Luciano Signorini: «O futebol é um retrato da sociedade. Era preciso privilegiar a vida»

• Foto: Reuters

Luciano Signorini, diretor de comunicação do Palmeiras, analisou o efeito do Covid-19 no Brasil, que enfrenta uma nova vaga da pandemia e revelou as medidas tomadas pelo clube brasileira para evitar o contágio na estrutura do clube orientado por Abel Ferreira. Na FuteCOM, iniciativa que decorreu no Estádio Municipal de Leiria, patrocinada pela Liga de Clubes, contou com diversos convidados do futebol, que partilharam estratégias para lider com os efeitos da Covid-19. 

Comunicação: "O clube teve de se reinventar no domínio da comunicação, por uma situação inédita, que foi a ausência de jogos. De repente vimo-nos sem treinos e sem jogos e tivemos de fazer sentir os torcedores acolhidos durante a pandemia, a família Palmeiras, como nós consideramos cá."

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Situação no Palmeiras: "Estamos na final da Copa Libertadores, a 30 de janeiro, e na final da Taça do Brasil, que será disputada em fevereiro. Os campeonatos pararam a 16 de março e regressaram em julho de 2020. Foi um período de muito indefinição e incerteza. Quisemos posicionar-nos como um dos clubes que tomou a frente para paralisar os campeonatos porque entendemos o risco. Não demitimos funcionários, fizemos um acordo para a redução salarial dos jogadores mas mantivemos os ordenados na formação, no futebol feminino e nos atletas olímpicos. Fizemos o cálculo para uma perda de cerca de um terço das receitas do clube."

Despedimentos: "O impacto da redução salarial em 25% dos jogadores permitiu que não tivéssemos de despedir ninguém. Os pagamentos dos direitos de imagem dos jogadores foram adiados para 2021. Mas foi muito importante, os jogadores foram muito compreensivos e essa movimentação permitiu que o Palmeiras pudesse ter cumprido a promessa. O que foi motivo de muita satisfação dos nossos funcionários." 

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Ajudas: "Fizemos uma pesquisa junto dos jogadores de formação para perceber que ajuda podíamos providenciar, tal como no futebol feminino. Tudo foi possível porque o Palmeiras preparou-se para isso. Os nossos sponsors também se mantiveram firmes, mantendo os pagamentos. Foi uma ajuda inestimável. Tudo isso permitiu que a engrenagem se mantivesse a funcionar."

Quais foram as estratégias de comunicação utilizadas pelo clube brasileiro para chegar aos seus adeptos? "Entendemos que deveríamos, pela nossa função social, informar os adeptos sobre a pandemia e os respetivos cuidados. Era parte fundamental do Palmeiras conversar com os seus 16 milhões de torcedores para que estes estivessem informados, numa altura de muitas dúvidas, através das nossas redes sociais, do que precisaria ser feito para passar pela pandemia da melhor forma possível. Era uma função social que tínhamos de cumprir. Fizemos campanhas muito fortes nas redes sociais"

"Por outro lado, os adeptos sentiam-se 'abandonados', sem notícias. Precisava de entreternimento na sua casa. O Palmeiras fez quizz, relembrámos momentos históricos, procurámos interacção com os adeptos para que se sentissem acolhidos. Convocámos os adeptos para enviar as datas de aniversário. Com essa data, mostrávamos um momento histórico do Palmeiras correspondente a essa data."

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Futebol, retrato da sociedade: "O Palmeiras sempre se notabilizou por ser líder dos clubes no Brasil, sobretudo nas questões sociais, o que nos trouxe para uma situação de liderança muito forte. Era preciso manter essa posição, não por estratégia, mas porque o clube entendia que devia assumir-se como líder no futebol brasileiro. Houve muitas movimentações no futebol brasileiro para regresso dos treinos, dos jogos mas entendemos que era um risco muito grande, para que a sociedade entendesse que devíamos ser um modelo para os restantes entidades. Como podia o futebol voltar se o comércio estava fechado? O futebol é um retrato da sociedade. Era preciso privilegiar a vida, a saúde das pessoas." 

"Assumimos o dever de informar os nossos torcedores sobre os procedimentos em relação à pandemia, numa altura em que o Mundo vivia de muitas fake news. Doámos itens hospitalares, álcool gel, máscaras, até doações de sangue, sempre a mostrar o lado social do clube, bem preservada."

Por Francisco Laranjeira
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