Coincidentemente, um dos delegados da Liga presente no Estádio do Dragão no último FC Porto-Marítimo integrou também a equipa de delegados destacada no dia 9 de janeiro de 2013 para um FC Porto-V. Setúbal igualmente a contar para a Taça da Liga e decisivo. Foi ele Fernando Araújo, um dos mais experientes delegados da Liga. Ora, os adeptos do futebol ainda estão bem lembrados da polémica que gerou essa decisão entre dragões e sadinos, com estes a contestarem a inclusão de três jogadores portistas e o caso a justificar a validação da Comissão de Instrução e Inquéritos da Liga, que apontava para a desclassificação do FC Porto.
Porém, tanto o Conselho de Disciplina como o Conselho de Justiça da FPF não encontraram qualquer razão para tirar o FC Porto – que até disputou a final da competição – da prova, sustentando o CJ a sua decisão em vários pareceres, com o jogo em apreço a não ser considerado uma partida entre equipas principais...
Quanto ainda ao delegado repetente, na altura contestou-se o facto de, juntamente com Fernando Silva, o outro delegado, não ter cuidado de verificar se alguns jogadores inscritos na ficha do jogo tinham cumprido o hiato regulamentar de 72 horas entre o último jogo disputado pelas equipas B e o jogo em questão.
Desta feita contesta-se que Fernando Araújo, que esteve acompanhado por Miguel Oliveira, não tenha apressado a entrada do FC Porto em campo. Ora, ontem, o próprio presidente da Liga, em declarações à CM TV, disse que não era essa a sua obrigação mas sim registar, como aconteceu, o atraso.
Reforma
Ainda relativamente aos delegados da Liga, Record sabe que tem sido empreendida uma profunda reforma na equipa, segundo o atual presidente inquinada por vícios antigos. O próprio coordenador, Óscar Fernandes, foi substituído por Emídio Fidalgo, engenheiro de profissão. Esta época entraram vários delegados novos e os procedimentos mudaram, com a introdução de um certo regionalismo, isto é, em nome da contenção de custos os delegados são destacados para jogos próximos das suas áreas residenciais.
O CASO 71 HORAS E 41 MINUTOS
- A 9 de janeiro de 2013, o FC Porto recebe o V. Setúbal no último jogo da fase de grupos da Taça da Liga, vence por 1-0 (golo de João Moutinho, de grande penalidade) e é apurado,
- O V. Setúbal protesta o jogo alegando que os azuis e brancos alinharam com 3 jogadores que estavam impedidos regulamentarmente (Fabiano, Abdoulaye e Sebá), pois não tinham sido cumpridas 72 horas desde a sua última utilização pela equipa B.
- A Comissão de Instrução e Inquéritos da Liga valida a tese dos sadinos, apurando que apenas tinha sido cumprido um intervalo de 71 horas e 41 minutos e manda a acusação para o Conselho de Disciplina da FPF.
- O FC Porto alega uma omissão regulamentar que não pode ter aplicação na Taça da Liga.
- A 13 de fevereiro, o Conselho de Disciplina da FPF absolve o FC Porto, alegando que o regulamento em causa apenas se aplica a jogos da 1.ª Liga e da 2.ª Liga.
- O V. Setúbal e a CII da Liga recorrem para o Conselho de Justiça da FPF e, a 15 de março, este valida a tese do CD da FPF, absolvendo de vez o FC Porto. Acrescenta o CJ que o conceito de "equipa principal" não se aplica aos jogos integrados na competição Taça da Liga.