Avançada do Marítimo, marcadora do primeiro golo de Portugal num Mundial feminino, falou a Record sobre as suas origens
Telma Encarnação entrou para a história do futebol português ao marcar o primeiro golo de sempre de Portugal num Mundial Feminino. A Record, a avançada do Marítimo, de 22 anos, falou sobre as suas origens, o início da paixão pelo futebol e como o desporto pode ter sido decisivo para mudar o rumo da sua vida.
RECORD - Como é que começou a paixão pelo futebol?
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TELMA ENCARNAÇÃO - "Quando tinha 8 anos e jogava com os meus amigos no bairro onde nasci, em Câmara de Lobos (Madeira). Comecei a criar uma paixão enorme. Nós jogávamos em campos de alcatrão porque era o que havia. E era aquele tipo de futebol: 'faz o que tu quiseres e te apetece. Desde que ganhes é o que importa'".
R - Já marcava muitos golos?
TE - "Sim, mas naquela altura rodávamos por todas as posições no campo. De ponta a central. De central para guarda-redes. Nós ali fazíamos de tudo. Mas sempre me senti mais confortável na frente".
R - Como é que ganhou tanta força no remate?
TE - "Não tinha uma bola de futebol. Jogava com bolas de papel na escola. Em casa tinha uma de basket. Eu ia sozinha rematar essa bola contra a parede. Como era muito pesada, fui ganhado força. Não treinava pernas, nunca fiz treinos específicos com os rapazes. Acho que a força vem daí. Quando recebi a minha primeira bola de futebol é que tive noção da força que ganhei".
R - Como é que surgiu a primeira oportunidade de ir para um clube?
TE - "Eu queria jogar futebol num clube e o único que havia mais perto do meu bairro era 'Os Xavelhas'. Falei com os meus amigos, fui ver um treino e pedi-lhes para o falar com o treinador. Ele deu-me a possibilidade de começar a treinar com eles e gostou de mim. Um ano depois já estava a competir e fiquei a jogar com eles até aos 14 anos. Era a única rapariga, mas já como já brincava muito com eles e jogava em casa com o meu pai e com os meus irmãos a adaptação foi fácil".
R - Sentiu preconceito por ser rapariga e jogar futebol?
TE - "Não, mas se havia pessoas que comentavam sobre uma rapariga jogar futebol não me incomodava. Estava a fazer o que gostava. Os comentários negativos estão fora do meu alcance".
R - Nasceu num bairro problemático em Câmara de Lobos. O futebol foi um escape para a realidade que a rodeava?
TE - "Sim. Ajudou-me a superar muita coisa. Comecei a ter sonhos e a deixar o que era negativo para trás. Hoje em dia estou onde estou pela minha luta. Se não jogasse futebol o rumo poderia ter sido diferente porque vivo num bairro onde não há muitas coisas boas. Poderia ser sido levada para um mau caminho, mas segui os meus sonhos e correu tudo bem".
R - Quando é que assinou o primeiro contrato profissional?
TE - "Aos 16 anos, quando já jogava nas seniores do Marítimo. Fui a primeira no clube. Não estava à espera, por causa da situação do futebol feminino na Madeira. Foi tudo muito surpreendente, mas depois fui-me habituando".
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