O Moreirense regressou às vitórias após dois desaires no campeonato e a eliminação da Taça de Portugal. No final do encontro com o Arouca, o técnico elogiou o adversário e disse que a diferença esteve na frente de ataque da sua equipa
Que análise faz ao encontro?
“Um jogo muito difícil. Eu tenho de elogiar a equipa do Arouca pela qualidade que consegue colocar no seu jogo, principalmente do ponto de vista ofensivo. Nós queríamos pressionar mais, queríamos condicionar mais a equipa do Arouca, roubar bolas mais à frente e em muitos momentos não conseguimos, fruto da qualidade que eles demonstraram. Mas lá está, o jogo também não é só esse momento e penso que somando todos os momentos nós fomos bastante melhores que o nosso adversário, porque das vezes em que fomos obrigados a baixar um bocadinho mais e a defender mais próximo da nossa baliza demonstrámos muita competência a fazê-lo. Não permitimos que o Arouca fosse por dentro, que é uma coisa que gosta de fazer, canalizámos sempre muito o jogo deles para os corredores: muita situação de cruzamento que nós controlámos quase todas bem, houve algumas que tiveram ali oportunidades próximas da nossa baliza, mas mais mérito da equipa do Arouca do que propriamente demérito da nossa parte. Do ponto de vista ofensivo é que eu acho que fizemos toda a diferença. Sabíamos claramente que o Arouca deixava muito espaço livre no lado contrário, concentrava muita gente a pressionar o lado da bola e tínhamos uma estratégia muito bem definida de ir buscar o lado contrário e penso que aí fomos muito competentes. Tivemos muitas situações perigosas, podíamos ter decidido melhor em algumas outras e eu acho que aí podíamos ter feito um bocadinho mais. Fica obviamente uma satisfação muito grande, principalmente pelos jogadores, têm trabalhado muito, temos muita malta que vai estando de fora e a nossa gestão tem tentado que seja o mais coerente possível porque efetivamente temos um plantel muito homogéneo, com muita qualidade. Jogue quem jogar, eles têm dado resposta, quem vem de fora normalmente acrescenta muito e, portanto, estamos muito contentes com este regresso às vitórias, mas sabemos que, como sempre, são só três pontos e agora é descansar e preparar o próximo jogo.”
O Schettine regressou à titularidade e bisou…
“O Schettine está num momento fortíssimo, está muito confiante, está muito ligado, mas tem de continuar a dar ao chinelo porque tem dois meninos cheios de fome de aparecerem na equipa e portanto fico satisfeito, mas fico satisfeito com todos porque para a bola chegar lá as coisas têm de funcionar desde trás e acho que no global ele tem sido a expressão daquilo que também é o que os outros conseguem produzir.”
Que desafios táticos é que o Arouca colocou?
“O Arouca tem muita versatilidade na construção, muitas vezes constrói um quadrado, dois centrais, dois médios, dois laterais baixos... os médios dobram muito com o David a dar muita versatilidade. Podem encaixar no meio dos centrais, podem encaixar por fora. Quando encaixa um dos médios, o lateral projeta ao extremo, vai para dentro e portanto obriga a muita concentração da nossa parte, nós partimos de uma base de 4-4-2… É preciso os nossos extremos terem coragem para continuar altos, para conseguir pressionar a construção vendo o lateral a fugir por fora e portanto a estratégia passava por criar desconforto e criado o desconforto nós sabíamos que a equipa do Arouca tem muita qualidade com bola e se nós não tivéssemos capacidade de pressão íamos ser muito empurrados para trás. Não conseguimos tantas vezes como queríamos, mas lá está. As que pressionámos, pressionámos bem, forçámos alguns erros e fomos perigosos na transição ofensiva. As que tivemos de baixar, acho que acabámos por ser competentes e também não foi por estarmos mais baixos que perdemos qualidade na nossa transição ofensiva. Portanto, do ponto de vista defensivo, tínhamos claramente muitas preocupações para parar este Arouca. Do ponto de vista ofensivo, é um bocadinho aquilo que eu já expliquei, o Arouca concentra muita gente no lado da bola, queríamos por no lado contrário e fizemos isso com muito sucesso e conseguimos também ser muito perigosos por aí.”
Como vê a evolução do Landerson?
“Eu acho que chegar ao Moreirense foi a primeira vez que o Landerson estava a fazer jogos com homens, com seniores. É um menino em quem nós temos muita esperança, mas o projeto do Moreirense hoje em dia também é este. Dá espaço a jovens para crescer. E é como eu disse, eles têm dado essa resposta, têm todos crescido bastante. O facto de termos no plantel também jogadores com alguma experiência deste contexto também faz com que esta integração desses mesmos jovens seja mais fácil. Ele está a fazer o caminho dele. É muito importante percebermos que não é por ter tido uma grande exibição que se calhar não vai passar dois, três jogos ou quatro em que não se vai encontrar, porque efetivamente isto é tudo uma novidade muito grande para ele. Mas eu acho que nós também, esta equipa técnica, têm experiência com este perfil do jogador. O clube preparou-se muito bem para esta nova página no projeto Moreirense. A estrutura está toda montada, desde o CEO até ao treinador e todos os departamentos de apoio para ajudar estes jovens a crescer. Ele está no caminho dele como estão outros e nós estamos muito satisfeitos.”
Por Filipe Silva