E. Amadora-FC Porto, 1-1: O dragão queimou-se nas próprias brasas

E. Amadora-FC Porto, 1-1: O dragão queimou-se nas próprias brasas
• Foto: José Lorvão

Ao rebobinar o jogo de ontem na Amadora, José Mourinho e os seus homens têm muitas razões para lamentarem o empate. Antes de mais porque o FC Porto teve o jogo na mão, chegou com inteira justiça à vantagem e, no momento em que aparentemente tudo estava controlado, foi atraiçoado por um golo que teve tanto de estranho como de artístico. Com ele, caiu do céu um Estrela aos trambolhões e nunca mais o FC Porto conseguiu recuperar a tranquilidade de espírito e muito menos a segurança das suas acções.

Mas muito mais deve lamentar o FC Porto o sucedido, sobretudo depois de ter conseguido voltar a dar a imagem de uma "equipa", a tal que José Mourinho tem tentado reanimar e que ainda ontem, na Amadora, mereceu uma dedicatória especial das bancadas: «Se como equipa continuarmos, mais títulos festejamos». Os títulos ainda estão muito longe de serem conquistados, mas o que José Mourinho e todos os portistas esperavam ontem ver era um grupo mais sólido e consistente. O jogo, atendendo às suas características (um Estrela ansioso por entrar em competição) apelava de facto ao sentido colectivo, ao carácter e à capacidade do FC Porto juntar todas as suas forças, primeiro, e depois então soltar o talento (o talento possível, atendendo ao estado do relvado) das suas estrelas. Talvez até por o momento ser delicado, José Mourinho nem sequer hesitou em entregar a titularidade a Jorge Costa. Com o seu exemplo e a sua voz de comando, o FC Porto certamente entraria nos eixos.

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E de facto até entrou. Não jogou bonito, mas foi forte, suficientemente forte para conseguir ganhar a batalha do meio campo onde Maniche foi incansável, Deco insistente e Bosingwa um verdadeiro "puro sangue" que conquistou desequilíbrios ora na direita ora na esquerda, fazendo com que o Estrela se fosse arrumando, cada vez com mais cuidado, em terrenos mais recuados.

Contra esta onda azul que se foi avolumando até ao intervalo (em boa hora ele chegou para o Estrela), a equipa de João Alves viveu dos golpes de Sabry e muito especialmente do acerto das suas "torres" defensivas, onde Paulo Madeira se exibia em grande plano a par de Fonseca. Mas quando Rogério recebeu o cartão amarelo aos 25 minutos e logo depois fez mais duas faltas que terão tentado Paulo Baptista a mostrar novo cartão, o Est. Amadora capitulou na batalha do meio-campo. O FC Porto tinha o jogo à sua mercê.

Foi neste pé, aliás, que o desafio se projectou para a segunda parte com Alenitchev no lugar de Tiago, precisamente porque o Estrela já afrouxava nas marcações no meio-campo e havia, portanto, oportunidade para o FC Porto lançar trunfos mais desequilibradores. O Est. Amadora estava claramente numa tendência de contra-ataque, com Miran a fazer os possíveis diante uma defesa portista que não dava sinais de qualquer fragilidade.

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O golo do FC Porto era, pois, uma inevitabilidade do jogo. Foi McCarthy com uma "bomba" na transformação de um livre (todos os restantes - e foram muitos - tinham sido cobrados por Deco) que colocou os dragões na frente do marcador, mas nem por isso deixou de sair no minuto seguinte. De facto, até então McCarthy tinha sido pouco útil e Jankauskas já ali estava junto ao quarto árbitro, por ordem de Mourinho. E essa ordem não se alterou.

O que se alterou profundamente foi o dinamismo do Estrela da Amadora. Pouco antes de McCarthy sair pouco satisfeito já tinha entrado Semedo e no espaço de dez minutos João Alves lançou ainda Lula e Júlio César que transformaram por completo a equipa da Amadora. Com Rui Baião mais recuado, a jogar ao lado de Rogério, à sua frente funcionou uma linha de três homens (Semedo-Sabry-Lula) com uma mobilidade tremenda que um FC Porto já a actuar em 4x4x2 teve sempre grandes dificuldades de controlar.

Mas o pior ainda estava para vir. E atendendo aos acontecimentos, ainda que o Estrela se mostrasse mais atrevido e perigoso, a verdade é que o FC Porto teve duas situações em que poderia ter "morto" o jogo. Primeiro, através de um remate de Alenitchev que Veiga defendeu com o pé direito. Depois, na sequência do canto, originado por esse lance e batido por Deco, em que a bola saída do cabeceamento de Costinha foi tirada por Alex Garcia sobre a linha de golo.

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O risco de caminhar no limite acabou por atraiçoar o FC Porto da forma mais estranha. A precipitação de Vítor Baía a repor a bola em jogo apanhou um Jorge Costa desprevenido e como que por magia iluminou-se a estrela de Júlio César. O chapéu foi feito à medida num jogo que, então, já estava à medida do próprio Estrela. Os minutos finais foram emocionantes com o Estrela empolgado e o FC Porto furioso por a sorte do jogo lhe ter sido tão cruel.

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