Uso de microfones na NBA passa a ser opção

“BIG BROTHER watching you”. Uma ideia-chave que teve a génese no visionário escritor britânico George Orwell, levada até às últimas consequências e que está a provocar imensa polémica entre os principais protagonistas do espectáculo da NBA – jogadores e treinadores.

Em causa está o uso obrigatório de microfones pelos técnicos durante os jogos sujeitos a transmissões televisivas e a presença das câmaras de TV por tudo quanto é sítio, nomeadamente nos chamados “tempos mortos” (intervalos dos jogos e descontos de tempo), em que a “invasão” pode inclusivamente chegar aos balneários. Os responsáveis da Liga, esses, querem uma ainda maior mediatização do produto: custe o que custar.

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Para quem se recusar a cumprir as normas recentemente aprovadas, as multas previstas não são nada “leves” – partem dos 100 mil dólares (cerca de 20 mil contos). No entanto, os treinadores venceram o primeiro “braço de ferro”, conquistando o direito de opção, até ao final desta época, após duros protestos. “Tivemos uma discussão séria com a Associação de Treinadores e chegámos a esta solução de compromisso. Até ao final desta temporada, nenhum técnico será obrigado a usar microfone”, referiu o comissário Russ Granik, o braço direito do “boss” da Liga, David Stern.

A inflexão da posição da Liga ocorreu após as multas de 100 mil dólares aplicadas (e depois anuladas) aos técnicos Paul Westphal (Seattle SuperSonics) e Butch Carter (Toronto Raptors), os quais se recusaram, na partida que opôs as respectivas turmas, a colocarem os microfones nas lapelas. O coro de protestos recrudesceu, com a Associação de Jogadores a solidarizar-se com os colegas treinadores. “Trata-se de uma medida muito desconfortável para os protagonistas do espectáculo, uma autêntica intromissão na nossa privacidade”, opinou o director deste organismo, Billy Hunter.

Mike Dunleavy, técnico dos Portland Trail Blazers, sintetizou na perfeição o sentimento da sua classe: “Todos nós sabemos que as pessoas gostam, por natureza, de sentir as emoções do jogo ao vivo. Mas terão de compreender que nós, treinadores, também nos sentimos inibidos. Temos um código de linguagem com os jogadores que não pode ser assim devassado”.

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Latrell Sprewell, astro dos Knicks, está em sintonia com o seu técnico, Jeff Van Gundy, o primeiro “head-coach” a protestar energicamente contra estas medidas. “Nós, para o bem ou para o mal, funcionamos como uma família.”

Na base da decisão dos responsáveis da NBA está a descida dos índices de audiência, situação verificada nas duas últimas temporadas e que pode ser sucintamente justificada por duas razões fundamentais: o abandono de Michael Jordan e o “lockout” que abalou o início da competição na última temporada. O objectivo, claro, consiste em subir os actuais “ratings” das transmissões televisivas, que estão assim estabelecidos: 14 por cento para a NBC e 18 por cento para a TNT e TBS.

ANTÓNIO BARROS

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