Sandro Baessa conquistou esta sexta-feira a medalha de prata na prova dos 1.500 metros T20 (deficiência intelectual) dos Jogos Paralímpicos de Paris'2024, aumentando para cinco o número de pódios nacionais em França. No final, revelou que antes de brilhar no atletismo praticou outros desportos.
RECORD: Como é que foi esta prova?
Sandro Baessa: Foi uma prova difícil em que eles já estavam a fugir logo de início. Só que eu tentei estar o mais próximo possível do grupo da frente porque eu sei que tenho uma boa ponta final. Tentei manter-me o máximo possível no grupo da frente e foi aí que vi que ainda conseguia dar mais e conseguir ser vice-campeão paralímpico.
RECORD: Foi uma estratégia não seguir o ritmo dos três primeiros?
Sandro Baessa: Não tenho tanta resistência como eles e por isso tenho que tentar o máximo estar atrás deles, que eu sei que tenho uma boa ponta final para conseguir recuperar alguns lugares, é a minha característica.
RECORD: Sempre acreditou naquela última reta que era possível?
Sandro Baessa: Sempre acreditei. Antes disso, eu já me estava a imaginar ir ao pódio. Sempre a pensar positivo. Felizmente consegui e estou muito contente. Agradecer àqueles que me apoiaram, ao meu treinador, e a toda a gente que me apoiou.
RECORD: Quando passa a linha e vê que é o segundo. Qual é que foi o sentimento?
Sandro Baessa: Eu fiquei tão alegre que quando terminei, passado algum tempo, fui abraçar o Lenine e comecei a chorar. Normalmente eu não choro. Eu não sou assim tão sentimental, mas eu não aguentei, tive que chorar. Foi muito bom ter conseguido ser vice-campeão paralímpico. Magnífico. Extraordinário. Estou mesmo feliz.
RECORD: Após a cerimónia de entrega das medalhas, já consegue acreditar?
Sandro Baessa: Já consigo acreditar. Já estava há muito tempo à espera desta medalha e estou muito contente.
RECORD:Já conseguiu analisar a prova?
Sandro Baessa: Foi incrível. Eu ainda estou a sentir a prova, aquela reta final, e estou muito contente por conquistar esta medalha. É uma sensação inexplicável.
RECORD:Como é ser atleta paralímpico em Portugal?
Sandro Baessa: Não é fácil. Às vezes não temos todos os apoios possíveis. Às vezes era bom que tivesse mais patrocínios e que me apoiassem mais. Mas não é tudo tão mau. Tinha algumas condições, consegui estagiar em altitude o que é bom. Tenho que agradecer à Federação, ao comité, pelo apoio que me deram e vou continuar a trabalhar.
RECORD: Como é o dia a dia do Sandro?
Sandro Baessa: Não é mau. Tento descansar ao máximo, treinar ao máximo e alimentar-me bem ao máximo. É assim o meu dia a dia.
RECORD: Como surgiu a paixão pelo atletismo?
Sandro Baessa: Eu sempre gostei de correr. Eu comecei pelo futebol. Já no futebol corria que nem um cavalo, entre aspas. Eu gosto imenso de correr. Sinto-me bem e é uma coisa que eu quero levar para toda a minha vida.
RECORD: Quando surgiu a oportunidade de representar a seleção portuguesa nas provas internacionais, o que é que isso representou para si?
Sandro Baessa: Fiquei muito feliz de poder representar Portugal e ir várias vezes ao pódio mundial e europeu. Quero sentir mais este ambiente, mas tenho que continuar a trabalhar para conquistar mais estes objetivos e agradecer a toda a gente que me apoiou.
RECORD: E agora é apontar já as baterias para 2028?
Sandro Baessa: Ainda é muito cedo para pensar nisso. Por agora vou descansar uma ou duas semanas, e depois ainda temos muitos campeonatos pela frente antes de Los Angeles. Mas para Los Angeles, vou trabalhar para conseguir outro pódio.
RECORD: Qual seria a mensagem para os portugueses?
Sandro Baessa: Quero agradecer muito, mas mesmo muito, a quem me apoiar. Esta medalha não é só para mim, também é para eles. Quero agradecer muito, mas muito mesmo, do fundo do meu coração, aos portugueses que me apoiaram.