Jorge Costa vai poder cumprir as funções de delegado ao jogo do FC Porto, a 3 de agosto, em Aveiro, onde os dragões vão disputar a Supertaça frente ao Sporting.

Conforme Record havia antecipado, o ex-treinador do AVS SAD viu o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) aceitar a providência cautelar que suspende o castigo de 11 dias de suspensão aplicado pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol. 

No entanto, só esta terça-feira é que o TAD publicou o acórdão relativo a esse caso e o documento relata os argumentos de defesa de Jorge Costa que levaram à decisão de lhe suspender o castigo.

O atual diretor do FC Porto prestou declarações na audiência disciplinar, onde "esclareceu as circunstâncias concretas dos factos e confessou ter proferido a expressão constante da acusação. Nomeadamente que as mesmas ocorreram após o fim do jogo, quando o mesmo já não se encontrava dentro do estádio, mas no parque de estacionamento, e após ter sido reiteradamente insultado e ofendido por um espectador."

No acórdão arbitral pode ainda ler-se: "Só após o fim do jogo, e após ter cumprido escrupulosamente as suas funções e obrigações e quando estava já no exterior do estádio, enquanto procurava um amigo para recuperar os cartões de camarote que previamente lhe tinha cedido, e só após ter sido novamente e reiterado insultado, com a expressão filho da p***, este reagiu com a expressão: 'Filho da p*** és tu, resolvemos isto mano a mano'."

Em suma, mas ainda de acordo com a defesa de Jorge Costa, durante os factos ocorridos o sujeito que o insultou "já não atuava na veste de espectador", nem o então treinador do AVS SAD cumpria as funções "de agente desportivo", pelo que a conduta "não pode ser subsumível à infração prevista" no Regulamento Disciplinar que levou o CD a aplicar o castigo em causa. "Findo esse evento e fora do espaço do mesmo, o agente desportivo volta a ser um cidadão de pleno direito", vinca ainda a defesa.

Nos argumentos de Jorge Costa também foram referidas as implicações que o seu castigo teria e que não se limitariam à Supertaça, frente ao Sporting. "Um jogo importantíssimo e que diz respeito à disputa do primeiro troféu da temporada 2024/2025 e no qual a sua presença poderá ser essencial enquanto delegado ao jogo, gestão de conflitos no plantel e efeito motivador junto dos seus jogadores e equipa técnica, representando a sua ausência um concreto prejuízo irreparável com potenciais consequências no vencedor do troféu. Efeitos nefastos e irreparáveis que são extensíveis à primeira jornada da Liga Portugal Betclic, disputado entre o Futebol Clube do Porto e o Gil Vicente, a 11 de Agosto de 2024, no Estádio do Dragão."

O TAD deu como provados os factos relatados por Jorge Costa e decidiu "conceder provimento à providência requerida pelo Demandante, relativamente à sanção de suspensão de atividade e, em consequência, determina-se a suspensão da referida sanção aplicada."

A 9 de julho, recorde-se, o novo diretor para o futebol profissional do FC Porto, Jorge Costa, foi suspenso por 15 dias pelo CD da FPF, face a incidências ocorridas ainda como treinador do AVS SAD. Em comunicado, o órgão disciplinar federativo fundamentou a pena, acrescida de 1.340 euros de coima, com a "lesão da honra e da reputação e denuncia caluniosa" do então técnico na derrota caseira com o Tondela (1-0), da 34.ª e última ronda da edição 2023/24 da 2.ª Liga.

Três dias mais tarde, a 12 de julho, o CD retificou o castigo, reduzindo a pena de 15 para 11 dias de suspensão. Depois disso, órgão disciplinar da FPF revelou as provocações dirigidas a Jorge Costa no referido jogo. 

Logo aí, o caso foi entregue ao departamento jurídico do FC Porto e ficou decidido que Jorge Costa iria recorrer da suspensão. A mesma foi publicada no TAD a 19 de julho.

Por fim, a 24 de julho, Record antecipava a decisão do TAD de suspender o castigo ao diretor portista, cujo acórdão foi agora divulgado.