A ira dirigida ao ex-benfiquista Nolito na zaragata que manchou o final do jogo, e onde Kelvin deveria ter sido expulso, foi o espelho da frustração de um FC Porto que, mesmo vencendo, não esteve à altura das expectativas. O golo de Jackson, em fora-de-jogo, salvou a festa de apresentação, mas a exibição ficou a um oceano de distância do espetáculo que se viu na Copa Euro-Americana.
Consulte o direto do encontro.
Os dragões entraram com um onze próximo daquele que deve apresentar-se frente ao V. Guimarães, na Supertaça, a 10 de agosto, e nessa fase o controlo da partida foi eficaz. A organização coletiva permitiu reduzir o conjunto de Luís Enrique à mínima expressão da sua teia defensiva, embora causando menos danos do que seria exigível no ataque. O novo técnico dos galegos pretende dar um toque de escola catalã, mas no Dragão, pelo menos antes das substituições mudarem o cenário, transpareceu a influência italiana. A profundidade dos laterais ainda é um trabalho em progresso, mas com Krohn-Dehli, todavia, já houve animação que Nolito reforçou.
Atuando Fucile à esquerda, e manobrando Lucho por entre as águas revoltas de um miolo sobreocupado no 4x2x1x3 que tem feito regra, o FC Porto precisava de pisar no acelerador para provocar desequilíbrios e rasgar espaços. El Comandante fez magia de calcanhar sem adivinhar que Jackson estaria bem à frente da defesa, o golo foi validado, mas a quebra de rotação dos homens de Paulo Fonseca foi tão subconsciente como imediata.
Ressaca
O técnico saberá avaliar os efeitos da eventual ressaca sul-americana, mas para os mais de 45 mil adeptos presentes no anfiteatro azul e branco deve ter sido difícil disfarçar o sabor a pouco. Ainda por cima estando pela frente um oponente que apenas tinha realizado um teste, em Melgaço. A estatística diz que o FC Porto realizou o 6.º ensaio de pré-época com apenas dois golos sofridos, ambos face ao Deportivo Anzoátegui. Todavia, quem penetrar além da superficialidade encontrará uma oportunidade clara dos portistas para além do tento (quando Jackson serviu Lucho aos 31’), e a partir daí um leque de pelo menos quatro ocasiões de elevado perigo... para o Celta. Helton, o poste, Fabiano e a inépcia de David Añon impediram a igualdade que era temida, mas o somatório de erros (Mangala e Otamendi arriscaram-se a ir parar ao YouTube), que fez lembrar os lapsos contra o Marselha, tem de suscitar alguns cuidados a Paulo Fonseca para que as consequências negativas não se façam sentir na pior altura.
Como facilmente se percebe, apenas o Celta foi acutilante após o intervalo. A 2.ª linha portista prolongou a toada tépida e, se o nó já estava complicado de desatar, a veia encarnada de Nolito fez disparar o alarme. O clube que ficou “amigo” após a goleada europeia aos rivais da Luz desta vez foi pouco reverente. O FC Porto terá de recuperar a assertividade na Emirates Cup.