Uma semana depois de termos estado em Atenas, para correr uma das maratonas que mais nos encheu as medidas em 2024, voltámos àquele lado da Europa para ter uma experiência totalmente distinta. Em Larnaca, no Chipre, corremos a oitava maratona desde ano civil e até íamos com alguma expectativa, especialmente por se tratar de uma zona conhecida pelas suas paisagens bonitas, pela rica história e até pelo bom clima, mas acabámos por sair um pouco defraudados.
Para uma maratona que se diz internacional, que quer ser internacional, que está numa zona da Europa com tanto potencial turístico, especialmente nesta altura, a falta de ambição, de maior cuidado com o atleta estrangeiro, quase a sensação de estarmos numa prova pequena que quer ser pequena, deixou muito a desejar.
Essa experiência de prova pequena começou logo na forma como a organização preparou o espaço de levantamento dos kits. Uma pequena sala, num espaço cultural, que tinha dimensões para albergar pouco mais de 50 pessoas em simultâneo, em que tínhamos os balcões de levantamento dos kits de participação divididos por provas e... nada mais. E por falar no kit: um dorsal, quatro alfinetes e ainda um gel. E já está. Foi rápido, é certo, mas não foi propriamente a melhor experiência.
E, com tudo isso, rapidamente chegou o dia da prova. O dia amanheceu chuvoso. Muito chuvoso. Quando acordámos, estava um enorme temporal lá fora, até com trovoada em fundo. Com o aproximar da hora da prova, felizmente, a chuva foi passando e começámos apenas com algumas pingas. Numa prova que tanto nos desiludiu, também temos de apontar algumas coisas boas, como o ponto de partida, localizado na avenida principal da cidade, a Athinon Avenue. Junto da praia principal da cidade, estava num cenário incrivelmente bonito.
Só que depois disso, os motivos de interesse do percurso meio que desapareceram. Começámos e seguimos para fora da cidade, fazendo cerca de 7 quilómetros antes de voltarmos para o centro, fazermos um pequeno desvio extra e passarmos novamente no ponto de partida. Quando lá chegámos, temos 14 quilómetros feitos. Voltamos a fazer a primeira volta - exatamente igual -, mas com a diferença de que, aos chegarmos aos 28 seguimos, em frente e vamos rumo... ao meio do nada, contornando e fazendo quilómetros sem sentido ao lado do Lago salgado de Lárnaca. É capaz de ser o único ponto agradável deste momento, porque a paisagem é bem interessante. Fazemos umas voltinhas por ali e, aos 36, tomámos finalmente sentido rumo à zona de meta. Com o passar do relato do percurso já nos esquecíamos, mas um pouco depois dos 30 quilómetros a tal tempestade voltou em força. Chuva forte, vento... Mesmo o ideal para acompanhar o final da maratona. Mas, vá, aqui não podemos culpar a organização. Não somos assim tão mauzinhos!
Ao chegarem aqui podem pensar que esta opinião algo negativa se deveu à nossa experiência de prova, de termos ou não atingido objetivos pessoais, mas nem foi o caso. Antes pelo contrário. Em Larnaca, também por ser uma prova muitíssimo plana, fizemos uma das maratonas mais consistentes dos últimos tempos. O plano traçado apontava para 12 quilómetros em ritmos de aquecimento, seguidos de 30 cerca de 5 a 10 segundos mais lento do que o ritmo para uma maratona de sub-3 horas (4'25/km, no caso). Só que estávamos tão bem que, depois de fazer 26 a 4'22/km, sentimos as pernas frescas para baixar até a um ritmo de 4'10/km e assim terminámos.
E foi dessa forma que voltámos a linha de partida, que como dissemos era também o ponto de meta. A esta hora, pelas 11 e qualquer coisa, já havia mais alguma gente na rua e não chovia, mas mesmo assim um pouquinho pobre em termos de animação. A esta altura, refira-se, já na estrada estava a meia maratona, o que levava a uma maior concentração de corredores em certos momentos. Ainda assim, como o pelotão nem era muito grande, não tivemos qualquer problema.
Em suma, entendemos que Larnaca até tem potencial para ser uma boa prova, fazendo da melhor forma uso do potencial turístico de toda a região. Mas a organização tem de pensar de outra forma e saber jogar com outras armas. Talvez por isso a participação estrangeira tenha sido algo reduzida e, os que iam, eram dos países diretamente ali ao lado.
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Por Fábio Lima