Investidores querem fazer a equipa titular e até as substituições

• Foto: paulo alexandre

Alguns treinadores portugueses que orientaram equipas de investidores chineses queixam-se que estes empresários queriam obrigá-los a pôr jogadores daquele país no onze. Não é o caso das equipas de Chen, mas de outras. Há técnicos que saíram, ou não aceitaram começar, porque lhes foi dito que tinham de ter determinado número de futebolistas chineses na ficha de jogo e até outros casos de treinadores a quem transmitiram que tinham de fazer entrar jogadores chineses em momentos específicos do encontro, fosse aos 60 ou 70 minutos, independentemente do resultado.

José Vasques, antigo técnico do Pinhalnovense, saiu a uma semana de começar a presente temporada. Revela que não abandonou por ter sentido ingerência no seu trabalho: "Explicaram-me, logo à partida, o âmbito do projeto e eu sabia que alguns chineses tinham de jogar. Escolhi os dois melhores, mas nunca me disseram quantos ou quais deveriam jogar."

O treinador diz que se demitiu por causa da "má gestão da administração do plantel". "Um projeto desta natureza, para englobar chineses, precisa de ser suportado por jogadores portugueses com qualidade, para que os chineses possam aprender. Dessa forma, a entrada deles no onze inicial não provoca grandes desequilíbrios na equipa."

José Vasques diz que os jogadores chineses precisam de aprender muito e só podem evoluir se estiverem em contacto com outros futebolistas de qualidade. Mas revela que aconteceu "precisamente o contrário" no Pinhalnovense. "Tínhamos um orçamento de 10 mil euros mensais. Dava perfeitamente para fazer uma equipa competitiva, que pudesse integrar os chineses e até tentar subir. Mas a política de contratações foi outra e houve uma falta de identificação de ambas as partes. Por isso, decidi sair. Infelizmente, a minha saída acabou por me dar razão porque, neste momento, o Pinhalnovense está em último [na Série H do Campeonato de Portugal]. Sem ovos não se fazem omeletas."

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