Vivemos numa era fantástica. Especialmente nós, corredores, que gostamos de estar sempre a par das novidades e ter connosco os melhores modelos disponíveis. Mas também é uma era complexa, especialmente pela dificuldade em encontrar os modelos certos e, também, opiniões certas (ou verdadeiras) sobre aquilo que as marcas colocam no mercado. Porque muitas delas optam por investir no marketing de forma agressiva, optando por entregar tudo aos influencers, que dizem o que as marcas querem, ao invés de apostarem na crítica e opinião sincera. Será, se calhar, uma opção que demonstra menor confiança naquilo que produzem, talvez...
Este preâmbulo em jeito de desabafo leva-nos ao centro deste texto, a review às adidas Adizero Evo SL. E dissemos tudo aquilo antes porque este foi, muito provavelmente, o modelo que maior 'hype' teve nos últimos tempos. Lançado no final do ano passado - sim, só agora nos chegou... -, o Evo SL foi rapidamente apelidado de modelo sensação do ano e, claro, isso deixou as expectativas bem lá no topo. Mas também sabemos que não podemos (de todo!) levar como verdade absoluta tudo o que se lê por aí. Por isso, foi com um misto de dúvida e entusiasmo que avançámos para este teste às Evo SL.
Um modelo que se destaca de muitas formas, a começar pelo aspeto visual. Tanto pelo design agressivo original, mas também pelo esquema de cores que nos chegou, que rapidamente nos encantou e recolhou elogios de todas as partes. Passado esse primeiro impacto visual, tudo o que se seguiu veio na mesma linha. Confortáveis ao calçar, tendo apenas como ponto menos bom os cordões, que nos parecem merecer uma atenção especial para uma segunda versão. Depois, em corrida, é onde a magia acontece.
Testámos pela primeira vez num treino (semi)longo de 15 quilómetros. A leveza destacou-se para imprimir um ritmo forte, que conseguimos obter pela espuma de elevado desempenho Lightstrike Pro - sim, a mesma dos modelos de topo da marca -, mas não nos tirou qualquer sensação de amortecimento ou conforto. Aí, mesmo com reservas quanto à distância máxima, as Evo SL revelaram-se muito boas.
O segundo teste foi um pouco mais arriscado: um treino de séries (10x300). Aí terá sido talvez o momento que nos fez soltar o primeiro bem claro "wow". As Evo SL não têm placa, mas o retorno que obtemos da espuma quase nos faz acreditar que sim. Rodámos a ritmos similares aos que faríamos com umas Adizero Adios Pro 3 e isso diz bem da capacidade de resposta que temos. O único ponto a descontar é mesmo a estabilidade, que não é a mesma das antiguinhas Pro 3.
Para fechar o trio de testes, para experimentar em todas as condições, tínhamos de colocar à prova também o rótulo de daily trainer versátil. Sim, já sabíamos que rendiam bem em longos a bom ritmo, em séries a ritmos altos, mas que comportamento teriam para um treino de recuperação? A resposta surgiu poucos dias depois de uma maratona, com as pernas pesadas e a precisar de algo confortável e protegido para meter quilómetros. Foram 40 minutos apenas, mas a resposta foi na linha dos outros dois momentos de teste. Amortecidas e confortáveis, mas demasiado fáceis de correr mais rápido do que devíamos. É, a espuma Lightstrike Pro faz dessas coisas...
Feitos esses três testes, a opinião estava fundamentada pelas sensações de corrida que tivemos, mas há ainda alguns pontos a realçar. Um dos mais importantes nesta altura do ano é a forma como a adidas produziu este upper, conseguindo que seja confortável e ao mesmo tempo bastante respirável. Outro dado a ter em atenção é o facto da sola conter borracha Continental, uma adição incrível para um modelo nesta franja de preços e que promete desde logo durabilidade e uma tração de elevadíssima nota.
Contudo, também temos de dizer que não são um modelo perfeito. Mas têm muito poucas coisas a melhorar. Os cordões, como dissemos acima, merecem um pouco de atenção futura, tal como o upper, que nos pareceu menos resistente do que gostaríamos.
Por este preço, atendendo ao que entrega, é provavelmente o modelo com melhor relação preço/qualidade do mercado.