Carlos Henriques simulava lesões, inventava histórias e conseguiu evitar quase sempre entrar em campo
Fez parte dos plantéis de alguns dos principais clubes brasileiros e até passou pelo estrangeiro. Golos importantes? Assistências decisivas? Fintas de levantar o estádio? Nada disso. A especialidade de Carlos ‘Kaiser’ Henrique era não jogar.
Comecemos pela alcunha: "Quando era pequeno tinha uma semelhança com Beckenbauer. As pessoas com quem eu andava eram muito ignorantes, não sabiam pronunciar o nome direito, mas descobriram que a alcunha dele era Kaiser e passaram a chamar-me assim", revelou o falso jogador, em 2011, numa entrevista ao jornal Globo onde tornou pública a forma como enganou vários emblemas durante a década de 80 e início dos anos 90.
Kaiser, que hoje é personal trainer, aproveitou-se da falta de informação da sua época. Não havia internet, poucos eram os jogos televisionados e menos ainda os empresários apetrechados de DVD´s a entrarem nas instalações dos clubes.
Bem-falante e educado, também conseguiu fazer amizade com importantes jogadores brasileiros. Renato Gaúcho, Edmundo, Branco (que passou pelo FC Porto), Carlos Alberto Torres ou Ricardo Rocha eram alguns deles. E sempre que um dos amigos era contratado por um clube, indicava Kaiser, para o acompanhar. "Assinava o contrato de risco, mais curto, normalmente de três meses. Mas recebia a comissão do contrato e ficava lá esse período sem nunca jogar", revelou na mesma entrevista.
Além dos jogadores, mantinha boas relações na imprensa regional e conseguia que fossem publicadas várias peças sobre ele. "Craque", "artilheiro", "mestre do golo" eram alguns dos títulos com que o brindavam depois de passar falsas informações aos amigos jornalistas. Tudo isso servia para aumentar o mito em torno da estrela da bola que, afinal, não era.
As 'lesões'
Até começou por treinar normalmente nas camadas jovens de Botafogo e Flamengo. Nessa altura chegou a pensar seguir a carreira de futebolista, mas a vontade passou rápido: "Vinha de uma família pobre, precisava de ganhar dinheiro e sabia que o futebol era uma forma de apressar esse processo. Queria ser jogador, mas não queria jogar." E conseguiu.
"Jogos completos como profissional? Se forem uns 20, 30, são muitos. Inventava lesões em todos os jogos. Até nos treinos." Para executar o seu plano, contava com a ajuda de outros jogadores: "Pedia a alguém para levantar a bola e ao rematar fingia uma lesão muscular. Como na altura não havia ressonância magnética, os médicos não podiam ter a certeza. Ficava algumas semanas no departamento médico, feliz da vida."
Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama, Bangú, Puebla (México), Ajaccio (França) e El Paso (EUA) foram alguns dos clubes que caíram no esquema do maior burlão do futebol brasileiro. "Não me arrependo de nada. Os clubes já enganaram tantos jogadores e alguém tinha de vingar os caras."
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