A ovação dos adeptos do Benfica no final do jogo e os abraços entre os jogadores encarnados desfizeram quaisquer dúvidas sobre o impacto do resultado do clássico: para os campeões nacionais o empate serviu na perfeição os seus interesses.
O Benfica podia, de facto, projetar o clássico com dois resultados (até com três!) que lhe seriam favoráveis, pois permitiam que continuasse na liderança do campeonato com quatro jornadas para jogar.
Consulte o direto do jogo.
Jesus trabalhou a estratégia nesse contexto sem abdicar, no entanto, da sua identidade e que, esta época, tem no pragmatismo um dos traços mais vincados.
Já Lopetegui foi demasiado conservador na abordagem inicial. Operou uma minirevolução na equipa (ficaram de fora seis jogadores do onze de Munique) mas não lhe deu um perfil que mostrasse claramente que estava na Luz para ganhar o jogo. As entradas de Rúben Neves e Evandro serviam para dar mais consistência ao meio-campo e mais posse de bola.
É verdade que o FC Porto teve mais bola (sobretudo na 1.ª parte) mas acabou por ficar distante da área do Benfica. O jogo, aliás, andou sempre muito bloqueado e só se soltou mais após o intervalo. Primeiro porque os encarnados sentiram-se mais confortáveis para assumir algum risco. Depois porque o FC Porto abriu-se mais aos flancos, despovoando o corredor central onde o Benfica passou a ser mais dominador.
No entanto, espremendo bem os 90’, ficaram raríssimas oportunidades para haver golo no clássico. Por isso, o zero ajusta-se muito bem.
Bloqueio total
Durante meia hora, não houve maneira dos jogadores encontrarem soluções para saírem da apertada malha tática em que estiveram metidos – Jesus ainda fez a surpresa de começar com Gaitán na direita mas cedo trocou comTalisca. Só um erro ou um lance genial poderia fazer a diferença. O segundo nem sequer se vislumbrou. O primeiro aconteceu e abriu caminho à única oportunidade de golo. Brahimi (já na direita, depois de ter começado na esquerda) arrastou três benfiquistas para a linha de fundo e abriu espaço ao centro de Danilo.Jackson, todavia, perdeu a chance.
Mais aberto
O primeiro a mudar foi Lopetegui. Trocou Rúben Neves por Herrera, pois precisava de ter mais chegada à área. E teve. Aos 49’, o remate do mexicano saiu fraco mas foi um sinal de que o FC Porto poderia ter outra disposição.
A verdade, porém, é que oBenfica corrigiu posições e passou a ter mais bola. Explica-se, assim, que (só) aos 50’ tenha feito o primeiro remate à baliza de Helton por Talisca e que, cinco minutos depois, o mesmo jogador tenha desferido cabeceamento que fez a bola sair perto do poste.
O Benfica estava melhor no jogo e o FC Porto mais solto no ataque. Aos 64’, um passe de Herrera poderia ter tido melhor seguimento por parte de Jackson, mas Eliseu roubou-lhe a oportunidade.
Jesus não quis correr mais riscos e a entrada de Fejsa, atirando Pizzi para a direita e Gaitán para a esquerda, equilibrou a equipa. Simultaneamente, o FC Porto alargou o jogo aos flancos com Quaresma e Hernâni mas pouco mais ganhou do que algum poder de explosão.
Com a entrada de André Almeida para defesa-esquerdo, o Benfica renovou cautelas mas ainda assim foi quem esteve próximo de marcar num lance em que Fejsa, tal como Jackson, teve o golo à mercê. Falhou mas, ainda assim, foi oBenfica quem ganhou com o empate.
O Homem do jogo: Samaris
Um excelente jogo do grego, adivinhando os caminhos do “inimigo”, segurando a bola sem aumentar riscos e fazendo-a sair jogável.
Árbitro: Jorge Sousa (nota 3)
À altura da exigência do jogo, apenas derrapou no capítulo disciplinar, poupando, por exemplo, o segundo amarelo a Fejsa. Bem auxiliado, tomou boas decisões nos lances de área que podiam causar polémica.
NOTA TÉCNICA (nota de 0 a 5)
Jorge Jesus (3)
Programou bem a equipa e nunca se sentiu muito desconfortável no jogo, sendo que a entrada de Fejsa trouxe mais equilíbrio e, assim, permitiu que o Benfica saísse melhor.
Julen Lopetegui (2)
Procedeu a uma minirevolução com zero de risco na abordagem inicial. Quando mudou nem todos corresponderam e um FCPorto a ter de vencer só teve uma grande chance.