O homem que define carreiras

O homem que define carreiras
• Foto: Pedro Ferreira

Aspeto cuidado, bem vestido, perfumado, penteado moderno, brincalhão, olhar sedutor e seduzido por quem o faz rir. É assim que o superempresário Jorge Mendes começa por ser descrito no livro “O Agente Especial” – “A clave Mendes (el secreto del mejor agente de fútbol del mundo)”, no original –, da autoria dos jornalistas espanhóis Jonathan Sánchez e Miguel Cuesta, a que Record teve acesso antes da sua edição em Portugal no dia 16 – é publicado no país vizinho dia 13.

A boa aparência e a fluidez no discurso valeram-lhe desde muito cedo a empatia do mundo do futebol, ao ponto de se dar bem, em simultâneo ou em diferentes momentos, quer com FCPorto, quer com Benfica ou Sporting; Real Madrid, Atlético ou Barcelona;Manchester United ou Manchester City; Paris SG ou Monaco. Mas foi a sua determinação, a forma como subiu a pulso na vida, a capacidade de trabalho e o facto de se adaptar às circunstâncias que catapultaram Jorge Mendes para a ribalta e para a representação, através da Gestifute, de mais de 100 jogadores e treinadores, entre eles alguns dos maiores craques internacionais, comoRonaldo, Pepe, Falcão,DiegoCosta ou James Rodríguez.

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É, como se lê no livro, “um cumpridor de sonhos”, sendo descrito pelos seus jogadores e treinadores como alguém capaz do impossível. “Onde queres jogar?” é uma das perguntas iniciais que costuma fazer. E eles nem duvidam que o agente cumpre o que lhes promete. Aliás, só assina contratos com os clubes por ser oficial, não sendo anormal chegar a acordo com jogadores só de palavra.

Com os clubes também tem uma relação especial, porque os presidentes confiam na sua palavra. Quando, em 2003, levou Quaresma para o Barcelona, que pagou 5 milhões de euros aoSporting, Jorge Mendes tranquilizou o líder blaugrana Joan Laporta e prometeu-lhe que “se o jogador não vingasse, arranjava maneira de o vender a outro clube por 6 milhões”.Assim criou confiança.

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Da Bobadela para o Mundo. Nascido no dia 7 de janeiro de 1966 (49 anos), na Bobadela, às portas de Lisboa, filho de um segurança e de uma dona de casa, Jorge Paulo Agostinho Mendes cedo mostrou jeito para o negócio. Aos 13 anos ia para a Fonte da Telha vender artigos de praia feitos à mão pela mãe, por essa altura também começou a negociar na Feira da Ladra. Teve o primeiro emprego aos 18, a fazer gelados.

Quis estudar Direito, mas optou pelos negócios e foi viver para Viana do Castelo com o irmão mais velho João Manuel e o sobrinho Luís Correia, hoje uma das peças importantes da Gestifute. Aí entra no mundo dos negócios, abre um clube de vídeo, depois o restaurante de fast-food Big Burger, mais tarde o Luziamar, um complexo com restaurante, piscina e discoteca na praia do Cabedelo, e, finalmente, a discoteca Alfândega, em Caminha, próximo da fronteira com a Galiza, frequentada por futebolistas de Portugal e do país vizinho. É aí que conhece NunoEspírito Santo, então guarda-redes do V. Guimarães, de quem se faz amigo e que será o seu primeiro jogador.

A odisseia Nuno

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Um dia, em 1996, Jorge Mendes disse a Nuno que o FCPorto o queria contratar. “Disse-o assim, do nada. ‘Eles estão interessados em ti e vou levar-te para lá’”, conta o agora treinador, recordando o espanto com que ficou. O negócio não se concretizaria, porque o então presidente dos vitorianos Pimenta Machado disse a Mendes:“Se alguém pagar 1 milhão de dólares, podes levá-lo.” E, por esse valor, os dragões desistiram. Mendes soube então que oD.Corunha precisava de um guarda-redes e foi falar com o seu presidente, Augusto César Lendoiro. Convenceu-o e levou a proposta a Machado, que, contudo, voltou atrás na palavra. Nuno decidiu então não voltar a Guimarães e “desapareceu” para a casa do empresário. “Houve momentos complicados, mas, naquela situação, outra pessoa teria dito:‘Olha, metemo-nos numa alhada, vê se te safas, que eu vou à minha vida.’ Mas ele não fez isso”, recorda Nuno, agradecido. Tudo acabaria bem, com o negócio a concretizar-se, após Machado aceitar a transferência.

Desde então, Jorge Mendes cimentou relações, estabeleceu redes, somou sucesso atrás de sucesso e fez de 2014 o melhor ano da carreira: James assinou pelo Real Madrid por 80 milhões de euros; Di María foi para o Man. United por 84 milhões – a venda mais elevada da história do Real e a mais cara a chegar à Premier League; Falcão foi cedido aos red devils; Diego Costa assinou pelo Chelsea por 38 milhões. Levou ainda Mangala para o City, André Gomes, Filipe Augusto e Rodrigo para oValencia, Lopetegui para o FC Porto, Cavaleiro, Fariña, Postiga e Sidnei para o D.Corunha.

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