Noite de desafinações

Noite de desafinações
• Foto: PEDRO FERREIRA

Rei Eusébio não merecia exibição tão pobre, selada com derrota difícil de aceitar se detalharmos o que sucedeu ao longo da hora e meia. Foi uma noite de desafinações para o Benfica, primeiro detetadas pelo modo leve e pouco intenso como atacou uma equipa que apenas quis defender; depois porque acrescentou à falta de dinâmica com que procurou o golo, desconcentrações defensivas que estiveram na origem dos dois golos do São Paulo.

Consulte o direto do encontro.

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Claro que não é fácil, a esta distância do início da competição a sério, ter os jogadores com níveis de intensidade suficientes para dar a resposta necessária às exigências. Mas o Benfica exagerou na leveza com que procurou materializar o ascendente da primeira parte e na forma como se diminuiu mal o adversário acordou para a vida.

Muralha brasileira

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Os primeiros episódios da história do jogo foram repetitivos, previsíveis e desinteressantes. Perante um Benfica a consolidar a ideia de jogo, os princípios do seu funcionamento e a testar algumas variáveis, a principal das quais o modo de conjugar Djuricic e Markovic no mesmo onze, respondeu o São Paulo sem piedade, fechado a sete chaves, só interessado em tapar os caminhos de acesso à baliza de Rogério Ceni. A equipa de Paulo Autuori deu a bola aos encarnados mas roubou-lhes todos os espaços ao mesmo tempo que minou a confiança de quem, a partir de certa altura, sentiu poucas condições para dar eficácia ao jogo de posse que foi privilegiando.

Com Markovic na esquerda (a fletir para o meio) e Gaitán na direita (também a vir constantemente para dentro) faltou ao Benfica jogo exterior, quase todo entregue aos laterais Maxi e Cortez. O modo mais vezes utilizado para atacar a baliza brasileira foi de sucessivos envolvimentos pela zona central, aos quais faltou harmonia nas ações e precisão no último passe. A esses pecados juntou-se a escassa dinâmica para causar problemas a um São Paulo que, valha a verdade, se sentiu quase sempre confortável com o desenrolar dos acontecimentos.

Se o primeiro remate dos brasileiros à baliza de Paulo Lopes aconteceu ao minuto 44, prova de que o Benfica não permitiu veleidades ao adversário, travando-o quase sempre antes da linha do meio-campo, deve reconhecer-se que faltou contundência, eficácia e qualidade à posse de bola esmagadora que a equipa desenvolveu. Isto apesar das três boas intervenções de Rogério Ceni.

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São Paulo renascido

Para a segunda parte, o São Paulo surgiu transfigurado, como se os primeiros 45 minutos tivessem sido um equívoco; como se, afinal, a equipa também soubesse fazer o que evitou testar até ao intervalo. Pode dizer-se que a formação de Paulo Autuori começou por fazer a vontade a um Benfica desejoso de que o adversário atuasse aberto; de que o jogo evoluísse para sucessivas transições capazes de gerar o espaço que os principais talentos benfiquistas requeriam. A surpresa foi dimensionada pela resposta encarnada, pelo modo como a equipa de Jorge Jesus aceitou docilmente a subida dos brasileiros, sem revelar qualquer intenção em tirar partido da nova realidade.

A mesma equipa que passara 45 minutos a atacar a baliza de Rogério Ceni recuou, acomodou-se atrás, somou erros, sofreu dois golos e nunca encontrou disponibilidade, muito menos inspiração, para aproveitar o espaço que, de repente, as circunstâncias lhe ofereceram. Os últimos minutos foram penosos, porque nunca o resultado foi sequer posto em causa.

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ÁRBITRO: Duarte Gomes (nota 4)

Bom trabalho de Duarte Gomes, que soube interpretar as características do jogo. Deixou jogar e foi suficientemente condescendente em termos disciplinares, razão pela qual evitou a todo o custo mostrar o cartão amarelo – fê-lo por três vezes (todas no último quarto de hora), punindo sempre jogadores do Benfica. Atuação positiva mesmo a partir do momento em que o resultado tornou o jogo mais suscetível para os adeptos.

NOTA TÉCNICA

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Jorge Jesus. Apostou em Djuricic e Markovic ao mesmo tempo mas sem resultados práticos. Quando juntou Rodrigo a Lima também não ganhou agressividade. (nota 3)

Paulo Autuori. O treinador brasileiro mostrou uma equipa muitíssimo competente: só defendeu na primeira parte e não sofreu golos. Quando arriscou fez 2 golos. (nota 4)

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