Dois anos depois de Albufeira, o Mundial de kickboxing da WAKO aterra na próxima semana em Abu Dhabi, para uma edição de 2025 na qual Portugal se apresentará com 21 atletas e com ambição clara de fazer boa figura. Isto num ano que deu a Portugal já um grande sucesso internacional na modalidade com o ouro de Catarina Dias nos World Games.
Presente no Mundial da próxima semana, a atleta transmontana é uma das candidatas, mas para João Diogo, presidente interino da FNKDA, há também outros nomes a ter em conta, que dão "esperanças legítimas de ter resultados".
"Tivemos os World Games no verão, que foram muito importantes para nós, porque nos deram também uma noção de que temos aqui 3 - pelo menos aqueles 3 atletas que foram apurados para os World Games -, que provaram que fazem parte da alta roda do kickboxing. Qualquer um dos três pode a qualquer momento conseguir uma medalha de ouro. A medalha não lhes é exigida, porque não se pode exigir nada a ninguém no desporto, mas qualquer um deles tem sempre uma grande hipótese de trazer uma medalha", assumiu o presidente interino da FNKDA.
Como líder federativo, João Diogo tem comunicado com treinadores e atletas, que lhes têm passado uma sensação clara. "Sinto que estão motivados. Mas nesta altura é normal. Estão todos 100% motivados e esperançados em conseguir um bom resultado. Estão também muito ansiosos. O facto das inscrições estarem todas online, todo o sistema é transparente e permite-lhes ver os adversários que vão ter, de onde é que eles são, quantos é que têm... Não sabem o sorteio ainda, pois será feito apenas após as pesagens, mas já dá para eles terem ali um nervosinho inicial. O que é muito bom, é bastante favorável para eles, porque já os prepara emocionalmente para aquilo que vai acontecer lá na prova."
Aos nomes consagrados e já medalhados em competições internacionais - como a referida Catarina Dias ou Sofia Oliveira - juntam-se ainda alguns nomes estreantes, a quem o líder da FNKDA aproveita para deixar alguns conselhos. "Sabemos que a dificuldade na primeira vez é sempre muito superior, porque por muito que eles vejam os combates no YouTube e na TV, por muito que contem uns aos outros o nível que está ali, só quando lá chegam é que se apercebem de facto do enorme nível técnico que existe ali naqueles campeonatos. Eles sabem que a hipótese de uma medalha é muito baixa, é muito difícil conseguir uma medalha numa prova destas, muito difícil. Dir-lhes-ia para irem com a alma toda. Acho que é muito importante. Nós, treinadores, costumamos dizer que o medo de apanhar não pode ser superior à vontade de vencer. E acho que há vezes, sem querer, por medo, que isso acontece. Por isso, o que eu lhes diria é só para irem com a fé toda, com a alma toda, para não saírem de lá arrependidos de não terem dado tudo. Acho que é o maior perigo no nosso desporto: o arrependimento de não ter dado tudo. Com o receio de apanhar, não é? Porque não tem como. Então o que eu diria a um atleta que vai pela primeira vez a este campeonato é que vá com tudo, com a alma toda, com tudo o que tem para não se arrepender nunca de não ter dado tudo o que tinha para dar."
Em conversa com o nosso jornal, João Diogo abordou ainda a ausência de dois nomes habituais nestas lides, que curiosamente são seus atletas na KO Team, mas que não estarão em Abu Dhabi. Ainda que por razões distintas. Bassó Pires por não se adaptar tão bem a este tipo de jogo e preferir focar-se noutros objetivos, mas principalmente Iuri Fernandes, medalha de bronze nos Europeus de Atenas do ano passado e um dos 3 que esteve este ano nos World Games. Ora, a ausência deste último deve-se precisamente ao sucesso e evolução que teve, que o levaram ao Glory, a principal organização do kickboxing profissional.
"Estes Mundiais é que lhes permitem chegar ali onde eles estão. Acho que são poucos os atletas que não passam por este tipo de campeonatos e depois chegam ao topo, E é só pegar, por exemplo, onde o Iuri está, há lá pelo menos dois nomes que nós víamos com frequência no WAKO. Por isso, é mais ou menos normal fazer parte da evolução e do crescimento dos atletas a partir das caminhadas internacionais da WAKO. Porque é tal Champions League dos amadores, é o nível mais alto do mundo a nível amador. Não é praticado por atletas amadores, mas sim por atletas profissionais, mas que ali estão a lutar em regras de amadores", explicou João Diogo, que terá em Abu Dhabi um nome como Ricardo Hilário, que carinhosamente apelida de seu "pequenino", como "grande esperança" dos atletas por si orientados.
A comitiva portuguesa viaja já amanhã para Abu Dhabi, onde a partir de segunda-feira (e até sábado) lutará contra os melhores do mundo no kickboxing da WAKO. Há dois anos, em Albufeira, Portugal conquistou 6 medalhas, um registo que procurará repetir ou melhorar nos Emirados Árabes Unidos.