Por aqui temos tido oportunidade de testar muitos relógios voltados para o desporto, mas é a primeira vez que tivemos a chance de colocar à prova um modelo da Samsung. E logo um daqueles que surge no mercado para tentar marcar um ponto de viragem e colocar definitivamente a gigante sul-coreana no mapa dos smartwatches em termos de atividades desportivas. A concorrência é feroz, desde logo por parte da Apple, mas também pela 'vizinha' Huawei, uma marca que por aqui tem deixado sempre boas impressões e tem sido amplamente destacada e elogiada.
O Samsung Galaxy Watch Ultra, a evolução do Watch6, chega com tudo. A começar com o preço, que lhe dá quase a obrigação de ser um modelo de topo. Afinal de contas, 700 euros não são propriamente um preço simpático... Mas será que o Galaxy Watch Ultra justifica esse preço? É isso que vamos ver a seguir.
O primeiro ponto que queremos deixar claro é que o nosso teste, e aquilo que vamos escrever, é mais focado no aspeto desportivo e não tanto na vertente de smartwatch. Sim, utilizamos esses recursos, mas foi mais numa ótica de desporto (integrada no nosso espaço Record Running) que fizemos todo o trabalho de análise.
E isso, desde logo, começa com um aspeto a ter em conta. O Galaxy Watch Ultra é um relógio robusto, grande e pesado. Tem 47mm (não há outra dimensão disponível) e com a bracelete laranja com que veio pesa 93 gramas. Para quem corre, para quem gosta de ter um relógio pequeno e leve, que não se note tanto, talvez este modelo seja um daqueles para evitar. Mas se, pelo contrário, não houver problema quanto a isso, então vale a pena ler o que temos para dizer a seguir.
O nosso teste prolongou-se durante duas semanas, com o ponto final a ser colocado com a Maratona de Atenas. O primeiro propósito era perceber o grau de precisão do GPS (conta com os sistemas GPS, Glonass, Beidou e Galileo) e também do sensor cardíaco, aqui neste caso em comparação com o super fiável TICKR Fit Optical da Wahoo. E o primeiro enorme elogio vai mesmo para a precisão do GPS.
No final da prova, tínhamos 42.52 quilómetros na distância, o que é um registo bem positivo, até melhor do que aquele que nos foi dado pelo COROS Pace 3 (42.55). Além disso, ao ampliarmos o mapa foi possível perceber que em praticamente 90% do percurso o desenho foi perfeito. É certo que o percurso, por ser ponto a ponto, ajuda a essa maior eficácia de registo, mas mesmo assim não deixa de ser algo de assinalar, especialmente para um smartwatch que não é (totalmente) destinado a desporto.
Quanto ao sensor cardíaco, notou-se uma menor eficácia no registo momentâneo dos dados, mas no final a média foi exatamente a mesma da que foi apresentada no sensor da Wahoo. No fundo, o sensor de pulso demorava mais tempo a reagir às alterações no ritmo, mas acabava eventualmente por lá chegar e registar os dados de forma totalmente satisfatória.
Outro aspeto relativo aos dados apresentados diz respeito à análise de corrida, como assimetria, tempo de contacto com o solo, oscilação vertical, etc. Estes dados são recolhidos ao longo da corrida e, com base num algoritmo da Samsung, traduzidos numa análise detalhada. Conhecendo o nosso estilo de corrida, mas também as dificuldades do percurso encontrado, diríamos que as métricas apresentadas são impressionantes.
No campo dos sensores, para lá do cardíaco e do que analisa a corrida, conta ainda com acelerómetro, barómetro, giroscópio, sensor Geo Magnético, sensor de temperatura infravermelhos e um sensor de luz.
Bateria, um problema
O teste principal foi superado com êxito, mas a verdade é que o Samsung Galaxy Watch Ultra tem algo que o faz perder terreno em relação aos demais. Sim, ganha facilmente aos relógios da Apple, mas ainda não o conseguimos colocar frente a frente com outros smartwatches mais desportivos, como o HUAWEI Watch GT 5 Pro. A bateria apenas dura cerca de dois dias de uso regular com um treino diário de corrida, o que nos obriga a ter sempre o carregador por perto. Quase temos de tratar o relógio como se de um telemóvel se tratasse, o que faz com que, em muitos casos, não o possámos utilizar durante a noite para controlar o nosso sono, por exemplo.
E esse aspeto é extremamente importante para quem tenciona ter sempre debaixo de olho a qualidade do seu sono. Sim, é certo que nenhum relógio tem bateria eterna, mas é algo totalmente distinto quando podemos carregá-lo apenas de dois em dois dias.
Ainda assim, esquecendo este aspeto, a verdade é que o algoritmo de registo do sono e posterior análise é muito bom. Analisa as diferentes fases do nosso descanso e dá-nos um relatório preciso, atribuíndo uma nota ao sono e ainda comentários sobre o que podemos fazer de diferente.
Muita oferta quanto a atividades desportivas
Por aqui focámos a nossa análise somente à corrida, mas o Samsung Galaxy Watch Ultra tem uma longa panóplia de atividades disponíveis, permitindo-nos fazer dos desportos mais 'normais' aos mais radicais com uma análise relativamente detalhada e precisa. Neste aspeto, nota para a resistência global do relógio, com a promessa de suportar até 55°C de calor, 9000 m de altitude e pressão de água de 10 ATM. A carcaça do relógio é de titânio e o ecrã surge com vidro de cristal de Safira.
Ainda no que diz respeito às atividades, é possível carregar mapas diretamente e segui-los diretamente no relógio. O processo é capaz de ser algo moroso - é necessário carregá-lo para a app Samsung Health, identificar a atividade e, depois, carregá-lo para o relógio. Na atividade propriamente dita, não chega ao nível de detalhe que vemos nos Garmin, mas faz o trabalho bem feito, mas sem grande alaridos.
De resto, como não poderia deixar de ser, o Galaxy Watch Ultra faz o registo das mais variadas métricas em termos de utilização diária, como os passos e as calorias, sendo bastante preciso a detetar automaticamente quando estamos a caminhar. Ao cabo de cerca de 10 minutos sem parar, o relógio inicia automaticamente o registo da atividade como caminhada, tal como sucede se o fizermos a correr. Ainda sobre este aspeto das métricas de saúde, é possível também acompanhar e testar o nosso nível de stress e ainda fazer ECG diretamente no pulso.
Do ponto de vista do interface, conta com três botões no lado direito, que nos permitem gerir tudo o que queremos fazer no relógio. Obriga a algum trabalho de habituação, especialmente se viermos de relógios mais desportivos, mas funciona de forma prática e é muito rápido na resposta. Por outro lado, o brilhante e grande ecrã (Super AMOLED, de 1.5", com 480 x 480 de resolução) é tátil, permitindo-nos trabalhar de forma direta. É algo que dispensamos quando estamos a treinar, mas em uso de smartwatch, para ir analisando os dados e trabalhar diretamente, responde muito bem aos nossos pedidos. Muito por culpa do processador que foi integrado: um Penta-Core de 1.6 GHz, que a marca diz ser 3 vezes mais rápido em comparação ao seu antecessor.
Visualmente, o Samsung Galaxy Watch Ultra é um acerto total. E, ainda para mais, tem opções de braceletes para todos os gostos. Quatro desportivas (Laranja, Cinzento Escuro, Verde e Branco), três de tecido (Laranja, Cinzento Escuro e Branco) e ainda três híbridas (Laranja, Cinzento Escuro e Branco), o que permite andar com o relógio sempre ajustando ao ambiente em que estamos integrados. Até porque a troca das braceletes é um processo muito fácil.
Em suma, o Samsung Galaxy Watch Ultra é definitivamente um grandíssimo smartwatch. Grande em tamanho e em capacidade global. Se vale os quase 700 euros? Diríamos que é um preço demasiado esticado para quem apenas o tenciona utilizar para a vertente desportiva. Mas se olharmos para tudo o que entrega e se houver dinheiro para o investimento, é certamente uma aposta certa. Se o apanharem a bom preço na Black Friday... melhor ainda!