SIC suspende Jorge Schnitzer de todas as funções no canal

O RESPONSÁVEL editorial do extinto Os Donos da Bola, Jorge Schnitzer, foi suspenso sexta-feira pelo director de Informação e Programas da SIC, Emídio Rangel, e será sujeito nos próximos dias a um processo disciplinar que pode ter como epílogo o despedimento. A decisão foi tomada na sequência da entrevista publicada na edição de sexta-feira do jornal "Semanário".

Ao longo de duas páginas, Schnitzer atribui a Rangel a autoria da "versão final" das reportagens mais polémicas exibidas durante os quase seis anos em que a emissão esteve no ar. A peça sobre as relações entre um grupo de prostitutas e os jogadores da selecção nacional, o caso-Paula, é apenas uma delas, mas seguramente a que mais repercussões teve junto dos espectadores pelo seu evidente conteúdo sexual.

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O director de Informação da SIC esteve incontactável durante todo o dia para comentar a suspensão de Jorge Schnitzer bem como as acusações que lhe foram dirigidas. Sabe-se apenas que Emídio Rangel considera "muito grave" o teor da entrevista. Ou seja, o seu ex-colaborador directo, que teve carta branca até ao final de Os Donos da Bola (12 de Março), entrou numa rota de colisão de onde já não deverá conseguir sair.

Para formalizar a ruptura, Emídio Rangel assinou e enviou ontem de manhã um memorando de três pontos ao presidente do Conselho de Administração do canal, Francisco Pinto Balsemão, bem como aos três subdirectores de informação e ainda ao visado. Na primeira alínea estabelece-se que Jorge Schnitzer "deixa de exercer as funções de chefe do Departamento de Programas e Transmissões de Desporto". E na segunda fundamenta-se a decisão referindo "as declarações feitas à Imprensa".

O memorando não adianta quais as afirmações consideradas graves. No entanto, a amplitude dos ataques e insinuações é tão grande que nem o antigo painel de comentadores residentes -- Eduardo Barroso, António Tavares Teles e Leonor Pinhão -- escapa ao fogo cerrado.

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Na entrevista ao "Semanário", o antigo responsável dos Donos da Bola acusa o painel de ofender e humilhar os jornalistas que trabalhavam na emissão. E chega mesmo a questionar (sem referir nomes) a respeitabilidade da classe médica. "(....) Desejo que nenhuma pessoa da minha família tenha de ser operada por um cirurgião bêbado (...)."

O médico Eduardo Barroso responde: "Fui avisado da qualidade desse senhor. Só lamento este passo [participar na emissão] que dei na minha vida. Esse senhor é um caso clínico. E como todos estes casos terá de ser resolvido em tribunal." António Tavares Teles também se pronunciou a nosso pedido. "De mim, ele não disse nada. Quando o disser, terá a resposta devida. Quanto ao processo de despedimento da SIC, só peca por tardio."

Ao longo do dia de sexta-feira, Jorge Schnitzer esteve incontactável e não foi visto na redacção da SIC, já que a suspensão teve efeitos imediatos. A coordenação do jogo Milan-Benfica, exibido ao início da noite, já foi desviada para outro jornalista.

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Com a extinção repentina de Os Donos da Bola em 12 de Março, a coordenação das transmissões televisivas em directo do futebol eram o único poder que Schnitzer ainda mantinha. A edição da informação desportiva já lhe tinha sido retirada, e é actualmente coordenada por José Fragoso -- o mesmo jornalista que prepara o enterro definitivo de Os Donos da Bola com o lançamento, na próxima sexta-feira, do Jogo Limpo. Esta emissão terá a participação do grupo de jornalistas que entretanto se tinha incompatibilizado com Jorge Schnitzer, entre os quais: Nuno Santos, Jorge Perestrello, Bento Marques e Daniel Cruzeiro.

ANDRÉ MACEDO

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