Transformação, identidade e comunidade foram as chaves para a renovação do Estádio José Alvalade, em Lisboa, explicou hoje André Bernardo, vice-presidente do Sporting e administrador da SAD do bicampeão nacional de futebol.
"Temos um estádio de que os adeptos gostavam muito, mas não sentiam que tivesse a identidade do clube pela forma como foi feito e desenhado. Quisemos caminhar para a identidade que queríamos em relação ao que os adeptos sentem pelo clube. O projeto passa por transformar o estádio numa plataforma. O nosso plano de atuação é fazer a intersecção entre o ecossistema de entretenimento e de bem-estar e 'lifestyle'", avaliou.
André Bernardo falava em Madrid no painel intitulado "Plano de negócios, estratégia e estudo de viabilidade. Modelo económico e usos do futuro estádio: pensando no retorno desde o primeiro minuto", englobado numa cimeira dedicada a instalações desportivas.
"Acredito que os estádios foram inicialmente feitos ou desenhados só como um eixo de desporto. O que queremos fazer e pusemos como objetivo estratégico é que [Alvalade] seja um eixo de entretenimento e estilo de vida. Na nossa opinião, isso resulta bem se, com a identidade, que é distintiva em cada clube, criarmos essa comunidade em que as pessoas sentem uma conexão sempre que vão ao estádio, haja ou não jogo", observou.
Em outubro, o Sporting fez uma emissão de 225 milhões de euros (ME) de obrigações, através da sociedade Sporting Entertainment, detida pela SAD dos 'leões', para, entre outros objetivos, financiar a renovação do Estádio José Alvalade, inaugurado em 2003.
"O estádio é um ativo e um corpo vivo que transmite coisas e ajuda na interação, que é aquilo que procuramos. Do ponto de vista estratégico, também ajuda, pois quanto mais capacidade de ingressos operacionais houver, mais vamos ser capazes e eficientes na gestão do plantel, no qual fazemos a maioria do investimento", admitiu André Bernardo.
A transformação do Estádio José Alvalade surge no plano estratégico apresentado pelo Sporting para o período 2024-2034, decorrendo de forma faseada desde há cinco anos.
O fecho do fosso logo após a época passada foi uma das novidades e André Bernardo reconheceu que era "praticamente impossível" concluí-lo em dois meses, mas tal foi atingido antes do primeiro jogo oficial do Sporting na condição de anfitrião em 2025/26.
"Os adeptos queriam fechar o fosso desde que o estádio foi construído e nós [direção] também. As equipas [de trabalho] entenderam que, por detrás disso, tinha de estar uma mudança na proposta de valor. Conseguimos ter tudo pronto, apesar da complexidade, gestão e execução do projeto. Isso foi chave e valeu pela cultura que criada", recordou.
Com capacidade para 52.000 espetadores, o Estádio José Alvalade recebeu cinco jogos do Euro2004, mais as finais da então designada Taça UEFA de 2004/05 - perdida pelo Sporting frente aos russos do CSKA Moscovo - e da Liga dos Campeões feminina de 2024/25, sendo um dos três recintos nacionais propostos pela candidatura conjunta de Portugal, Espanha e Marrocos ao Mundial2030, a par dos Estádios da Luz e do Dragão.