O homem que fechou o 3.º Anel

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Faleceu ontem um dos mais carismáticos presidentes da história do Spot Lisboa e Benfica. Fernando Martins, que dirigiu o clube entre 1981 e 1987, deixou marcas indeléveis numa instituição à qual se ligou como dirigente em 1965 na qualidade de elemento do conselho fiscal.

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Desde então perdeu eleições para a presidência com Borges Coutinho (1969) e Ferreira Queimado (1977) até assumir a liderança no início dos anos 80. Numa época (1981/82) em que o clube passava por dificuldades financeiras e a equipa de futebol se arrastava, Fernando Martins viveu meses difíceis que puseram à prova as suas convicções e a força de um desejo eterno: ser presidente do clube do coração. Tendo sido um líder fundamental na vida centenária da águia, ficará para a eternidade como o homem que fechou o 3.º Anel do velho e mítico Estádio da Luz.

Inovação

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Fernando Martins, nascido em Alenquer, a 25 de janeiro de 1917 (25 anos depois, nesse mesmo dia, nasceria Eusébio da Silva Ferreira), era sócio do Benfica desde 1947 – tinha o número 1.038. Subiu na vida, direcionado para as áreas imobiliárias e hoteleiras, à custa de trabalho, visão e capacidade para antecipar tendências. Foi esse espírito empreendedor e de inovação que o caracterizou no período em que esteve na cadeira mais apetecida.

Mas apesar do sucesso de algumas medidas, que passaram pela publicidade nas camisolas, pela instalação do bingo junto ao Coliseu dos Recreios, pela exploração de um posto de gasolina na Segunda Circular e pela construção de uma urbanização nas imediações do estádio, não se pode dizer que o seu início como presidente tenha sido auspicioso.

Divergências

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Os primeiros meses de mandato foram marcados por conflitos internos graves. Dos 33 dirigentes eleitos, 19 afastaram-se; as divergências alastraram a todo o clube e chegou a pedir-se a sua saída do cargo. Numa assembleia geral, Fernando Martins pediu mesmo a demissão. Teve uma síncope cardíaca mas voltou na semana seguinte. Retirou o pedido de demissão e prosseguiu a gestão, ainda que fragilizado. Tinha guardada, porém, a cartada que havia de permitir-lhe cumprir os objetivos: Sven-Goran Eriksson, o jovem treinador sueco que lhe trouxe o êxito desportivo indispensável para pôr em prática as restantes ideias.

Vender Chalana

O sucesso não o fez desviar de uma política assente em ordenados baixos e prémios elevados. A sua intransigência criou conflitos com alguns dos jogadores mais emblemáticos que, em fim de contrato, recebiam melhores ofertas de clubes mais modestos. Em 1984, ao fim de duas épocas extraordinárias com Eriksson, negociou os passes de Chalana e Stromberg para cumprir a promessa de fechar o 3.º Anel, o feito que melhor identifica a liderança com mais de seis anos. Outro marco da sua gestão prende-se com as boas relações institucionais mantidas com Pinto da Costa e o FC Porto, e de cordialidade com João Rocha e o Sporting.

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Benfica europeu

Orientado pela ideia obsessiva de contenção, Fernando Martins foi carregando o fardo de, tendo equipas ganhadoras em Portugal, não cumprirem requisitos para serem competitivas a nível internacional. Nos primeiros meses de 1987, com a equipa a caminho do título nacional e da vitória na Taça de Portugal (dobradinha com John Mortimore), o homem que fechou o 3.º Anel não resistiu à proposta arrojada de João Santos, que prometia um Benfica europeu e um ciclo mais ambicioso para o futuro. Perdeu as eleições. Quando o velho estádio foi abaixo, nunca mais passou pela Segunda Circular. O choque foi duro em demasia.

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