Após quase um quarto de século a jogar ao mais alto nível, craque português torna-se quarentão sem dar sinais de querer abrandar
Se não faltam futebolistas que estenderam as suas carreiras para além dos 40 anos a alto nível – Paolo Maldini, Gianluigi Buffon, Zlatan Ibrahimovic ou o incontornável Pepe são alguns dos exemplos recentes –, mais difícil é encontrar craques do calibre de Cristiano Ronaldo a fazê-lo. E o capitão da Seleção Nacional festeja hoje o 40º aniversário sem dar sinais de querer abrandar o ritmo.
Em grande forma no Al Nassr – marcou seis golos nos últimos quatro jogos pelo clube saudita e já leva 23 remates certeiros em 25 partidas esta temporada –, tem mostrado também serviço na turma das quinas, pela qual fez mais sete golos em 2024, sendo que os primeiros encontros de 2025 serão já em março, frente à Dinamarca, nos quartos de final da Liga das Nações – onde se espera que CR7 tenha, mais uma vez, um papel fundamental.
Entre os jogadores que conquistaram a Bola de Ouro (e Ronaldo ganhou cinco...), são muito poucos aqueles que se retiraram já quarentões: ao inglês Stanley Matthews, que venceu a primeira edição quando já tinha 41 anos e apenas se reformou aos... 50 (!), juntam-se apenas o guardião soviético Lev Yashin (acabou com 41) e o hispano-argentino Alfredo Di Stéfano, que terminou aos 40. De resto, craques como Eusébio, Cruyff, Platini, Beckenbauer, Figo, Zidane, Ronaldinho ou o Ronaldo Fenómeno – aos quais podemos juntar os míticos Pelé e Maradona, que não ganharam o troféu – já tinham arrumado as chuteiras com idade de Cristiano. Luka Modric (39) e Lionel Messi (37), ainda no ativo, podem ainda continuar até 40, mas também parece certo que o português não vai parar por aqui.
Mundial à vista
Com o vínculo ao Al Nassr a terminar esta época, Ronaldo prepara-se para prolongar o contrato com os sauditas até junho de 2026. O acordo vai permitir-lhe engordar a conta bancária - deverá receber mais 183 M€ só pelo ano extra –, além de poder ficar com 5% do emblema de Riade. Mas, assim, poderá também perseguir o objetivo de levar o clube à conquista de um grande título e continuar a somar golos rumo aos 1.000 [ver peça ao lado]. Jogar até 2026 significa também que deverá estar no próximo Mundial (o 6º da carreira), a realizar nesse ano nos EUA, Canadá e México. E se esse até pode ser visto como uma forma de fechar uma carreira ímpar com chave de ouro, resta saber se CR7 não pensa mais além.Depois, o próprio já assumiu que está a preparar-se para o futuro pós-jogador: tornar-se treinador ou diretor desportivo está fora de questão, mas continuará envolvido no futebol, pois quer ser dono de um clube.
Este ano vão cumprir-se 25 anos da estreia de Cristiano Ronaldo como profissional. Um quarto de século em que passou de uma jovem promessa a um dos melhores da história. Em que passou de um virtuoso extremo, de finta fácil, a uma máquina de fazer de golos. Sobretudo, em que foi capaz de fintar o passar dos anos, mantendo a fome de vitórias e títulos, sempre como protagonista por todas as equipas por onde passou. Agora, aos 40 anos, nada mudou.
Começou 2025 a fazer o que melhor sabe. Logo a 9 de janeiro, tornou-se o primeiro a marcar pelo menos um golo em 24 anos seguidos. O primeiro foi em outubro de 2002, ao Moreirense. Desde então, não voltou a olhar para trás e continua a bater recordes a cada ano. Se a barreira dos 30 anos é um fardo psicológico para muitos futebolistas, para Cristiano foi uma injeção de nova confiança. Foi precisamente aos 30 que conseguiu a melhor época da carreira, 61 golos pelo Real Madrid, em 2014/15. Daí em diante, manteve o pé no acelerador. Na última década conquistou três vezes a Liga dos Campeões e outras tantas o Mundial de Clubes, foi bicampeão italiano e, claro, ganhou o Europeu e a Liga das Nações com a Seleção Nacional. Também venceu duas (2016 e 2017) das suas cinco Bolas de Ouro. E no que toca aos golos? Também não pararam! Desde que fez 30 anos já marcou 487 golos. Mais do que nomes como Thierry Henry, Didier Drogba, Wayne Rooney, Van Nislterooy ou Van Persie conseguiram... em toda a carreira. Na Seleção fez 83 dos seus 135 golos, depois de celebrar os 30 anos.
A marca Cristiano Ronaldo está avaliada em 850 milhões de euros, de acordo com um estudo do IPAM - Instituto Português de Administração de Marketing. Trata-se de um aumento de 325% em cinco anos, fazendo do craque o desportista mais valioso do mundo. Mas como se explica um aumento tão grande?
"Apesar de ter ido para um campeonato periférico, o salário dele cresceu mais de 300%", começa por explicar Daniel Sá, diretor-executivo do IPAM. "Cresceu mais de 400% em patrocínios e aumentou em quase 300% os seguidores nas redes sociais. O número de jogos e golos também aumentou", acrescenta.
Em 2011, a marca CR7 valia 24,5 M€, mas a performance desportiva e o aumento exponencial da visibilidade extra-desportiva fizeram crescer o império para perto dos mil milhões de euros.
E o futuro?
A celebrar 40 anos, continuará este valor a crescer após o final da carreira? "Vai continuar a crescer e numa proporção ainda maior", considera Daniel Sá. "Ronaldo tem hoje várias facetas. Há o atleta que conhecemos há 20 anos e com uma enorme visibilidade. Depois, há o Ronaldo patrocinado por várias marcas globais. Dá visibilidade e receitas. Há ainda o Ronaldo influenciador com mais de mil milhões de seguidores nas redes sociais. E nos últimos anos surgiu a faceta de investidor com novas parcerias com a comunicação social [é acionista da Medialivre] ou a Vista Alegre. Quando terminar a carreira, fica com mais tempo para as outras facetas e vai continuar a crescer a sua marca."
A marca dos mil golos em jogos oficiais assusta qualquer avançado, mas para Cristiano Ronaldo é uma meta bem real. Aos 40 anos, soma 923 e promete continuar em busca dos quatro dígitos. "Quero chegar a essa marca. Que idade terei nessa altura? Talvez 41, não sei, mas desde que não tenha lesões quero chegar lá. É a melhor marca que posso ter neste momento", assumiu num vídeo publicado no seu canal de Youtube em agosto do ano passado, deixando ainda uma garantia: " Serão 1.000 golos, com a diferença de que existirão vídeos de todos os 1.000 golos que eu marcar para que eu possa provar que marquei. Se quiserem também mais, também posso trazer alguns que fiz nos treinos", atirou o craque que continua a brilhar no Al Nassr.
Pode não ser fácil, mas Cristiano Ronaldo segue a bom ritmo. Em 2024, fechou o ano civil com 43 golos , entre clube e Seleção, superado apenas por Harry Kane (46), Haaland (49) e Gyökeres (62). Se mantiver a média, conseguirá atingir os 1.000 golos... em 2026! E CR7 parece não ter intenções de abrandar. Assim o provam os números astronómicos que registou desde que chegou ao Al Nassr há pouco mais de dois anos: 87 golos em 95 jogos.
É o prémio com o qual sempre sonhei quando era miúdo e sinto-me muito orgulhoso e feliz
Assobiam-me porque sou rico, bonito e um grande jogador. Têm inveja de mim. Não há outra explicação
Sempre me fixei nos jogadores que tinham melhor rendimento e, ao observá-los, compreendi uma coisa: o que marca a diferença entre os bons jogadores e as estrelas é o trabalho
Não quero ser só o melhor jogador de Portugal, quero ser o melhor jogador de sempre
Não preciso dizer: estou na história do futebol, sou uma lenda. Os números dizem tudo
Não sou nenhum vidente, mas sigo os meus feelings e senti que o Éder ia marcar o golo da vitória
Sou o melhor jogador da história. Respeito as preferências de todas as pessoas, mas não vejo ninguém melhor do que eu
Era impensável. Foi um caminho longo, mas aproveito para dizer que ele ainda não terminou, ainda vão levar um bocadinho mais com o Cris
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