Voltámos a correr na capital checa e é provável que lá voltemos no futuro
Depois de 2022 e 2023, este ano voltámos a Praga para correr uma daquelas maratonas que fica no coração. Tanto pela prova em si, pela forma como é superiormente organizada, como pela beleza da própria capital checa. E este ano com um motivo especial, já que celebrava o seu 30.º aniversário e, como não seria de esperar outra coisa, a RunCzech tinha preparado todo um plano para que esta prova fosse memorável. E assim o foi. Pelo menos para quem vos escreve este texto...
Praga nem estava nos planos para 2025, mas a verdade é que surgiu de forma inesperada para preencher um espaço vazio no calendário. Ao olhar às possibilidades, voltar ali parecia a decisão mais correta, mesmo que significasse visitar solo checo pela segunda vez... num mês (já que tínhamos corrido semanas antes a Meia Maratona, a nossa primeira SuperHalf). Um sacrifício, especialmente para quem tem Praga no topo das suas preferências quanto a cidades preferidas no continente europeu. Isso é, assumimos, um ponto que nos leva a ser algo parciais na forma como analisamos esta prova, mas a verdade é que foram vários os portugueses presentes que confirmaram tudo aquilo que escrevemos sobre a prova.
Ali tudo flui na perfeição. E nem mesmo o facto de termos chegado à capital checa ao início da tarde de sábado dificultou o processo. Isto numa prova que batia o recorde de inscritos, com 12 mil atletas presentes na maratona. Mesmo assim, apesar da enchente, o processo de recolha do kit de prova foi muitíssimo rápido. A visita à Expo da prova foi também rápida, não por haver pouco para ver, mas sim porque queríamos descansar (algo essencial na véspera de uma maratona). Neste ponto da Expo, refira-se, há que referir que a diferença para a meia maratona do mês anterior foi imensa.
As horas seguintes passaram de forma tranquila e chegou o dia da prova. Novamente no centro da cidade, junto ao icónico Relógio Astronómico, o chamado Orloj. Foi ali que começámos a de 2022 e, tendo feito a partida de 2023 um pouco mais para 'dentro', assumimos que é bem mais especial começar ali. Mas também bem mais exigente do ponto de vista logístico, porque isso obriga a organização a 'afunilar' um pelotão de milhares de atletas numas ruas algo estreitas. Os corredores ajudaram - alguns, vá, porque outros decidiram não respeitar as suas caixas... - e o processo ocorreu sem grandes problemas. No nosso caso, por termos acreditado um tempo abaixo das 3 horas, saímos lá na frente e isso ajudou ao que queríamos.
Ainda que tenhamos passado um primeiro quilómetro algo chato, com pessoas claramente mais lentas que decidiram começar lá na frente sem qualquer razão lógica aparente, depois disso foi relativamente fácil encaixar o ritmo desejado: 4'10/km. A ideia era tentar repetir o Sub-3 de 2023 e tentar (ênfase no tentar) melhorar o tempo que trazíamos de Sevilha, as 2:55:01. Isto num percurso que, deixamos já o aviso, nada tem a ver com Sevilha. Não é nenhum bicho papão na elevação, mas tem daquelas subidas capazes de partir pernas. Especialmente nas passagens pelas pontes, que nos obrigam a puxar um bocadinho mais da força para lá chegar. Isto e, claro, o sempre temido e odiado empedrado. Em zonas pontuais, é certo, mas capaz de nos condicionar um pouco a marcha, tal como as linhas do elétrico, que podem ser tramadas para os corredores mais distraídos. Menos mal que já conhecíamos as manhas deste percurso e o que podíamos esperar.
Por isso, pé ante pé, lá avançámos rumo à meta. Quando passámos à meia maratona íamos no ritmo perfeito para o tempo sonhado: 1:27:09. Era repetir na segunda metade e estava no papo. Só que na maratona estas contas nem sempre batem certo. Muito menos quando temos vento pela frente dos 25 até por volta dos 38. Não serve de desculpa, até porque a determinado momento simplesmente desistimos de tentá-lo. Dos 34 em diante, a mente decidiu que não queria fazer o corpo sofrer mais e foi gerir até final. A perder 10, 15 segundos por quilómetro, mesmo assim chegou para cruzar aquela meta, novamente em frente ao Orloj, novamente naquela belíssima Old Town Square, bem abaixo das 3 horas. E apenas uns 90 segundos aquém do objetivo traçado. No final de contas, missão cumprida!
Tal como foi cumprida, uma vez mais, a missão da RunCzech em entregar um evento de qualidade superior. E nem mesmo o aumento do número de atletas condicionou essa capacidade organizativa. Não devemos voltar nos próximos anos, mas deixamos a recomendação a todos os que nos estão a ler: vale muito a pena ir à República Checa para correr esta maratona. Isso e para celebrar também à moda checa, que é como quem diz... com uma caneca de cerveja na mão!
NOTAS FINAIS
Percurso: 7/10
Do ponto de vista da beleza do percurso, diríamos que consegue obter uma nota bastante positiva pelo facto de nos levar a praticamente todos os pontos de interesse turístico da cidade - com uma tripla passagem na Old Town Square. Apenas falha a passagem pelo Castelo, mas para lá irmos teríamos de transformar isto num trail. A nota acaba, contudo, por ser algo prejudicada pelas partes em empedrado, que condicionam a capacidade para correr rápido, mas também os carris do elétrico, que podem provocar algumas quedas. Ainda assim, também convém dizer que, apesar dessas condições, é habitual correr-se bem rápido em Praga: o recorde do percurso é de 2:05:09 e este ano, apesar do vento que se fez sentir na fase final, o vencedor ficou a escassos segundos de batê-lo.
Logística: 8/10
Consideramos a RunCzech como a melhor organização da Europa e a forma como as coisas funcionam em cada uma das suas provas serve para confirmá-lo. Do processo de levantamento do kit, à entrada nas caixas de partida ao momento da largada, tudo decorre de forma satisfatória. Aqui o maior elogio vai mesmo para a forma como, mesmo em ruas extremamente estreitas, conseguiram afunilar e fazer tudo fluir na perfeição para o arranque. Por outro lado, ao contrário da 'meia', desta vez a Running Expo estava num espaço muito amplo, com tudo o que era necessário para o processo fluir na perfeição.
Ambiente: 8/10
Em 42 quilómetros, são alguns os quilómetros em que não temos apoio popular, muito por culpa do percurso nos obrigar a ir para zonas com menos pessoas a morar. É o preço a pagar pelo facto de fazermos uma maratona numa cidade que, no final de contas, é pequena. Mesmo assim, quando voltamos ao centro, aí tudo muda. Podemos achar que os checos são algo ‘fechados’, mas quando o assunto é apoiar quem corre, aí a história de muda de figura. Ao longo do percurso temos também alguns pontos de animação especiais, com música e até cerveja. Desta vez, porém, não houve donuts...
Medalha: 10/10
Bonita. Bonita. Bonita. Sim, vamos sempre dizer que isto é uma opinião pessoal, mas não encontrámos até agora ninguém capaz de dizer que esta medalha é feia. Nela temos todos os detalhes que importam e até com um grau de enigma, já que ali naquela imagem que observam está impresso um 30 (em grande). Já aqueles arcos são alusivos às pontes mais emblemáticas da cidade.
Data em 2026: a definir
Preços (em 2025)
65€/95€/120€
Bengaleiro: Sim (gratuito)
Blocos de partida: Sim
T-shirt: paga à parte (32€)
Potencial para recorde pessoal: 7/10
Como chegar
De Lisboa há voos diretos para a capital checa. Pela TAP, todos os dias; pela Easyjet, 4 vezes/semana.
Já a partir do Porto há dois voos diretos por semana (na 4.ª feira ou sábado). E há ainda várias opções com escala.
Onde ficar
Praga é uma cidade muito bem apetrechada de hotéis para todas as carteiras. Também é possível ficar em bons Airbnb. Em termos de localização, consideramos que qualquer ponto da cidade é bom, porque Praga é relativamente pequena. No nosso caso, ficamos no Hilton, um hotel bastante perto da partida que tem tudo para ser o espaço perfeito para ficarmos alojados antes de uma prova desta dimensão.
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