Além de um primeiro momento mais institucional, com as intervenções de Sérgio Krithinas, Manuel Paula, Ângelo Pereira, Maria João Neves e ainda Eva Falcão, a conferência de imprensa de lançamento da São Silvestre El Corte Inglés contou com a presença de seis embaixadores da prova, que protagonizaram um momento no qual se destacam os exemplos que cada um deu e o apelo feito para que os portugueses façam mais desporto.
Elemento mais veterano do painel, o lendário Armando Aldegalega foi parco em palavras, mas foi direto ao assunto. "Vai ser uma São Silvestre memorável. Foi maravilhosa no ano passado e neste todos vão correr com alegria e vão contribuir para a sua saúde", previu o veterano atleta, que aos 86 anos se vai lançar a mais uma São Silvestre... sem vontade de parar: "Enquanto houver iniciativas destas continuarei a correr até as pernas me deixarem".
Nome também com muita história no nosso atletismo, Francis Obikwelu volta também a ser embaixador e, na sua intervenção, enalteceu a importância de Portugal na sua vida, algo que faz com que tenha voltado a dar a cara pela nossa prova. "Se não fosse Portugal não seria ninguém. É uma alegria e uma honra representar este país magnífico. Costumo dizer que 'se nascesse outra vez, queria viver aqui'. A fama que tenho para mim não é nada. O importante é as pessoas apoiarem e isso é fantástico. É uma coisa inesquecível. É uma alegria sair à rua", assumiu o velocista.
Um dos grandes momentos da conferência de imprensa foi protagonizado por Jorge Pina, antigo atleta paralímpico que se destaca pela sua inspiradora história de vida. Novamente embaixador do evento, o ex-pugilista lembrou que foi o desporto que lhe mudou a vida e que o tirou de um caminho de delinquência. "O desporto salvou-me e hoje em dia quero retribuir às pessoas a oportunidade de praticar uma atividade e ser feliz. O desporto é isso. Quando se fala de desporto fala-se de tudo e eu quero ter a oportunidade de retribuir o que o desporto fez por mim".
Pina falou ainda da forma como surgiu a sua Academia, com os valores da "inclusão, harmonia e paz", e explicou a sua função. "É fazer algo pela comunidade, não é por nós. Pretender ser a casa de todos. O desporto ensinou-me a ser o que sou hoje e estou pronto a ajudar e servir onde for necessário", garantiu.
Outro dos embaixadores é também uma figura inspiradora do panorama das corridas nacional. Carlos Alves, um atleta que apesar das suas dificuldades físicas nunca vira a cara à luta e, de forma regular, participa em provas populares. Portador de uma deficiência física desde que nasceu, diz que o desporto sempre esteve na sua vida, pois "sempre quis fazer o que os outros faziam". E aí surgiu um "tratamento" que lhe mudaria efetivamente a vida e daria um propósito: "fazer desporto". Assim que começou, não mais parou. "A minha força é para dar inspiração a todos. Toda a gente é capaz, seja mais rápido ou mais lento. Eu não fui aos Jogos Olímpicos, queria ser como o Francis, mas fui ao Campeonato da Europa recentemente. Tudo é possível. Temos que aceitar, é uma longa caminhada, é dura, difícil, mas todos nós conseguimos. Nunca desistam dos vossos sonhos. Como o Francis disse, às vezes é difícil acordar de manhã com energia para treinar, mas temos de encarar como um dia mais que dizemos às pessoas para saírem do sofá. O desporto é vida. Torna-nos mais saudáveis, não só física mas intelectualmente".
Para o final da conferência ficaram os Anjos, que começaram a sua declaração por uma 'vénia' a quem tinha acabado de falar. "A força e energia destas quatro pessoas é absolutamente avassaladora. Somos uns anões ao lado destes gigantes", assumiu Nelson Rosado. "O desporto é algo fulcral e importante, pois ajuda-nos a ser melhores pessoas. A minha mulher até me diz que gosta que eu faça desporto, diz que fico mais calmo. Penso melhorou a minha vida. Moro junto da Arrábida: saio e dou por mim a planear a minha vida nesses momentos de treino. Temos de cultivar e promover a prática de uma vida saudável".
Ali ao lado, depois de ouvir o irmão falar, Sérgio Rosado complementou. "É importante alertar os portugueses para o sedentrismo. Se cada um fizer a sua parte e passar a mensagem de que é importante mantermo-nos ativos. É importante mudar o chip, como sucedeu com o Jorge Pina. Nós como figuras públicas temos uma responsabilidade social incrível. Nada é fácil na vida, mas tudo é possível. Não entrem em negação. Porque se fizerem só um bocadinho, esse bocadinho vai aumentar cada vez mais com o passar dos dias. É uma mensagem para tudo na vida: com foco e consistência é possível atingir isso. As mensagens que recebemos encheram-nos o coração, porque conseguimos ajudar aquelas pessoas que estavam naquele limbo 'apetece-me, mas hoje não'...".
A fechar, Sérgio revelou que Nelson prometeu fazer um Ironman 70.3 quando celebrar os 50 anos... e Jorge Pina juntou-se à 'festa' ao associar-se a essa promessa, ainda que com um pedido: "tens de ensinar-me a nadar!"
Por Fábio Lima