2015 (Alma também era o nome de uma cadela de Quini). Uma equipa multicultural, com jogadores vindos dos Camarões, Nigéria, Gana, Mauritânia, Burkina Faso, Marrocos e até Bolívia e Guatemala. O clube tem uma dezena de nacionalidades e várias religiões, desde cristãos, muçulmanos ou testemunhas de Jeová. São 21 jogadores federados: 16 estrangeiros e 5 espanhóis. Muitos não têm a sua situação administrativa regularizada, mas a federação espanhola exige apenas documento de identificação para que se possam inscrever.
Desejos ‘simples’
Ultrapassadas algumas burocracias, o Alma de África pôde passar a competir na 4.ª Divisão andaluza e, neste momento, tenta encontrar fundos para subir ao terceiro escalão. O projeto social e desportivo tornou-se uma realidade num clube onde os jogadores também desempenham outros cargos. O nigeriano Christian Loris, de 31 anos, joga e é tesoureiro do Alma de África, ocupações que concilia com a sua profissão de cabeleireiro. Eric Raphael Kameni, de 35 anos, é o capitão e porta-voz do clube. Nos Camarões era pugilista, mas trocou as luvas pela bola quando conseguiu chegar a Jerez. "Saí de África em 2008, não me recordo do mês. Passei por muita miséria e fui vítima de máfias até conseguir entrar em Espanha. Fui o primeiro do meu país que chegou a Jerez", contou, em maio, ao ‘El Mundo’.
Para muitos deles, a vida já foi pior. Agora têm trabalhos que vão dando para sobreviver. O camaronês Issa Abdul, de 24 anos, tenta ganhar dinheiro a lavar carros. O mauritano Abdulaye e o ganês Dani trabalham como empregados de mesa. E também há histórias de amor. O marroquino Hicham chegou a Algeciras agarrado aos eixos de um camião e agora vive com a família da sua noiva espanhola.
Todos eles são ajudados por Alejandro Benítez, presidente do Alma de África, mas muitos não acreditavam que o clube poderia vir a ser uma realidade: "Pensavam que não iríamos ser capazes de fazer uma equipa. Mas antes de começar a liga, cheguei com as fichas, as fotografias deles e os cartões emitidos pela Real Federação Espanhola de Futebol… Viram que era verdade e choraram de emoção."
Nascia assim a primeira equipa federada do Mundo feita por imigrantes vindos das ruas. Uma espécie de United Colors do futebol, em que todos são diferentes, mas iguais, como explicou o capitão Kameni a uma entrevista à ‘Marca’, em outubro do ano passado: "Aqui não há mouros, negros, desta tribo ou daquela. Somos todos família."
O perigo de terminar
O Alma de África está neste momento à procura de financiamento para poder voltar a competir nesta época. Precisa de 40 mil euros para consolidar o projeto solidário e integrador. Os responsáveis têm pensado em vários formas de conseguir a verba e organizaram uma campanha de angariação de fundos (crowdfunding) no site www.apontoque.com, com o intuito de chegar aos 2.300 euros, mas apenas conseguiram 1.010 euros. Além disso, o presidente Alejandro Benítez tem procurado um mecenas, mas até ao momento sem sorte. "Foi um milagre conseguirmos construir esta equipa sem fundos e competir, mas neste momento não temos financiamento para continuar. Da mesma forma que equipas como o Leicester e o Atlético Madrid conseguiram superar as dificuldades e vencer, também nós gostaríamos de continuar com este sonho."
Atenção Drogba e Eto’o...
O capitão de equipa, Kameni, até fez um pedido a grandes estrelas do futebol africano: "Quando entramos em campo deixamos a pele. Sabemos de onde viemos. Por isso, queremos dizer a jogadores africanos internacionais que estamos aqui. Pessoas como o Drogba ou o Eto’o. Ninguém nos vai ajudar?"
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