Nuno Patrão: «Somos o patinho feio do negócio, mas todos recorrem a nós»

Foto: Amândia Queirós
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Possíveis restrições da FIFA a empresários de futebol foi tema em destaque no World Scouting Congress

A tarde do último dia do World Scouting Congress arrancou com um painel sobre o agenciamento e a intermediação de jogadores, tendo Nuno Patrão (agente na Footis) João Araújo (agente na Onsoccer International) e Florian Willemssen (consultor legal na Seg International) sido os oradores convidados. Numa altura em que a FIFA procura implementar algumas restrições a agentes desportivos, nomeadamente ao nível das limitações das comissões nos negócios, o trio levantou algumas questões sobre a temática.

"Muitas vezes olham para nós como o patinho feio do meio, mas somos o patinho feio ao qual todos recorrem. Não é fácil legislar este tema porque há muitos países envolvidos. Por exemplo, não podemos impedir alguém que está a vender uma casa de cobrar uma taxa se isso estiver contratualizado. Olhamos para as comissões como um exagero de um número, mas esquecem-se que são os agentes que potenciam o volume do negócio. Temos os melhores jogadores, treinadores e agentes do mundo", começou por explicar Nuno Patrão, num cenário ainda mais aprofundado por João Araújo: "A mudança pode ser preocupante porque limita o nosso raio de ação. A maior preocupação tem de ser o acompanhamento do jogador. Uma comissão antes podia ser de 2 mil euros, por exemplo, e agora pode passar para 300 euros. Será que os jogadores vão ter tantas oportunidades como até aqui?".

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Florian Willemssen deu também um exemplo claro em relação ao impacto que as restrições podem ter. "A FIFA está a implementar novas regras, estão a tentar agrupar todos os agentes numa só forma de trabalhar e queriam fazer isso já em setembro. Não o conseguiu fazer e agora vai tentar fazê-lo no próximo verão. A FIFA não está acima da lei, mas tem a liberdade para implementar estas leis se as conseguirem justificar. No entanto, as leis da FIFA podem colidir com as de cada país. Por exemplo, na Holanda os jogadores não podem pagar diretamente comissões aos agentes", vincou.

Assumindo que o Campeonato do Mundo pode abrir uma janela de oportunidade para novas transferências já em janeiro, Nuno Patrão explicou ainda como funciona o processo de intermediação entre clubes. "As pessoas perguntam porque é que os dois clubes não falam diretamente, mas não podemos juntar dois egos. Quando um presidente quer dar X e outro quer receber Y, é necessário haver um intermediário. Um diz que só quer pagar 10 M€ e o outro que não quer receber menos de 20 M€, portanto temos de ir trabalhando. Se um clube quiser um jogador e um jogador quiser ir para um clube, estando o atleta satisfeito com as condições que lhe oferecem, o negócio acontece em 99,9 por cento das vezes, independentemente das comissões dos agentes. A não ser que existam mais propostas nas mesmas condições e aí o agente pode tentar que ele vá para outro clube", referiu.

Por fim, João Araújo sublinhou que Aly Cissokho (ex-V. Setúbal e FC Porto) foi o jogador com quem trabalhou que mais o surpreendeu e explicou qual deve ser o papel do agente: "Se tivermos bons jogadores é simples negociar, se não tivermos fica mais mais difícil. A maior dificuldade do intermediário é termos o jogador certo para o clube, a concorrência é mundial. Um mau negócio com um clube fica ultrapassado se logo a seguir tivermos um excelente negócio. Um agente não deve impedir um negócio devido às comissões, o agente é sim um facilitador do negócio."

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Por Diogo Matos
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