Sofia Oliveira nas nuvens com título mundial: «Era a melhor despedida que podia ter»

Sofia Oliveira elevou a bandeira portuguesa bem alto em Abu Dhabi

Primeira portuguesa de sempre a , Sofia Oliveira estava naturalmente nas nuvens com o feito alcançado esta sexta-feira em Abu Dhabi. Foi o culminar de uma caminhada gloriosa em solo dos Emirados Árabes Unidos, na qual deixou pelo caminho a canadiana Ashleigh Bartelds, a bósnia Emina Prguda, a eslovaca Lucia Cmarova e, por fim, a ucraniana Alina Martyniuk - estas duas últimas as primeiras colocadas no ranking da WAKO em K1 -60kg. Mas, também, o culminar de muitos anos de trabalho, que hoje, em princípio, chegaram ao fim.

Foi, nas palavras da própria, o concretizar de um sonho, mas também o perceber que, no final, todo o esforço valeu a pena. "Senti que o trabalho é completamente recompensado. Todo o esforço que temos ao longo do ano é completamente recompensado agora com a medalha. No fim do combate nem estava em mim e ainda nem estou em mim... Acho que só para a semana ou assim é que me vai cair a ficha!", disse-nos a atleta do Desportivo de Guimarães.

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Antes do Mundial, Sofia Oliveira nunca apontou o ouro como meta, mas não esconde que o sonho estava lá. "Todos nós que treinámos temos o objetivo do ouro. Sabemos o quão difícil é, mas foi o que eu digo desde sempre: confiar no processo e saber que no fim tudo vai correr pelo melhor, de certeza."

Em Abu Dhabi, a atleta famalicense fez história, ao ser a primeira mulher a conquistar um ouro num Mundial da WAKO. Pioneira nesse particular, só espera ter aberto a porta para ser um exemplo a seguir. "Quero ser a primeira de muitas, espero eu. Espero ter dado o exemplo a outras pessoas que queiram vir para aqui, que queiram trazer um bom resultado, e ser o exemplo a seguir. Que acreditem que é possível chegar aqui e trazer uma medalha. E, sim, principalmente um exemplo para as mulheres, para perceber que somos capazes de muito. Somos duas campeãs do mundo, uma com medalha de bronze, por isso acho que não podemos estar mais orgulhosos do mundo feminino neste momento. Especialmente neste desporto que é tão virado para os homens..."

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Um despedida dourada

Todas as carreiras têm um fim. Mas nem sempre é possível sair-se no topo do Mundo. Sofia Oliveira será certamente um dos poucos casos em que isso sucede. Aos 27 anos, depois desta conquista, em princípio irá deixar de competir nestes campeonatos para dedicar algo mais à sua vida (fora dos ringues). A ideia estava na sua cabeça há algum tempo e, tudo indica, irá materializar-se. E uma despedida com um ouro... só tem uma análise possível.

"Era a melhor despedida que podia ter neste tipo de campeonatos. Sim, em princípio será uma despedida, pelo menos vou parar um bocado deste tipo de campeonatos, porque roubam-nos muito tempo e já fiz o que tinha para fazer. Agora vão aparecer outras pessoas para o meu lugar e vai ser bem representado, de certeza".

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E, por outro lado, Sofia Oliveira espera estar lá para ajudar no futuro, como treinadora. "Quero ajudar outras pessoas a conseguirem um bocado a carreira que eu também consegui e ter as oportunidades que eu também consegui ter. Isso está nos planos, eventualmente irá acontecer, sim".

Para lá do desejo de abrir caminho a mais conquistas femininas, a atleta do Desportivo de Guimarães espera também que estes ouros (mais aquele conseguido por Catarina Dias nos World Games) sirva de uma vez por todas para desbloquear o impasse na modalidade em Portugal. "Estas duas conquistas e a da China foram fundamentais para agora o arranque começar a ser a sério. Está na altura, nós precisamos disso, nós atletas precisamos disso, e está na altura de também nos deixarem competir onde nós queremos e como nós queremos."

Por Fábio Lima
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