Aachen -- Angel Villar, presidente da Federação espanhola e principal mentor da candidatura do seu país ao Euro-2004, era, terça-feira, um homem muito triste. Manteve a postura no mesmo momento em que os portugueses a perderam para festejar a vitória. Foi mesmo o primeiro não português a aplaudir a subida de Gilberto Madaíl ao palco, onde este iria agradecer a escolha da UEFA. Mas, apesar de todo o "fair-play" exterior, Villar deixava transparecer uma grande e inesperada desilusão. Afinal, não era só a candidatura espanhola que tinha perdido o teste. O seu prestígio também esteve em exame e chumbou.
"A UEFA enganou-se. É a minha opinião, mas a Comissão pensa de outra maneira. A Comissão decidiu assim, pessoalmente não compartilho da sua decisão, mas todos temos de a aceitar", começou por referir Villar, que, contudo, não entrou no jogo dos jornalistas espanhóis -- esses, sim, bastante tocados e incompreensivelmente irascíveis com a perda do Europeu --, que pretendiam a todo o custo que o presidente da RFEF concordasse com o seu ponto de vista de que em Portugal nada havia, enquanto a Espanha tinha todas as condições para ficar com a prova.
Angel Villar não quis, pois, deter-se em polémicas e não teve pejo em felicitar a candidatura portuguesa: "Estou triste por não ter ganho, mas dou os parabéns a Portugal. A partir deste momento, ponho-me à disposição da UEFA e do futebol português para ajudar a fazer do Euro-2004 um extraordinário campeonato."
Tal como Gilberto Madaíl, também Villar é membro da Comissão para o Europeu. Mas se o primeiro viu materializado o apoio dos seus companheiros, já o segundo não pode dizer o mesmo. "Estou triste, como disse, mas não estou desiludido com os meus companheiros de comissão. Se eles consideraram que Portugal era a melhor solução, então tudo bem."
Foi um discurso político, o da derrota de Villar. O dirigente espanhol sabe, porém, que já quarta-feira vai sentir o peso da mesma. Em Espanha será criticado por não ter convencido a UEFA, apesar de ter todas as condições para organizar um Europeu, enquanto, na Europa, a sua ambição fica tocada e a sua ascensão refreada.
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