Num ano profundamente afetado pela pandemia de Covid-19, Domingos Soares de Oliveira sublinha a importância dos resultados positivos apresentados pela SAD do Benfica no Relatório e Contas relativo à última temporada.
"A informação é positiva ao nível dos principais indicadores, ainda que seja um exercício que foi muito afetado pelo tema COVID-19 e pelo facto de termos tido uma paragem das nossas atividades durante vários meses. O resultado da Sociedade é próximo dos 42 milhões de euros, o segundo melhor de sempre da Benfica SAD. O segundo aspeto importante a evidenciar é o crescimento das receitas com um valor próximo dos 294 milhões de euros, naturalmente também muito influenciado pela componente de vendas de atletas, em particular do João Félix. Estes são os dois indicadores mais positivos… Mas há um terceiro, que é a confirmação de uma tendência que já observamos há vários anos, que é uma redução do passivo e do endividamento. O ponto menos positivo destas contas é que, seja em termos de direitos televisivos, seja em termos de prémios da UEFA, merchandising, patrocínios, ou em termos de bilhética, há uma redução de praticamente todas estas rubricas. Por um lado, influenciado – no caso das competições europeias – pela nossa performance desportiva menos boa, comparativamente ao que tivemos em 2018/19", afirmou o responsável pela área financeira da sociedade, em entrevista à BTV.
Soares de Oliveira destaca a venda de João Félix. Um negócio sem o qual o Benfica não teria conseguido apresentar estes resultados.
"Do ponto de vista das receitas com atletas, temos um crescimento significativo cuja esmagadora maioria tem a ver com o negócio que fizemos do João Félix. Não é o impacto, naturalmente, da transação toda, não é um impacto de 120 milhões de euros nas contas, mas é um impacto que, sem ele, não tínhamos conseguido ter o crescimento que tivemos", admitiu.
O administrador da SAD encarnada mede o impacto financeiro da pandemia em 12 milhões de euros. Já desportivamente diz ser incalculável.
"Por força da pandemia, tivemos aqui dois impactos: um que nunca conseguiremos medir, que é o do lado desportivo, ou seja, o que é que teria acontecido com o Benfica se não tivéssemos tido a pandemia. Como é que a equipa se conseguiu adaptar relativamente ao facto de jogarmos sem público? No fundo, perdeu-se algo que é a essência do futebol… Relativamente à componente muito mais económico-financeira, temos basicamente impacto em todas as vertentes – menos bilhética, como eu disse, porque não fizemos jogos com bilhética. Apontamos, nestas contas, para que o impacto total da COVID-19 no exercício 2019/20 seja ligeiramente superior a 12 milhões de euros. Sem COVID-19, teríamos tido receitas provavelmente – só da SAD – a ultrapassar os 300 milhões de euros", explicou.
Domingos Soares de Oliveira sublinhou ainda a capacidade do Benfica em investir forte neste mercado de transferências.
"Do ponto de vista do mercado de transferências, a expectativa que tivemos ontem na assembleia geral da ECA é de que o mercado vai ter uma redução de cerca de 20 a 30 por cento. Se essa redução vem pela desvalorização dos passes ou se vem pelo impacto que tem nas contas de alguns clubes que estarão menos ativos no mercado, neste momento ainda não sabemos. No fundo, a parte positiva é que se no passado o mercado representou 100, neste exercício 2020/21 o mercado vai representar 70 a 80 por cento. As notícias são boas, acho que vamos ter um bom exercício. As pessoas questionam-se um bocadinho como é que o Benfica está a fazer um investimento diferente. O próprio Presidente, com a sua cultura empreendedora, já afirmou que é nestes momentos que se tem de aproveitar para fazer determinados investimentos. Nós temos essa capacidade, o facto de termos lançado o empréstimo obrigacionista foi muito importante. A mensagem que tenho hoje para os benfiquistas é de confiança relativamente ao exercício de 2020/21", concluiu.
Por Miguel Custódio