Depois de várias tentativas mais ou menos falhadas no passado, a HOKA acertou quase na mouche quando colocou no ano passado no mercado as Rocket X2. Dizemos 'quase' porque faltava alguma coisa no amortecimento para atacar uma maratona com totais garantias e, também, um pouco mais de tração para oferecer segurança em molhado. A marca francesa anotou todas as críticas e decidiu responder como deve ser: com mudanças certeiras, onde realmente importa. E daí surgiram as Cielo X1, o melhor modelo de performance até à data da casa gaulesa.
As Cielo X1 não são perfeitas, ainda têm alguns pontos menos bons, mas são em definitivo a entrada da HOKA no jogo das sapatilhas de performance de topo. Nike, adidas, ASICS, Puma... têm aqui um adversário bem forte!
Comecemos, ainda assim, pelo lado menos bom, para depois acabarmos em beleza. Não há muito por onde fugir ao olhar para as especificações. As Cielo X1 não são o modelo mais leve do mercado neste segmento. Com 246 gramas, estão bem longe daquele ponto de peso pluma. Contudo, ao serem um modelo tão responsivo (já lá iremos), a verdade é que se nota menos esse peso extra quando vamos a bom ritmo. Um pouco como aquilo que sentimos quando testámos, muito recentemente, as Puma Fast-R Nitro Elite 2. As sensações até são bem similares às do modelo da marca alemã, mas notámos essencialmente que as Cielo X1 funcionam também bem a ritmos menos altos. Um aspeto curioso relativo ao peso é que, mesmo perto das 250 gramas, este modelo conta com estratégicos pontos de corte de materiais desnecessários, como podemos ver na zona da meia sola. Imaginem se não tivessem...
A meia sola que é, como habitual, o grande segredo deste modelo. Neste modelo, a Hoka usa uma espuma própria em PEBA, a qual ainda não deu nome (ele deve chegar, que nisto as marcas são muito orgulhosas no que fazem...), tendo pelo meio a já tradicional placa de fibra de carbono. Uma placa com um design peculiar, com 'abas' na lateral, ali colocadas para dar um pouco mais de estabilidade. Quanto ao efeito prático disto tudo, a corrida tem definitivamente muito retorno de energia, é devidamente amortecida, falhando apenas um pouco na estabilidade. Para dar a responsividade, a HOKA acrescenta ainda o seu tradicional rocker, que é perfeito para aumentar o ritmo e mantê-lo bem alto. Para isto ajuda também o drop, que ao contrário do habitual na marca francesa sobe um pouco até aos 7mm - normalmente anda mais pelos 5mm na HOKA.
Relativamente ao conforto, sendo um modelo de performance é algo que não podemos ver como algo de excelência, mas estas Cielo X1 não comprometem. E há um aspeto curioso que se nota ao toque. O upper tem diferentes níveis de espessura de malha, apresentando-se mais fino na zona dos dedos para dar maior flexibilidade e mais grosso noutros pontos, como no calcanhar. Aqui nesta parte das sapatilhas encontramos um ponto menos bom, já que a HOKA decidiu não colocar a já tradicional aba para ajudar a calçar. Pode parecer um acessório dispensável, mas tendo em conta a estrutura pouco pronunciada, ajudaria tê-lo. Ainda assim, de notar que a língua acaba por compensar um pouco, já que é bastante elástica e permite compensar.
Noutro âmbito, o ajuste deste modelo pode não ser o ideal para quem tem pés algo mais largos. No lado positivo, este upper surpreende no aspeto da respirabilidade, apesar de curiosamente o aspeto prometer o oposto. Outro dado a considerar é resistência da malha, que nos pareceu no ponto para aguentar muita 'pancada'.
A fechar, um olhar à sola, que apresenta uma colocação estratégica de borracha injetada para aumentar a durabilidade. Nesses pontos, a camada aplicada parece ser bem superior à que vemos noutros modelos de performance, o que promete efetivamente cumprir este propósito. Quanto à tração, aquele problema das Rocket X2 parece ter sido definitivamente resolvido.
Em suma, a HOKA encontrou finalmente a fórmula certa para fazer o 'check' em todos os pontos para se apresentar oficialmente como candidata à luta pelos grandes modelos de performance. Há sempre algo a melhorar, mas esse acaba por ser um bom ponto de partida para um eventual novo modelo. Se a fórmula se mantiver, então não há nada a enganar!
Último ponto menos positivo? Não dá como fugir a ele: 280 euros é um preço elevadíssimo...