Maria João Matos e a medalha de Jorge Fonseca: «Sentimos que estávamos lá com ele»

Em entrevista a Record, diretora de comunicação e marcas dos Jogos Santa Casa aborda ainda os apoios a estudantes para a prática desportiva

• Foto: Paulo Calado
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Record - Houve sempre a ideia de que que um atleta de alto rendimento tem muitas dificuldades em conseguir conciliar uma vida desportiva à académica. Parte dos relatos que o nosso jornal foi ouvindo no ‘Fazemos Campeões’ ia justamente ao encontro disso. Foi por isso mesmo que quis-se apostar forte nas bolsas de educação?

Maria João Matos - Sim. Começámos, em conversas, a apercebermo-nos de que eram gritantes os números de abandono escolar precoce em atletas de alto rendimento. Tínhamos de fazer algo, precisávamos de fazer algo. Quanto mais não fosse para que os atletas sentissem que, havendo esta bolsa, que é dinheiro, despender um ano da vida académica não seria assim tão preocupante, teriam sempre um apoio para que pudessem dedicar-se ao desporto tranquilamente. A Telma Monteiro, diga-se, é um exemplo de sucesso que foi nossa bolseira, beneficiou dos nossos apoios. Isto permite uma folga mental, afastar algum stress.

R - E há alguma história de que a Santa Casa se orgulhe particularmente?

MJM - Temos conhecido histórias impressionantes, mas recordo-me do caso dos irmãos Costa [Afonso e Dinis] do remo. Têm uma história espectacular. Elogiaram-nos, foram-nos muito gratos, porque aparecemos numa altura em que realmente precisavam. Tinham a mãe doente, não tinham dinheiro para equipamentos para treinar, era um excesso para uma realidade familiar financeiramente curta. E nós conseguimos fazer com que continuassem a treinar, a que não deixassem nada para trás.

R - Falamos de apoios que têm vindo a multiplicar-se ao longo dos anos. Quantas pessoas já ajudaram?

MJM - Este projeto, pioneiro em Portugal e em parceria com as duas entidades máximas do desporto, já atribuiu 325 bolsas de educação, com o principal objetivo de dar resposta a um problema que tem um forte impacto na vida dos atletas Olímpicos e Paralímpicos – o pós carreira. Muitos deles, sem qualquer tipo de curso superior e com uma carreira integralmente dedicada ao desporto vêm-se sem ferramentas para integrar a sociedade civil após a curta carreira desportiva. Orgulhamo-nos de dizer que essas 325 bolsas correspondem a quase 1 milhão de euros entregues, o correspondente a 181 atletas apoiados, em 22 modalidades. 

R - A instituição tem defendido a tese do patrocínio útil. Pode falar um pouco mais sobre isso?

MJM - São desenhadas iniciativas e projetos focados nos vários utentes da instituição, nas pessoas com mobilidade reduzida ou com deficiências, nos mais desfavorecidos, ou nos jovens a quem se pretende estimular a educação e a continuação dos estudos, em paralelo com carreiras desportivas de alta competição. Queremos uma intervenção na sociedade portuguesa com real impacto na inclusão de todos sem limitações, amplificando e reforçando o papel da Santa Casa. Isto através da promoção da prática desportiva e estilos de vida saudáveis, de forma acompanhada e monitorizada, promovendo o gosto pela prática desportiva como meio de coesão e inclusão social mas também da formação de carácter e de defesa da saúde, por exemplo. A maioria dos patrocínios dos Jogos têm contrapartidas que são canalizadas para os nossos utentes e trabalhadas em articulação com a ação social. A introdução desses públicos mais fragilizados nos nossos patrocínios e eventos tem-se revelado uma boa aposta. 

R - Os Jogos Santa Casa tem dito ‘presente’ em grandes eventos, como a Volta a Portugal que agora decorre.

MJM - Sim. São vários os grandes eventos em Portugal que têm contado com o nosso apoio, uns mais antigos que outros. Para além da Volta a Portugal em bicicleta, temos ainda o exemplo do World Bike Tour, um evento que decorre em Lisboa e promove a prática desportiva saudável às novas tendências da mobilidade das cidades. A somar a isso, e ainda no ciclismo, apoiamos também o Grande Prémio JN, outra prova com o nosso selo. Relembrar que a final da Taça de Portugal, as Maratonas de Lisboa e outros casos como Porto e Nazaré Tow Surfing Challenge também entram para a nossa vasta lista de grandes eventos. 

R - Há pouco falava do patrocínio à Federação de Judo. Acredito que tenha tido um sabor especial a medalha de bronze de Jorge Fonseca...

MJM - Sem dúvida. O Jorge Fonseca ganhou uma medalha e somos o único patrocinador da Federação... Sentimos que estávamos lá com o Jorge. Na verdade, como também dizia há pouco, sentimos que, por muito que o esforço, o trabalho e a dedicação tenham partido em grande parte dos atletas e das federações, nós não deixamos de sentir que um bocadinho, uma parte dos resultados que estes atletas que apoiamos conseguem acaba por ser nosso também. Sentimos que estamos num bom caminho.

R - E mais sabor têm estes feitos depois de um ano tão estranho?

MJM - Podemos ver nisto um duplo esforço. Foi não só um ano que nos levou para casa, em que as modalidades desportivas foram condicionadas, como depois conseguimos estas conquistas. 

Por Rita Pedroso
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