Ex-dirigente é um dos arguidos neste caso, enquanto presidente das águias esteve presente como representante legal do Benfica
À saída do Campus de Justiça, Luís Filipe Vieira, antigo presidente do Benfica, voltou a mostrar serenidade no desfecho do processo 'Saco Azul': "Estou mais do que tranquilo, senão não me via com esta calma toda", afirmou, em declarações aos jornalisas.
O advogado do Benfica pediu a dispensa de Rui Costa das próximas sessões de julgamento, que prossegue a 8 de maio. O pedido foi aceite.
O julgamento em que o Benfica é acusado, através de duas empresas do seu grupo empresarial, de 22 crimes, entre fraude fiscal qualificada e falsificação de documentos, prossegue a 8 de maio. A próxima está reservada para os depoimentos de Luís Filipe Vieira e Miguel Moreira, outros dois arguidos, assim como José Bernardes deverá continuar a ser inquirido. As testemunhas serão ouvidas dia 14, da parte da manhã.
Apesar de garantir que deixaram de existir contratos com a empresa 'Questão Flexível', José Bernardes revela: "Ainda temos pessoas em permanência no Benfica. Sendo um sistema tão crítico, o Benfica entendeu que devia ter a competência sobre isso."
Para além de manter a recusa em falar das transferências de dinheiro quando confrontado pelo juiz, José Bernardes reitera que não conhecia Luís Filipe Vieira nem Domingos Soares de Oliveira. "Tínhamos uma relação profissional que levou a uma relação de empatia pessoal. Nunca fui a casa do Miguel Moreira, nem ele à minha", revela o arguido, sentado ao lado do antigo presidente do Benfica. "Nunca estive tão próximo de Luís Filipe Vieira como hoje", acrescenta. José Bernardes frisa também a dificuldade que tinha para negociar com o clube da Luz. "Nunca foi fácil negociar um contrato com o Benfica pela morosidade, depois pelo discurso que roçava a agressividade. Nunca era uma negociação fácil", sublinha.
Luís Filipe Vieira, outro arguido no processo 'Saco Azul', apenas será ouvido na próxima sessão de julgamento. Hoje, à chegada ao Campus de Justiça, o antigo presidente do Benfica atirou: "Acredito na Justiça e de certeza que não vai dar nada."
A empresa 'Questão Flexível' cobrava ao Benfica 22 mil por mês por um contrato de resposta imediata quando era necessário, revela também José Bernardes. Perante este montante, o juiz questiona: "Era um valor avultado. Virão aqui pessoas dizer que o senhor era o Ronaldo da informática. O senhor era conhecido como o Ronaldo da informática?" Bernardes respondeu, considerando terem sido cobranças justas. "É um valor que me pareceu justo", diz.
O juiz prossegue com questões ao arguido. "Se tinha competências ao nível de Ronaldo e Messi, porque é que o Benfica conseguiu internalizar essas competências?", pergunta, com Bernardes a responder: "Porque foi buscar o meu braço esquerdo, o Nuno Silva."
Do ponto de vista negocial, Miguel Moreira "era agressivo", diz José Bernardes. Ainda no depoimento prestado em janeiro de 2024, cuja gravação se ouve esta tarde, o proprietário da empresa 'Questão Flexível' revelou: "Miguel moreira era agressivo [a negociar]. Eles queriam era espremer, o Benfica podia pagar mais."
José Bernardes foi questionado sobre por que motivo manteve-se ligado ao Benfica com diferentes empresas - da 'Best for Business' à 'Questão Flexível'. Este arguido sustenta que era necessário quem "tivesse visibilidade sobre toda a arquitetura". "Não sou o melhor profissional do Mundo nem coisa que o valha, mas para este tipo de serviço era preciso alguém que tivesse visibilidade sobre toda a arquitectura. Na altura, quem percebia melhor era eu e a minha equipa", defende, revelando ainda: "Não houve nenhum crash, mas houve vários indícios de crash e resolvi-os todos."
Continua por esta altura a ouvir-se a gravação das declarações de José Bernardes na fase de instrução. Este arguido frisa que conheceu Miguel Moreira, ex-diretor financeiro do clube encarnado e também arguido neste processo, "na apresentação do software no Benfica" e que "nunca o tinha visto antes". Depois de ter começado a ligação com o clube da Luz com uma empresa de que foi sócio e presidente do Conselho de Administração, 'a Best for Business', Bernardes comunicou ao Benfica em abril de 2015 que ia deixar a referida empresa por "diferentes visões". Por essa altura, explica ainda José Bernardes, houve uma cedência de posição contratual. E foi então que este arguido criou a 'Dynethic', que deteve o contrato da anterior empresa. Os projetos seguintes passaram para a 'Questão Flexível'.
José Bernardes, proprietário da empresa 'Questão Flexível', prestou declarações em janeiro de 2024 na fase de instrução do processo 'Saco Azul'. "Não conheço pessoalmente Luís Filipe Vieira e Domingos Soares de Oliveira", afirmou na altura, esclarecendo que iniciou a colaboração com o Benfica em 2013, com um sistema de contabilidade e faturação através de uma empresa em que tinha participação.
A primeira sessão do julgamento do processo 'Saco Azul', que decorre no Tribunal Central Criminal, em Lisboa, foi retomada após a pausa para almoço. Estão a ser ouvidas na sala de audiências as declarações prestadas na fase de instrução por José Bernardes, proprietário da empresa 'Questão Flexível', um dos arguidos neste processo. Os restantes são a Benfica SAD e a Benfica Estádio (Rui Costa esteve presente como representante legal do clube e da SAD por ser o presidente), Luís Filipe Vieira, Domingos Soares de Oliveira, antigo presidente e administrador da SAD, respetivamente, além de Miguel Moreira, ex-diretor financeiro do clube encarnado
Luís Filipe Vieira voltou a entrar no tribunal acompanhado pelo advogado Manuel Magalhães e Silva
Rui Costa admitiu em tribunal que nem todos os contratos ligados ao IT (abreviatura do termo Tecnologia da Informação) são discutidos em sede do Conselho de Administração da SAD e que voltaria a assinar o contrato com a empresa 'Questão Flexível'. "Sim. Se fosse a ler todos os contratos que passam pelo Benfica não faria mais nada no clube", afirmou.
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João Medeiros, um dos advogados do Benfica (os outros são Rui Patrício e Paulo Saragoça da Matta), prestou declarações à saída do tribunal. Questionado acerca das justificações dadas ao juiz por Rui Costa, foi direto. “Não vou falar pelas testemunhas, muito menos pelo presidente do clube e portanto as justificações foram as que ele contou ao tribunal. Que os contratos tinham razão de ser, que os contratos foram verdadeiros e não fictícios como é dito e insinuado pelo Ministério Público e que efetivamente as pessoas que fizeram os contratos lhe mereciam confiança. Se Deus quiser, ao longo do julgamento iremos ter a oportunidade de verificar a razão de ser dos contratos e por que é que eles existiam”, afirmou.
Quanto à alegada circulação de dinheiro vivo no clube, João Medeiros remeteu para o depoimento do líder das águias. “Isso foi dito, redito e nesse particular o presidente Rui Costa teve oportunidade de dizer que nessa parte ele saberia porque estava ligado ao futebol e sabe que isso não é uma prática do Benfica e nunca aconteceu”, frisou.
Já sobre o facto de o foco ter sido colocado em Miguel Moreira, o advogado dos encarnados enquadrou os acontecimentos. “Cada pessoa, nas circunstâncias de uma determinada empresa, tem as suas responsabilidades. O dr. Miguel Moreira efetivamente tinha essa responsabilidade e, portanto, aquilo que o presidente fez foi dizer quem é que naquela organização era o responsável por aquele tipo de situações. E aquele tipo de situações, os contratos de ID, era efetivamente à data da esfera do dr. Miguel Moreira. Portanto, aquilo que o presidente disse é verdade", referiu.
A sessão de julgamento foi interrompida pelo juiz para almoço, sendo os trabalhos retomados às 13h45. José Bernardes, da empresa 'Questão Flexível', vai ser então confrontado com as declarações de instrução
A sessão de julgamento vai prosseguir com o testemunho de José Bernardes, da empresa 'Questão Flexível', à qual o Benfica emitiu faturas e, posteriormente, pagou por trabalhos que já estavam sob alçada de outros fornecedores e que nunca foram efetivamente prestados
Rui Costa termina o seu testemunho. "O jogo começa daqui a pouco", disse já sentado. O advogado pediu que o presidente do Benfica fosse dispensado do resto da sessão de julgamento de forma a poder seguir para Barcelos, de forma a assistir ao jogo com o Tirsense da 1.ª mão das meias-finais da Taça de Portugal. O juiz acedeu e Rui Costa está autorizado a deixar a sala de audiências
Enquanto Rui Costa responde ao juiz, Luís Filipe Vieira está sentado na fila da frente a ouvir o testemunho do atual presidente do Benfica
Rui Costa, que marca presença no julgamento como representante legal do clube e da SAD dos encarnados, foi o primeiro a ser ouvido. Questionado pelo juiz se se podia assumir "que relativamente a contratos de alguma dimensão havia debate no conselho de administração", o agora presidente do Benfica respondeu: “Nem sempre, havia confiança nas pessoas. Quando se levantou a questão deste contrato foi-me dada a explicação. Para mim, plausível”, disse.
Perante a insistência do juiz, que perguntou se era legítimo assumir que em relação a contratos de alguma dimensão havia debate no CA, Rui Costa admitiu que "nem sempre". "Havia confiança nas pessoas. Quando se levantou a questão deste contrato foi me dada a explicação. Para mim, plausível”, afirmou Rui Costa, acrescentando: "Bem sei o que tivemos de fazer para vencer, para ganhar jogos… isto não bate a bota com a perdigota."
Arranca esta quarta-feira o julgamento em que o Benfica, através de duas empresas do seu grupo empresarial, e três ex-dirigentes das águias (com Luís Filipe Vieira à cabeça) são acusados de 22 crimes, entre fraude fiscal qualificada e falsificação de documentos. O processo tem ainda mais quatro arguidos, que terão colaborado no ‘saco azul’ do clube encarnado.
Os juízes que vão realizar o julgamento querem ter o processo terminado em dois meses. Segundo um despacho do juiz presidente, Vítor Teixeira de Sousa, prevê-se que as alegações finais de Ministério Público e defesas ocorram a 26 de junho.
Neste processo, está em causa um alegado esquema de pagamentos fictícios a uma empresa de informática externa ao grupo Benfica, a Questãoflexível Lda., num valor que ultrapassa um milhão de euros. Inicialmente, houve suspeitas de corrupção desportiva, já que o árbitro Bruno Paixão chegou a trabalhar para aquela empresa, mas estas nunca foram provadas.
De acordo com a acusação, confirmada em junho do ano passado por um juiz de instrução, o ex-presidente do SLB, Luís Filipe Vieira, será julgado por três crimes de fraude fiscal qualificada e 19 de falsificação de documento, assim como Domingos Soares de Oliveira, antigo administrador, e o ex-diretor financeiro do clube Miguel Moreira, sendo que estes crimes são também imputados em coautoria com a empresa QuestãoFlexível da qual é proprietário o empresário José Bernardes, que vai responder também pelo crime de branqueamento de capitais.Por sua vez, a Benfica SAD está acusada de dois crimes de fraude fiscal qualificada e a Benfica Estádio de um crime de fraude fiscal e 19 de falsificação de documento.
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