Entre elogios ao Professor Moniz Pereira, mostra confiança no trabalho de Domingos Castro à frente da FPA
RECORD - É incontornável falar do Professor Moniz Pereira. Que papel teve no seu percurso e no desenvolvimento do desporto português?
CARLOS LOPES – Quando vim para o Sporting, em 1966, vim para a melhor equipa de atletismo e para o clube do qual sempre gostei desde os meus 7 anos. Queria vir para a melhor escola de atletismo do país, e o Sporting era, de facto, a melhor escola em Portugal, nomeadamente no meio-fundo e fundo. Tinha os melhores atletas e, se um tipo quer ser grande, tem de se juntar aos melhores. É aí que se aprende tudo e onde dão tudo o que é preciso para o futuro. Tinha pista e, acima de tudo, o Professor Moniz Pereira que, como toda a gente sabe, foi o melhor treinador português. Mas, para mim, a sua maior virtude foi o carácter, a sua afirmação e o acreditar muito no seu trabalho. Além disso fazia os próprios atletas acreditar, o que fez com que esse sentimento de obrigação crescesse. Aprendemos a ser responsáveis por aquilo que fazemos.
R – Tem recebido várias condecorações ao longo dos anos. Sente que o país lhe retribuiu tudo aquilo que fez em termos da projeção?
CL – Se a gente não trabalhar a projeção não nasce de forma nenhuma. As pessoas apenas reconhecem o nosso trabalho, as nossas convicções. Acho que fui devidamente reconhecido. Agora se me disser que podia ter outros valores para viver bem, mais sossegado e com mais calma, era ouro sobre azul.
R – Se fosse hoje tudo seria diferente...
CL – As condições financeiras atuais são completamente distintas, mas se calhar também não estava tantos anos ligado ao Sporting. Individualmente, tirava muito mais rendimento.
R – Como vê o 'boom' de praticantes de atletismo em corridas populares como será a São Silvestre El Corte Inglés?
CL – Fico feliz porque as pessoas, finalmente, abrem-se para fazer desporto. Agora, se é o mais perfeito, o tempo dirá. Um tipo para aprender a correr tem de ter técnica e uma pista. Só aí temos conhecimento do nosso valor, aprendemos a correr, aprendemos as distâncias e conhecemos o nosso corpo. Isto é tudo muito importante pois é um chamariz, é bom para a saúde, para a mente de toda a gente. Aprender bem e ser feliz no futuro tem de passar pela pista.
R- Aos 77 anos, continua de alguma forma ligado ao atletismo?
CL - Há dois anos e meio tive que abandonar devido a um problema de saúde que tornou incompatível ter um compromisso obrigatório. Afastei-me um bocadinho, mas isso não me impede de estar atento aos grandes momentos.
R – Sendo que se mantém atento, como comenta as últimas eleições para a Federação Portuguesa de Atletismo?
CL – Finalmente dão a liderança aos homens que realmente mais deram ao atletismo. Até agora têm sido... não quer dizer que sejam maus presidentes, mas não têm feito tudo em prol do crescimento do atletismo. Espero que o Domingos [Castro] tenha essa coragem de dar liberdade de expressão a toda a gente e que o atletismo volte a ter aquilo de que precisa, que é paciência, algo que não tem tido.
R - Vê na geração atual do atletismo português alguém capaz de nos vir a dar alegrias como o Carlos Lopes nos deu?
CL – Temos jovens com um valor tremendo, mas não têm paciência. O atletismo é um jogo de paciência. São precisos anos, é preciso saber gerir muito bem. Um campeão não se faz de um dia para o outro, demora anos. Mas nós queremos tudo para ontem, não pode ser. O atletismo só funciona se houver paciência, coragem, determinação e acima de tudo têm de ter uma coisa muito importante: querer ganhar!
R – O Carlos Lopes é um bom exemplo disso já que foi campeão olímpico aos 37 anos, o que exigiu essa paciência...
CL – E coragem porque às vezes ouvimos coisas de que não gostamos, mas temos de saber enfrentar e ser determinados nas nossas convicções. E quando isso acontece, meus amigos, é tudo tão simples.
R – Que mensagem quer deixar às pessoas que já se inscreveram, ou estão a pensar fazê-lo, na São Silvestre El Corte Inglés?
CL – Que sejam felizes, alegres e vivam o desporto com prazer. Se não se inscreveram, inscrevam-se porque a experiência vai ser muito boa para aqueles que iniciam a prática desportiva. Para aqueles que já correm, vivam Lisboa com prazer pois à noite é linda. Vivam o desporto com amor porque sem amor não há alegria.
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