Sucedem-se as reações. E. Amadora, Santa Clara, Nacional ou Alverca foram alguns dos clubes a tomar posição face à demora nas alterações à nova legislação sobre a imigração que dificulta a inscrição de jogadores estrangeiros.
A Liga Portugal promoveu uma reunião de urgência com os clubes esta quarta-feira após receber a proposta de alteração à nova legislação sobre a emigração que não contemplava o regime de exceção para o desporto pretendido.
Já depois da Liga manifestar a sua preocupação sobre o tema, o presidente do E. Amadora, Paulo Lopo reagiu. "Temos cinco jogadores que estão contratados [Gudzulic, Kawan, Daniel Cabral, Petterson e Paulo Vítor], já estão a ser pagos e não podem ser utilizados porque não podem vir, não têm visto. No Brasil, demora cerca de 60 dias. Não tem havido uma verdadeira perceção da gravidade da situação por parte do governo. Portugal é a maior porta de entrada de jogadores africanos e sul-americanos na Europa e vai deixar de ser", apontou o líder do emblema da Reboleira.
O Santa Clara foi outro dos clubes a tomar posição, em comunicado com título elucidativo: "É preciso agir".
Leia o comunicado na íntegra:
"É preciso agir
A Santa Clara, Açores – Futebol, SAD manifesta por este meio a sua vincada preocupação com o facto de o Governo persistir em não apresentar uma solução que, de facto, dê resposta às exigências do futebol profissional no que diz respeito à nova legislação sobre a imigração.
O particular aspeto da extinção da manifestação de interesse afeta severamente a operação dos clubes, desde logo pelo facto de a vulgarmente conhecida por 'janela de transferências' representar naturalmente um período com limites temporais. E a proposta governamental está muito longe de atender às necessidades.
Ainda que possamos naturalmente entender o objetivo da sua criação, o Decreto-Lei nº 37-A/2024 traz consequências nefastas para o futebol profissional do nosso País e necessita urgentemente que seja criado um regime de exceção para este setor, de forma a que seja minimizado o impacto na atividade normal dos clubes nacionais.
Esta SAD está, como sempre esteve, disposta a contribuir para o encontrar de uma solução que sirva, de facto, os interesses do futebol profissional, sem prejuízo da aplicação de qualquer outro regime geral.
E porque o atual cenário não afeta exclusivamente os clubes da Liga Portugal, esta SAD deixa igualmente uma palavra solidária às Federações portuguesas de futebol, basquetebol, andebol, patinagem e voleibol."
Já Rui Alves, presidente do Nacional, tomou posição. "Acredito que com as reuniões que estão a acontecer entre a Liga de Clubes e o Governo, que se encontrará um quadro de exceção, porque tem de haver para o desporto, em especial para o futebol, que tem contratações e inscrição ao dia e ficará muito complicado um clube contratar um extracomunitário no dia 30 de agosto e como é que vai conseguir inscrevê-lo até ao dia 31 se não houver um regime especial para tal. As conversas que tenho mantido com a Liga, vão no sentido de encontrar uma solução para este problema, com o governo a estar receptivo a encontrar uma solução para o desporto. Há boas perspetivas, mas infelizmente, acho que estas conversações podiam ter acontecido há muito mais tempo, com a devida aprovação do diploma," reiterou.
Também o Alverca reagiu à ausência de alteração efetiva da nova legislação relativa à imigração por parte do governo.
"Soluções urgentes
A FC Alverca – Futebol, SAD sublinha a sua profunda preocupação por considerar que o Governo insiste em não disponibilizar uma solução que responda às exigências do futebol profissional desde que foi lançada a nova legislação sobre a imigração.
Entre outros, um dos maiores problemas prende-se com a extinção da manifestação de interesse, cenário que afeta fortemente a operação diária dos clubes, obrigados a cumprir prazos no que diz respeito à inscrição dos atletas. A proposta do Governo não atende minimamente às necessidades dos emblemas profissionais e, estamos convictos, nem dos amadores.
O Decreto-Lei nº 37-A/2024 carece da criação urgente de um regime de exceção para o setor do futebol profissional, de forma a que possa, pelo menos, haver uma real tentativa de minimizar os impactos na atividade corrente dos clubes.
A SAD está naturalmente disposta a contribuir para o encontrar de uma solução e, para além de partilhar a inquietação da Liga Portugal, não deixa de se mostrar solidária também com as Federações portuguesas de futebol, basquetebol, andebol, patinagem e voleibol."