Roberto Martínez fez esta sexta-feira à tarde a antevisão ao jogo de qualificação para o Euro'2024 com a Bósnia, marcado para amanhã, às 19h45, no Estádio da Luz.
O que pode encontrar com a Bósnia?
"Acho que a Bósnia é uma equipa muito competitiva e um exemplo como equipa nacional. O mister é um treinador com clareza tática e que utiliza os jogadores de forma muito clara. Uma mistura de jogadores novos, com experiência. É uma seleção forte. Tive oportunidade de trabalhar com jogadores bósnios e sei que eles gostam muito de jogar pela seleção. É uma seleção com uma intensidade e forma de competir fortes e é uma oportunidade para vermos o nosso nível", começou por dizer o selecionador nacional em conferência de imprensa.
Como vai decidir quem vai ser titular na baliza?
"A posição de guarda-redes é especial. É diferente das outras. Preciso de dizer que gostei muito da atitude dos três guarda-redes e do trabalho de José Sá. Todos vimos boas exibições de Rui Patrício. É um jogador chave no balneário, com experiência e atitude de alto nível. No estágio de março foi perfeito mas precisamos de ter clareza nesta questão e o número 1 agora é o Diogo Costa. Patrício é o número 2 e o José Sá o número 3. Gosto de ter clareza nesta posição. Com os jogadores de campo é diferente. Temos 5 substituições é mais uma questão de momento de forma, forma do jogo, o adversário, muitos detalhes."
Teme que outros jogadores tomem a mesma decisão de João Mário?
"Não, falei da situação com João. É uma decisão pessoal, que respeito. Teve carreira pela seleção e temos que ver isso. Agora temos 26 jogadores. Todos querem jogar e ser importantes na Seleção e isso é muito importante para mim. Vejo energia e orgulho especial por jogar na Seleção. Não acho que é um problema para o futuro, é uma situação natural. Temos de ter jogadores constantemente novos, com energia e jogadores que podem fazer diferentes funções. Com a Seleção de Portugal temos muitos jogadores."
Forma dos jogadores, que estão algumas semanas sem jogar. Como faz essa gestão?
"A nossa visão é menos complicada que isso. A nossa visão é o trabalho no treino. Trabalhamos muito bem no treino, temos uma ideia muito clara para jogar amanhã e precisamos dos jogadores para isso. Temos dois jogos em 72 horas, é importante para a planificação, mas é algo do estágio não se deve olhar antes do estágio. Tenho mais um treino e não sei quem vai jogar amanhã. É difícil para mim dar uma resposta que não tenho. Temos de ter todos os jogadores preparados. O treino de terça foi importante, o de quarta mais importante e o de hoje é final. Amanhã posso dar a resposta exata".
Como é que Toti Gomes tem reagido a esta chamada?
"É um jogador diferente. Para jogar com 3 centrais precisamos do perfil de Gonçalo Inácio e Diogo Leite, mas o perfil de Toti é totalmente diferente. Gostei muito da atitude dele. É um jogador com mais potencial do que eu achava. Foi muito interessante trabalhar com Rúben Dias, Pepe, António Silva, Danilo, Toti e Gonçalo Inácio. Temos seis centrais de alto nível e agora é continuar a trabalhar. Toti precisa de mais tempo para conhecer os nossos conceitos, mas foi uma surpresa muito agradável."
Da sua forma de pensar até que ponto a criatividade tem de ter mais importância que a parte tática? O que mudou mediante os jogadores que tem?
"A minha responsabilidade é fazer do talento individual uma equipa equilibrada e compensada. Bernardo Silva e Bruno Fernandes são muito inteligentes para controlar espaço e tempo, mas precisamos de jogadores como Félix e Leão com capacidade no um contra um e dar à equipa formas de atacar diferentes. Agora preciso de me adaptar às qualidade individuais dos jogadores e eles adaptarem-se à ideia da equipa, porque precisamos de uma equipa equilibrada. Termos posições no relvado que não são fixas é importante para o futebol moderno e para o futebol que queremos."
Que Portugal vamos ver? Já é o Portugal que quer?
"Acho que vimos o Portugal que eu gosto na 2.ª parte com o Liechtenstein e com o Luxemburgo. Tivemos o ponto de partida em março, mas precisamos de crescer. Os jogadores surpreenderam-me para jogar um futebol que precisa de mais tempo. Em março vimos muitos momentos: a movimentação de ataque, as ligações dos jogadores, conceitos táticos. Estou muito contente e agora precisamos de fazer o mesmo contra a Bósnia."
Importância de Ronaldo, como analisa a época de estreia na Arábia Saudita? Como chegou?
"Jogar fora da Europa às vezes é uma vantagem para jogar na Seleção. Nós temos três formas de analisar um jogador: a qualidade individual, a experiência e o compromisso. O compromisso do Cristiano é total. É um exemplo para o balneário, exemplo para o futebol português e mundial. Tem 198 partidas pela Seleção e é uma situação normal. Como qualquer outro jogador precisa de treinar bem para poder jogar. Precisamos de um ambiente de alto rendimento com competição para os nossos jogadores. Cristiano e Pepe são exemplos para o futebol português e que precisamos que deem toda a experiência e sabedoria aos mais novos."
Permite aos criativos soltarem-se no campo?
"É normal. Uma situação de ter uma equipa equilibrada. Precisamos de jogadores excecionais nas suas funções. Jogadores que durante o jogo saibam defender com a bola. Precisamos de jogadores rápidos para defender rápido, porque temos muitos jogadores de ataque. A minha dificuldade é olhar para ter equilíbrio, mas temos qualidade individual para ter futebol de ataque. Portugal precisa de ser uma equipa para marcar golos e também ser muito rápida para defender alto e evitar que o adversário tenha tempo para ter a bola. É algo que vamos crescer estágio a estágio."
Pela experiência que tem, Pepe parte à frente na hierarquia?
"Não há hierarquia nas posições de campo. Os guarda-redes precisam de confiança e hábitos para se prepararem. É diferente com os jogadores de campo. Temos 23 jogadores de campo e precisamos de escolher e fazer o plano para as duas partidas, mas é totalmente diferente da forma como vejo os guarda-redes."
Se a Bósnia perder começa a atrasar-se na qualificação para o Euro'2024, ficam mais perigosos?
"A Bósnia e muito competitiva. Joga com muita intensidade em casa. Vai jogar amanhã com a mesma intenção de como se estivesse em casa. Tem uma estrutura muito equilibrada. Em março jogou contra Islândia com ataque muito forte e com a Eslováquia foi um jogo difícil. Tiveram duas ou três situações muito difíceis na 1.ª parte e na 2.ª foram flexíveis taticamente e têm boa experiência. Perderam dois jogadores importantes, mas têm Pjanic como referência e Kolosinac para jogar numa linha de cinco. É uma seleção muito completa e com uma mistura perfeita."
Bósnia atrasou-se, sabe se o adiamento do jogo está em cima da mesa por chegarem a menos de 24 horas do jogo?
"Vão chegar antes das 19h45 de amanhã. Não é um problema. Tivemos partidas nos Euros em que tivemos de viajar nos dias do jogo e não fo um problema. Os jogadores no futebol moderno estão preparados para viajar e jogar no dia de jogo."
Como olha para o futuro?
"É certo que temos jogadores fantásticos e uma história ganhadora e temos um apoio espetacular dos adeptos. A minha responsabilidade agora é focar para nos qualificarmos para o Europeu. Vamos crescer passo a passo. O estádio vai estar cheio amanhã, vai estar em setembro e em outubro."
Gonçalo Ramos não treinou
"Gonçalo falhou o treino de ontem e hoje. É difícil para fazer os jogos. Em junho precisamos de ter jogadores a 100% e não correr risco para o jogador. Vamos avaliar a situação com os médicos. Dois jogos com 72 horas de diferença é difícil [jogar na Islândia]", concluiu.