Depois do alerta cenário é... igual

Um ano após o trágico momento vivido em Guimarães, pouco ou nada mudou no futebol português em matéria de assistência médica. Essa é, pelo menos, a conclusão a que se chega depois de contactados os médicos de alguns dos clubes da SuperLiga. A morte de Fehér serviu, quanto muito, de alerta. "A partir dessa altura, os exames com prova de esforço, não sendo obrigatórios, passaram a ser mais frequentes. Mas isso não quer dizer que situações como a ocorrida em Guimarães não possam acontecer", adverte Pedro Pessoa, do V. Setúbal.

"Hoje todos estão mais atentos e respeita-se mais a opinião dos médicos", garante Rui Miller, chefe do Departamento Médico do Belenenses, antes de defender que "falta mão-de-obra."

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Álvaro Couto, do Sp. Braga, chama a atenção para outra situação, na maior parte dos casos desvalorizada. "Esquecemos o público, onde o risco é maior. No nosso caso, levamos sempre o material nos jogos fora."

Palavras que dão razão a José Albino, do Gil Vicente. "Devia haver em todos os estádios uma equipa do INEM, o que nem sempre acontece."

Penafiel não tem desfibrilador

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O Penafiel não tem desfibrilador e é, de todos os clubes da SuperLiga contactados, o único nesta situação. "Desde que se tornou obrigatório que está a decorrer um processo para o clube se apetrechar do material necessário. Vamos contornando a situação com a ajuda dos bombeiros", admite Diamantino Pedroso, médico dos durienses.

No plano oposto está a Académica de Coimbra, que tem equipamento próprio e capaz para a realização dos vários exames necessários à prática do futebol de alta competição. "No nosso clube, todos os atletas realizam exames do foro cardiológico, uma vez que a Académica está devidamente preparada para isso", admite José Barros.

Pior é o que se passa nos escalões inferiores. "A situação é muito mais do que dramática, é assustadora. Há 'doping' que não é detectado e, por isso, os jogadores estão mais sujeitos a que aconteçam estas situações", assegura José Albino, clínico do Gil Vicente.

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Pedro Pessoa, do V. Setúbal, também coloca um tom crítico (pela positiva, claro), nesta situação. "Há um desnivelamento muito grande em relação aos escalões secundários. Aí é o descalabro", admite.

Árbitros brasileiros aprendem

A morte do defesa-central Serginho, do São Caetano, vítima de uma paragem cardio-respiratória, levou a Federação Paulista de Futebol (FPF) e o Instituto do Coração (Incor) a criar um curso ("Ressuscitação Cardiopulmonar e Noções de Desfibrilação") para os árbitros paulistas.

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Divididos em pequenos grupos, os juízes brasileiros simularam o atendimento com bonecos deitados no chão e, depois de várias tentativas de reanimação, todas elas sem sucesso, aprenderam a manusear o desfibrilador.

Teresa Cristina Slavinscas, professora de Educação Física e a apitar jogos desde o ano passado, considerou a experiência útil e fez saber que os conhecimentos adquiridos poderão vir a ser aplicados no futuro, até noutras circunstâncias. "Deu para ter uma noção e nunca se sabe quando poderemos ajudar um vizinho ou uma pessoa na rua."

Um exemplo que deveria ser seguido em Portugal e que reuniu mais de duas centenas de árbitros.

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Aparelho fácil de manusear

Um desfibrilador (desfibrilhador também é correcto) é um aparelho que serve para aplicar choques eléctricos sobre o tórax da vítima. Se o choque não ocorrer nos dez minutos seguintes, as hipóteses de sobrevivência são quase nulas. O manuseamento é fácil – basta seguir o comando do aparelho, que possui um botão para descarregar o choque. O desfibrilador permite avaliar o ritmo cardíaco e calcula o valor da voltagem que será descarregada, com uma variação entre os 2.000 e os 3.600 volts. No caso de Fehér, o desfibrilador não foi utilizado devido à água acumulada no relvado, o que colocava em perigo de vida o utilizador (poderia provocar um choque).

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