R – Pagou por aquilo que se passou no Jamor na final da Taça?
AC – Não, mas aconteceram dois factos graves na final da Taça de Portugal. A derrota da nossa equipa, que não poderia nunca acontecer. Nunca poderíamos perder, sem desrespeitar o Vitória, claro, com uma jovem equipa com cinco jogadores da equipa B e quatro meses de salários em atraso. Como não sou jogador ou treinador, a minha responsabilidade no resultado do jogo é tão-somente solidária com a equipa. Eu e a minha estrutura criámos todas as condições para que os jogadores e a equipa técnica tudo tivessem para fazer o seu trabalho.
R – E o Cardozo?
AC – O comportamento incorreto de Cardozo para com o seu técnico, eu também não o poderia evitar. Era impossível, pois nesse momento estava junto dos responsáveis da FPF, a tentar apressar as obrigações para a comunicação social e a entrega das medalhas. Por isso não estava perto. Além disso, o jogador em causa é um homem adulto, e responde pelos seus atos e atitudes. Ato que não poderia nunca ter sido protagonizado numa instituição como o Benfica por um seu atleta.
R – Mas aconteceu…
AC – Sim, e para resolver esses atos existem o Regulamento Interno e o Contrato Coletivo de Trabalho. O resto das insinuações, da minha pseudorresponsabilidade, de situações acontecidas no Jamor, do não cumprimento ao senhor Presidente da República – que deveria estar acompanhado pelo presidente do Benfica para este fazer as devidas apresentações jogador a jogador – e de não presenciarmos a entrega das medalhas aos vencedores aparecem a pedido de “amigos” que não gostam do meu estilo de gestão e porque alguns pseudocomentadores de televisões e de jornais, que nunca deram nada ao futebol e que vivem desta forma paralela graças a ele, não tiveram coragem nem capacidade de dizer a verdade e explicar por que perdeu o Benfica onde deveria ter ganho!
R – Já agora: porque não assistiram à entrega da Taça ao V. Guimarães?
AC – Já tinham passado cerca de 25 minutos do fim do jogo – e o meu dever é proteger os meus jogadores – e, por outro lado, onde estavam os vencedores aquando da entrega das medalhas aos vencidos?
R – A agressão de Luisão ao árbitro na Alemanha: acha que lidou bem com o assunto?
AC – Não houve agressão. Houve sim um contacto um pouco despropositado, que não deveria ter acontecido e que foi inflacionado por um pseudoárbitro, incompetente e comediante. Geri a situação, no sentido de sensibilizar o árbitro e os responsáveis alemães a continuarem o jogo, com pedido de desculpas do jogador e a sua substituição por outro jogador.
R – Fez tudo o que deveria ter feito?
AC – Fui sempre impedido de contactar com o árbitro pelos responsáveis do Fortuna. Durante cerca de 20 a 25 minutos, de forma infrutífera, tentei por todos os meios falar com o árbitro, sem me abrirem a porta. Não tenho dúvidas que só a influência e o poderio institucional da Federação alemã proporcionou o desfecho deste incidente. Basta ver os incidentes que acontecem todas as semanas por esse futebol mundial e comparar as sanções.
R – Na memória ficou a imagem de Carraça e Jesus a rirem-se da situação. Não acha que foi altamente desajustado ao que se estava a passar?
AC – Isso não é verdade. Não houve qualquer imagem do diretor do futebol a sorrir perante esses acontecimentos. Até porque entrei no relvado, e com o árbitro e dirigentes alemães recolhi logo ao túnel. Além disso, a situação não era para rir.