26 de novembro. Hoje é um dia muito especial para o Record. É o dia em que nos lembramos de Manuel Dias, de José Monteiro Poças, e também de Fernando Ferreira. Os três nomes inconfundíveis que estão na fundação do nosso jornal. É o dia dos nossos e de celebrarmos com todos eles.
Record festeja hoje o seu 76.º aniversário e fá-lo com pompa e circunstância, com a divulgação da série 'Portugal de Todos'. Esta produção com selo de qualidade Record tem como objetivo divulgar aqueles que todos os dias trabalham para levar o nosso país aos mais altos patamares do desporto, seja em que modalidade for.
Muitas vezes dizemos orgulhosamente que Portugal é o país do futebol, mas Portugal efetivamente é muito mais que isso - é do ténis de mesa, do andebol, do atletismo, do ciclismo e muitas outras modalidades. Prova disso mesmo são os 10 intervenientes que decidimos convidar para integrar o nosso plantel de luxo: Agate Sousa, Alexis Borges, Auriol Dongmo, Francis Obikwelu, Fu Yu, Ian Cathro, Isaac Nader, Lorène Bazolo, Olivier Bonamici e Victor Iturriza. Todos eles têm uma característica em comum: a paixão interminável por Portugal, pelo país que lhes abriu a porta e que recebeu-os de braços abertos. Nós não nos esquecemos de vocês - Portugal de Todos.

Biografia
Nasceu em Hebei, na China, mas depois de tantos anos a viver no Funchal e a representar Portugal nas mais variadas competições internacionais, já tem o Bacalhau no topo das suas preferências gastronómicas. Fu Yu, atualmente com 46 anos, é uma das protagonistas da seleção nacional de ténis de mesa, tendo já marcado presença em três Jogos Olímpicos (Rio de Janeiro'2016, Tóquio'2020 e Paris'2024), e um dos rostos que dá hoje os parabéns ao nosso jornal.
Questionada sobre a primeira visita ao nosso país, tem a resposta na ponta da língua: "Lembro, não muito bem, mas lembro. Foi um senhor de Espanha que me trouxe. Já tinha jogado lá um ano, ele conhecia-me e convidou-me para vir para aqui. Foi buscar-me a Lisboa e mandou-me para o avião rumo à ilha da Madeira."
Mas, antes desse momento, já havia uma pequena ligação ao nosso país. Um verdadeiro ponto no oceano… "Antes de vir para a Madeira, estava com a minha mãe a procurar no mapa mundo e não via a ilha. Nunca pensei que fosse assim tão bonita", destaca, antes de elogiar as qualidades dos portugueses: "Gosto do tempo e acho que as pessoas daqui são mais simpáticas, quando comparadas com as de França ou da Alemanha. Peço desculpa por dizer, mas sinto que é verdade."
Depois de aprender o básico, que é como quem diz 'obrigado' e 'por favor', as primeiras palavras que interiorizou, Fu Yu deixou-se levar… pelo estômago: "Em termos de comida tenho alguns pratos favoritos, como o Bacalhau e o Cozido à Portuguesa. Gosto dessas coisas."

Biografia
O nome que se segue é um histórico da seleção nacional de andebol e do FC Porto. Victor Iturriza nasceu em Havana, Cuba, mas tem sido, ora de dragão, ora de quinas ao peito que se tem evidenciado como atleta profissional. Há mais de uma década a atuar no nosso país, Victor Iturriza é uma figura que dispensa apresentações... em território nacional e além-fronteiras. Exemplo disso foi o facto de ter sido eleito o melhor pivô do último Mundial de andebol, onde Portugal alcançou um histórico 4.º lugar.
"Quando cheguei em 2014 a Portugal, era muito difícil ligar-me à Internet em Havana", recorda Victor Iturriza, referência do FC Porto (2016-2025) e hoje a jogar no Kuwait SC: "Agora está um pouco melhor, mas o conhecimento do que acontecia fora de Cuba era limitado. Vim para Portugal um pouco às cegas."
Iturriza esteve dois anos no Avanca, antes de fixar-se no FC Porto: "Foi um choque tremendo quando cheguei. O primeiro impacto foi com os shoppings. É engraçado, mas é verdade. Em Cuba não há. Fiquei surpreendido quando visitei o primeiro", conta o andebolista de 35 anos. "Todas as pessoas com quem tive oportunidade de conviver, estiveram sempre prontos para me ajudar e para me aconselhar, numa fase em que era muito difícil."

Biografia
Medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, e atual recordista nacional dos 100 metros e 200 metros com 9.86 segundos e 20.01 segundos, respetivamente. Francis Obikwelu nasceu em Onitsha, Nigéria, e naturalizou-se português em outubro de 2001, a tempo de ser o primeiro velocista português a conquistar uma medalha a nível internacional. Apesar das dificuldades que viveu na infância, Obikwelu fez sempre questão de encarar os desafios do dia-a-dia com um sorriso no rosto - uma mensagem que combina com os valores de Record.
"O primeiro pensamento e o grande objetivo era fugir da Nigéria. Não voltar para lá. Não dava para fazer nada, senão fugir. Foi o que fiz", recordou.
Uma aventura da qual nunca se arrependeu: "Não. Acho que foi a melhor oportunidade. O meu pai sempre disse que as oportunidades só passam uma vez e temos de as agarrar. Foi o que fiz. O Estado pagou-me a viagem, porque eu sou pobre, e é claro que foi fantástico para mim. E foi isso que me fez querer ficar em Portugal."
Questionado sobre o que torna Portugal tão especial, o antigo velocista não tem dúvidas: "Portugal sempre acolheu gente de países africanos. E isso ajudou-me a integrar, mesmo sem saber falar Português, porque havia muitos africanos em Portugal. As pessos sempre forma respeitosas e senti-me sempre em casa. Uma pessoa normal. Falou-se de ir para outro país, para Inglaterra, América, mas disse que não ia a lado nenhum e ia ficar aqui. Vou ser um King aqui, vou ser um Rei aqui."
No 'top mais' do nosso país, tudo está definido: "Adoro Portugal não só pela gastronomia, os nossos vinhos, azeite, o clima que temos. É um sítio mais tranquilo, sem tanto crime e confusão. Aliás, neste momento o turismo está a subir muito, com muitos americanos a viver em Portugal."

Biografia
Compete por Portugal há cinco anos (desde 2020) e é já a grande referência no Lançamento do Peso. Auriol Dongmo, de 35 anos, nasceu a 3 de agosto de 1990 em Ngaoundéré, nos Camarões, país que representou até 2017. Em 2019, a atual detentora do recorde nacional no lançamento do peso, rumou ao nosso país e por aqui ficou. Tornou-se devota de Fátima, foi mãe de dois meninos e voltou ao atletismo ainda com mais força. Em 2020, com a camisola do Sporting, bateu o recorde nacional por três vezes; em 2021 foi campeã europeia nos Europeus de Atletismo de Pista Coberta, em Torún, Polónia, e no ano seguinte subiu ainda mais alto - sagrou-se campeã mundial nos Mundiais de Pista Coberta que decorreram em Belgrado, Sérvia.
Há um engano na vida de Auriol Dongmo que a lançadora encara como destino. Quando aterrou pela primeira vez em Portugal, em março de 2017, tinha à sua espera o treinador. Nos 150 quilómetros que separam Lisboa a Leiria, onde está o centro nacional de lançamentos, Paulo Reis enganou-se no caminho e foi parar a Fátima.
"Virou-se para mim e disse em inglês: 'Não sei o que me deu, mas enganei-me no caminho'. Perguntei onde estávamos e ele disse que era Fátima. Então disse: 'Não foi ao acaso que vieste por aqui. Quero mesmo ir lá, sou devota a Nossa Senhora'. Fui lá, rezei e acendi uma vela. Depois fomos embora. Para mim foi um sinal de que as coisas iam correr bem."
Desde que vivia em Ngaoundéré, nos Camarões, que a atleta do Sporting e da Seleção rezava a Nossa Senhora de Fátima. "Tinha muitas oportunidades de vários países, mas escolhi Portugal por causa de Fátima", explica Auriol.
De sorriso fácil e dona de uma vergonha que se vai perdendo à medida que a conversa flui, a lançadora vive uma vida feliz em Portugal onde nasceram os dois filhos, Rafael e Daniel. Em Leiria, na cidade do Rio Lis, divide o tempo entre os treinos e a família, sempre grata ao país que lhe deu a mão e a todos os que a ajudaram a fazer de Portugal a sua nova casa.
"Nunca mais voltei aos Camarões. Porque me sinto bem. Não senti vontade de voltar. A minha família está por todo o lado, em França, Canadá… Então não tive motivo real para voltar", conta. "Graças a Deus, tenho caído nas mãos das pessoas boas. Sempre tive ajuda. Encontrei aqui não apenas pessoas, mas sim família. Nunca me senti sozinha. Cheguei sem família mas com as pessoas à volta senti-me acompanhada."

Biografia
Villa Clara, FC Porto, FC Barcelona, Montpellier, Kuwait SC e Benfica. Este é o percurso profissional de Alexis Borges, pivô de 34 anos, que já soma 66 internacionalizações pela seleção nacional de andebol. Natural de Villa Clara, Cuba, o internacional português conta já com presenças nos Jogos Olímpicos (Tóquio'2020), nos Europeus de 2021 e de 2023, tendo falhado a convocatória para o último Mundial de andebol, em que Portugal terminou num histórico 4.º lugar, por motivos pessoais.
"Cheguei a Portugal após escala em França. Nunca tinha visto um aeroporto tão grande. E depois lembro-me da Gare do Oriente para apanhar comboio para o Porto", lembra: "Considero Portugal o meu primeiro país porque deu-me a oportunidade que nunca me deram antes. E retribuo com gratidão e com aquilo que sei fazer, que é jogar e dar o máximo quando estou com a Seleção", conta o pivô que canta o hino com orgulho: "Quando soube que ia ser chamado à Seleção, a primeira coisa que quis foi saber o hino, porque cada hino tem uma história por trás. E eu queria saber pelo que estava a lutar. E isso foi importante para mim."
Habituado a viver num clima tropical, Alexis Borges demorou a adaptar-se às temperaturas mais frias: "Quando cheguei tinha o cabelo comprido. E como faz calor em Cuba, molhava muito o cabelo. Então aqui, nos primeiros 5 ou 6 meses, estava sempre constipado. E não percebia o motivo. Era por molhar o cabelo e nunca o secar. Depois percebi e tornou-se uma história engraçada", conta-nos Alexis que estreou-se em grandes competições pela Seleção no Europeu de 2020: "Foi um sentimento único, porque tínhamos ali um grupo muito grande de pessoas, staff e jogadores, que queriam muito fazer Portugal crescer."

Biografia
Natural de Rennes, Olivier Bonamici é um jornalista franco-monegasco de origem italiana que desde 2004 é presença habitual nas casas de todos os portugueses. Apaixonado por Portugal, Olivier Bonamici tem um sotaque inconfundível mas, mais do que a forma como comunica na língua de Camões, é o jeito apaixonado com que fala sobre uma das suas modalidades favoritas: o ciclismo. A outra? O futebol, claro, não estivesse Olivier em Portugal desde 1995.
Na década de 90, um jovem de 22 anos apaixonava-se por uma portuguesa nas agitadas ruas de França e pouco depois tomaria a decisão de uma vida: deixar o país natal para seguir o coração.
"Vais Para Portugal, mas sem nada, zero", ouviu da família. E assim foi. De bolsos a abanar e sem saber dizer uma única palavra em Português, Olivier Bonamici deixou tudo para trás e arrumou as malas em Lisboa. A primeira morada seria uma Associação de cegos no Chiado, onde viveu e começou a ter o primeiro contacto com a Língua, por culpa de um êxito de Tony Carreira, no caso 'Ai destino, ai destino'.
Começaria depois a trabalhar numa rádio francófona, sendo que, com o passar dos anos, o sotaque carregado e característico invadiu a casa dos portugueses, à boleia do ciclismo e futebol, tornando-o numa figura inconfundível. E assim nasceu uma paixão que não tem igual.
"Porque é que eu amo tanto Portugal? Emociono-me cada vez que falo disto. É impressionante, muito estranho. É como se tivesse sido programado para este país e este país para mim. É uma história de amor brutal, brutal... quero morrer aqui. Disse aos meus dois filhos [um com 21 anos e outro com 24] que o ato mais bonito que posso fazer a este país é ser enterrado aqui. Prefiro morrer aqui pobre do que ir para outro país rico. Esta é a minha última paragem", diz-nos Olivier, de 53 anos, com os olhos lavados em lágrimas, comparando este amor ao que é nutrido por um casal. "É um amor que vai crescendo. Nunca amei tanto Portugal como agora. Nunca. Tem defeitos, imperfeições, mas vejo este amor da mesma forma que vejo o amor por uma mulher. Após uma semana em Itália e França, fico com vontade de voltar", diz.
Todas estas palavras são comprovadas pelo olhar de Olivier, que transmite sentimento a cada pestanejar. "Para Portugal tenho uma palavra de agradecimento eterno. Formei-me como homem, formei-me como pai de família neste país. Amo Portugal nas minhas tripas."

Biografia
Chegou a Portugal em 2013 sob asilo político e apenas três anos depois já representava Portugal nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Nascida em Brazzaville, no Congo, Lorène Bazolo, velocista de 42 anos, é atualmente detentora dos recordes nacionais dos 60 metros, 100 metros e 200 metros. Começou a correr 'a sério' apenas com 24 anos e desde logo destacou-se e hoje, quase 20 anos depois, é, sem sombra de dúvidas, uma das figuras do atletismo nacional. Lorène Bazolo é ainda um exemplo fora das pistas e conta com uma Licenciatura em Administração de Empresas e um Mestrado em Finanças.
Aos 10 anos,
Lorène Bazolo já fugia de uma guerra civil que deixou destruída a casa onde vivia. A entrar na adolescência, ficou sem mãe e foi morar para o Benim, onde vivia a sua família materna. "Ali, a mentalidade e a cultura são diferentes. 'A Lorène tem de estudar, não há tempo para o atletismo'. E não fazia desporto nenhum", recorda a atleta do Sporting de 42 anos. Vinda de uma família ligada ao desporto (a mãe trabalhava no Ministério do Desporto e o pai era professor universitário e atleta de judo), regressou ao Congo para se licenciar em administração de empresas.
"Nessa altura queria praticar novamente desporto. Mas na altura o pensamento era mais judo do que atletismo. O atletismo só surgiu porque o meu pai não queria que fizesse judo e na altura um professor convidou-me para experimentar atletismo. E quando fui perdi. E quando era mais nova não perdia com ninguém. Então fiquei com aquela raiva de treinar. E no mesmo ano fui campeã do Congo nos 100 e nos 200 metros."
Começou a levar o atletismo a sério já com 24 anos. Após estagiar 6 meses num banco, não ficou empregada e apostou tudo na velocidade. Representou o Congo nos Jogos Olímpicos de 2012 e chegou a Portugal com 30 anos, a tempo de bater o recorde nacional dos 60, 100 e 200 metros. "Fico sempre a pensar que aquilo que me faz continuar é ter começado tarde. O meu corpo não está cansado", explica.
Fã de Calema e de Bacalhau com Natas, adaptou-se a Portugal. "As pessoas são muito simpáticas e deixam-me à vontade", conta a atleta, grata também ao Sporting: "Já tinha 30 anos, altura em que alguns atletas já estão no fim de carreira. E quase ninguém me dava oportunidades ou acreditava que eu podia fazer algo melhor. Mas o Sporting foi a base e deu-me esta confiança."

Biografia
Aos 39 anos, Ian Cathro é uma das figuras inconfundíveis do futebol português. Com um estilo muito irreverente - de comunicação simples e frontal -, o técnico já assumiu publicamente sentir-se "mais português do que escocês". Autor de algumas das frases mais inusitadas no futebol em Portugal, Ian Cathro cativou o público pela forma descomplicada como analisa e comenta o desporto-rei, sem deixar nada por dizer. Sem papas na língua e com "big balls", tal como o jornalismo livre e isento deve ser.
Nascido em Dundee, Ian Cathro espantou tudo e todos por falar português desde a primeira hora em que assumiu o comando técnico do Estoril. É certo que o facto de ter integrado a equipa técnica de Nuno Espírito Santo durante vários anos, inclusivamente no Rio Ave, aproximou-o da realidade portuguesa, mas o desafio nos canarinhos aclarou o sentimento pelo nosso país. "Queria muito procurar um contexto diferente e foi este país que me abriu as portas, por isso o sentimento é de 'obrigado'. A minha família também está feliz. Vejo isso todos os dias de manhã quando a minha filha vai para a escola. É um ambiente fantástico. Sinto-me mais português do que qualquer outra coisa", diz-nos.
Além de confessar que a música e as legendas em português foram uma tremenda ajuda para ultrapassar a barreira linguística, o técnico escocês olha para o "equilíbrio" do quotidiano e mostra-se fascinado. "No Reino Unido, o dia acaba às 17h00", atira.

Biografia
Isaac Nader nasceu em Faro e, aos 26 anos, tornou-se campeão do mundo dos 1500 metros. O título foi conquistado este ano, nos Mundiais de Atletismo que se realizaram em Tóquio, Japão, cerca de dois anos depois de ter conquistado a medalha de prata nos Jogos Europeus de 2023, também na mesma distância. Filho de pai marroquino e de mãe portuguesa, Isaac Nader deu os primeiros passos no mundo do desporto no futebol, por influência do tio paterno, o ex-futebolista Hassan Nader, antiga figura de Farense e Benfica, entre outros.
À conversa com o nosso jornal declara-se farense, algarvio e (muito, mas mesmo muito) português. "Estamos na pista municipal de Faro, cidade onde nasci. Como dizem os farenses, este Faro é dos farenses, e é assim que me sinto. Até aos 18 anos vivi em Faro. Até depois, mais tarde, seguir para Lisboa e agora, nos últimos três anos, estar em Espanha. Tenho orgulho em ser farense e algarvio", registou.
"Aliás, o meu pai, quando eu era mais novo e falava mais com ele, dizia-me - 'um dia quando ganhares uma medalha por Portugal, vais cortar a meta com duas bandeiras: a portuguesa e a de Marrocos'. Mas é impossível agarrar em duas bandeiras, não é? Não faz sentido. Primeiro seria uma ofensa para os portugueses, para mim e para o meu país. Levantar duas bandeiras não faz sentido", explicou, destacando que nunca se sentiu verdadeiramente marroquino: "Nunca me senti marroquino, porque o país não faz parte da minha vida. Se quisesse até podia adquirir a nacionalidade morroquina, derivado ao meu nome. Não o quero fazer, porque não... Não me identifico e não quero fazê-lo, não porque é uma ofensa para Portugal e isso é algo nunca irei fazer."

Biografia
Aos 25 anos, Agate Sousa é uma das saltadoras referência no panorama nacional. Em julho último, a atleta nascida em São Tomé e Príncipe - a viver em Portugal desde 2019 - sagrou-se campeã mundial universitária em Salto em Comprimento, praticamente um ano depois de se ter naturalizado portuguesa, em Bochum, Alemanha. A olímpica tem neste momento os 7,03 metros como a sua melhor marca, e está a 9 centímetros de igualar o recorde nacional, que pertence desde 2008 à conterrânea e ex-olímpica portuguesa Naide Gomes.
Ao nosso jornal, Agate admite a "responsabilidade" que sente em carregar o nome de Portugal no dorsal.
"Sinto que os portugueses estão à espera que dê uma alegria lá para casa. Antes da provas, recebo imensas mensagens de carinho, a darem-me força. As que eu mais guardo são as que recebo depois das competições, principalmente quando não corre tão bem", afirmou, acrescentando: "Nos Mundiais Universitários, quando entrei na pista, olhei logo para as bancadas para ver onde estavam os portugueses. Quando estou em prova só tenho olhos para a bandeira de Portugal."
Agate confessa que sempre teve o desejo de treinar e estudar fora de casa e que em Portugal, o país ao qual chama de "casa", encontrou melhores condições de treino, condições essas que foram determinantes para evoluir naturalmente como atleta. "Portugal, muito obrigado pela oportunidade. Portugal, muito obrigado por me fazeres crescer. Portugal, muito obrigado por me fazeres descobrir. E aos portugueses, muito obrigado por me acompanharem nesta caminhada."