Entrevista ao secretário de Estado da Juventude e do Desporto
No aniversário de Record, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto mostra-se satisfeito com a crescente igualdade de género no nosso panorama desportivo. Porque o caminho rumo ao futuro passa por aí: pela inclusão.
Além de secretário de Estado da Juventude e do Desporto, foi dirigente e jogador de futebol. Como vê este crescimento do futebol feminino português?
JOÃO PAULO CORREIA – Com imensa satisfação e ainda mais confiança no futuro do desporto no país. Como dirigente, contribuí para o crescimento do número de praticantes femininas no futebol e também no atletismo. Nestas funções governativas definimos como uma das prioridades a igualdade de género no desporto. Temos tomado medidas nestes cerca de 20 meses de mandato que têm contribuído para o crescimento e para um assinalável impulso em muitas modalidades através das praticantes femininas e também de dirigentes, treinadoras e árbitras. Foi criado pela primeira vez um grupo de trabalho para a igualdade de género no desporto, passados 49 anos depois do 25 de Abril. Esse grupo apresentou recomendações em fevereiro passado ao Governo, à Assembleia da República, às federações e aos clubes, no objetivo de colocar Portugal na média europeia em número de praticantes e em lugares de liderança do desporto. De lá até agora, os números são fortes. Os resultados que temos hoje no desporto no feminino devem-se também e muito a uma prioridade política definida de início e que tem mobilizado o setor.
Afirmou que as modalidades com maior hipótese de crescimento são as que apostam mais na vertente feminina. O futebol é a expressão máxima dessa evolução?
R – Sim. Hoje temos um número recorde de praticantes federados, cerca de 720 mil. Em 2019, o último ano pré-pandémico, eram 690 mil. Portanto, recuperámos do impacto pandémico e crescemos acima do último ano pré-pandémico. Quando olhamos para as modalidades que contribuíram para esse crescimento, encontramos um denominador comum: o número de praticantes femininas. As modalidades que cresceram foram todas impulsionadas pelo número de praticantes femininos.
Há a questão dos lugares de liderança...
R – São essenciais. São lugares de decisão e transformação, que fazem a diferença nas federações, nos clubes, nas modalidades. Pela primeira vez, temos uma mulher a presidir à Fundação do Desporto [a ex-atleta Susana Feitor]. Foi nomeada pela sua competência. Aliás, sempre houve muita competência no feminino.
Mas voltando à liderança, estamos longe ou perto de ver uma mulher presidente de um clube grande?
JPC - Temos hoje uma mulher a presidir a um clube, neste caso, a uma sociedade desportiva, na I Liga profissional de futebol [Alexandrina Cruz, no Rio Ave], assim como mulheres a arbitrar. Não tínhamos até há pouco tempo. Outra medida anunciada é a gratuidade da frequência de mulheres nos cursos de Grau 1 de treinadores de desporto. Temos que incentivar à procura de lugares de liderança e no curto prazo. O IPDJ lançou uma muito bem acolhida campanha dirigida a jovens do ensino secundário [’Tu Também Podes Ser Presidente Do Teu Clube’]. É um despertar de consciências para semear essa vontade em idade jovem. Isto deve ser feito no dirigismo, em equipas técnicas, de arbitragem e também na comunicação social.
A Seleção Nacional de futebol feminino está no melhor momento. Qual o ponto de viragem?
JPC - A nossa Seleção está num patamar de reconhecimento assinalável. A FPF tem uma estratégia que visa o crescimento de clubes e praticantes nas provas femininas. Houve esse investimento e também a minha decisão como presidente de um clube [Oliveira do Douro], de criar equipas femininas, em 2016. Nessa altura, contou muito o apoio da FPF e da AF Porto. Criou-se uma nova perceção no dirigismo sobre o papel do desporto, da sua oferta e valores. Isso abriu portas em muitos clubes e contribuiu para o crescimento das provas. Elogio também o investimento de grandes clubes em equipas femininas, casos de Benfica, Sporting e Sp. Braga.
Sente gosto em fazer parte do ‘boom’ do futebol feminino em Portugal?
JPC - Estar em funções governativas nesta fase histórica do desporto português é um orgulho e uma responsabilização. Nada acontece sem as políticas públicas dos últimos anos, mas o contributo não é exclusivo deste Governo ou dos anteriores. Temos o papel e investimento das federações, do IPDJ, parceiro de todos os dias, dos dirigentes e do Centro do Desporto.
Quando vê um jogo de futebol feminino, nota uma diferença a nível técnico?
JPC – O nível técnico depende do apoio da estrutura à equipa e ao atleta. Quando os clubes com equipas femininas igualizaram condições, houve crescimento ainda maior, depois refletido na capacidade técnica de equipas e atletas. Muitas das atletas que hoje estão nas equipas principais da I Liga e, portanto, da nossa Seleção, tiveram uma formação de 6, 7, 8 anos ou 10 anos até. A geração que vê o ‘boom’ do futebol no feminino, demorará 6 ou 8 anos a chegar a sénior e só aí se poderá avaliar. Até lá, esta geração vai continuar a dar muitas alegrias a Portugal. Vai continuar a vencer e a ultrapassar obstáculos, no Europeu, no Mundial e na Liga das Nações. Está a subir no ranking mundial e isso entusiasma as jovens gerações que olham para a nossa Seleção e para os seus melhores exemplos como carreiras a seguir.
Falou de novas medidas no alto rendimento. Pode especificar?
JPC – O Governo anunciou uma subvenção financeira para 2024, que pode ir até quatro meses após a licença de maternidade. Isto permite que uma atleta de alto rendimento que decida ser mãe recupere por inteiro a forma física sem condicionalismos. Já no desporto escolar temos uma quase paridade, com 45% de praticantes femininos. É uma área de grande investimento do Estado e temos unidades de apoio ao alto rendimento, que resolvem um grave problema: a elevada taxa de retenção de talento desportivo por força do ensino obrigatório. Um atleta com estágios e provas nacionais e internacionais vê-se obrigado a faltar a aulas e a testes. Criou-se um programa que concilia, num pacto entre escola, professores, famílias, federações e clubes.
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