A decisão de Diego Costa em optar por defender as cores da seleção espanhola está a provocar alguma polémica entre responsáveis das federações de Espanha e do Brasil, mas acaba por ser uma decisão que colocará o avançado brasileiro num vasto lote de quase 40 jogadores que ao longo de quase um século representaram “La Roja” apesar de não terem nascido espanhóis.
Segundo contas da própria federação espanhola, Diego Costa será precisamente o 40.º jogador naturalizado a vestir a camisola de Espanha, contando aqueles nascidos em países estrangeiros ou em antigas colónias ou territórios ultramarinos espanhóis.
Quando há dias Luiz Felipe Scolari criticava a FIFA por “estar de volta à decada de 1940 ou 1950”, estava precisamente a referir-se a um tempo em que a utilização de jogadores por diferentes seleções nacionais foi algo comum e não violador de qualquer regulamento internacional. E a seleção de Espanha bem se aproveitou disso, como homens como Puskas, Kubala ou José Emilio Santamaria.
Um filipino e Portugal
Tudo começou há quase 100 anos, em 1917, quando Paulino Alcántara jogou pela seleção das Filipinas frente ao Japão nos Jogos do Extremo Oriente. Mais tarde, depois de ter vindo jogar para o Barcelona (ainda hoje é o mais jovem de sempre a estrear-se no clube, com 15 anos), o filipino acabou por disputar cinco partidas pela seleção de Espanha.
Paulino Alcántara está, curiosamente, ligado ao futebol português já que participou no primeiro jogo da Seleção Nacional, a 18 de dezembro de 1921, em Madrid, que Espanha ganhou por 3-1. E o seu último jogo foi precisamente frente a Portugal, a 16 de dezembro de 1923.
Na década de 1950, José Emilio Santamaria, uruguaio de Montevideo, filho de pais galegos, foi internacional pelo Uruguai entre 1952 e 1957, tendo disputado 20 jogos, e mais tarde, defendeu a camisola de Espanha entre 1958 e 1962, totalizando 16 encontros.
Por essa altura, Ladislao Kubala conseguiu a proeza de representar três seleções diferentes; a sua Hungria natal, a Checoslováquia, para onde fugira numa primeira instância, e depois a Espanha, onde se radicou muitos anos. O seu compatriota Ferenc Puskas também jogou pela Hungria e depois por Espanha.
Ainda na década de 1950, Heriberto Herrara foi eleito o melhor jogador da Copa América de 1953 quando representava o Paraguai, acabando por jogar por Espanha um jogo, em 1957, frente à Suíça.
Mais recentemente, o dinamarquês Thomas Christiansen, nascido em Copenhaga, filho de pai dinamarquês e mãe madrilena, jogou nas camadas jovens da Dinamarca antes de defender a seleção principal de Espanha por dois jogos em 1993.
No vasto lote de jogadores naturalizados, os nascidos na Argentina e no Brasil surgem em grande número: 13 argentinos e 3 brasileiros. Di Stéfano, Pizzi e Pernía são os mais famosos dos primeiros, enquanto Senna, Catanha e Donato foram os antecedentes de Diego Costa.
Os jogadores mais importantes entre os 39 naturalizados foram:
Alfredo Di Stéfano 31 jogos/23 golos
Marcos Senna 28/1
José António Pizzi 22/8
Ladislao Kubala 19/11
José Eulogio Gárate 18/5