Ceferin rendido a Cristiano Ronaldo: «É, de longe, o maior promotor de Portugal no Mundo»

Aleksander Ceferin entrega medalha de vencedor da Liga das Nações a Cristiano Ronaldo
• Foto: Pedro Ferreira

Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, é um dos grandes cabeças-de-cartaz da 1.ª edição do Portugal Football Summit, cimeira sobre o Futebol Português que se iniciou hoje e que decorre até sábado na Cidade do Futebol.

Em declarações no palco principal do evento, o líder da organização que regula o futebol europeu elogiou o talento português no desporto, principalmente aquele que considera ser o seu "maior promotor": Cristiano Ronaldo.

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"Qual a importância de Cristiano Ronaldo no futebol? Antes de mais, acho que é de longe o maior promotor de Portugal no mundo. Nunca vi alguém tão competitivo. Ele não quer parar, quer continuar a competir. É impressionante o que ele conseguiu, acho que precisaríamos de duas horas de conversa para explicar tudo. Tenho um grande respeito por ele enquanto pessoa e enquanto futebolista. E também sabemos o que ele faz em ações solidárias, que ele não precisava de fazer e faz. É um dos três grandes nomes do futebol de todos os tempos."

Mudança de formato nas competições de clubes

"Pela minha experiência, em especial no futebol, toda a gente pede mudanças mas ninguém as quer implementar. Fomos corajosos ao fazê-lo, falámos muito com os stakeholders. Antes, quando chegávamos a dezembro, já sabíamos quem estava qualificado. No ano passado, PSG e Manchester City não estavam qualificados antes da última jornada. Esta imprevisibilidade da competição é a razão pela qual vemos futebol, não vemos se o resultado for conhecido antes. É um grande sucesso e estamos muito contentes por isso."

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Quão importante é garantir que o modelo de competição aberta vai durar para sempre?

"Eu não vou ficar para sempre, mas enquanto cá estiver farei questão de que a Liga dos Campeões vai continuar aberta. O futebol é para todos, faz parte da nossa sociedade, é uma escola de vida. O sonho de ganhar, de qualificar, de derrotar os grandes, deve manter-se vivo. E vai continuar vivo, se não o futebol deixa de fazer sentido. O futebol é um desporto maior do que qualquer outro. O que aconteceu ao basquetebol na Europa por causa das ligas fechadas? Praticamente não existe. Acho que Kvaratskhelia não jogaria no Paris SG se o sistema não fosse como é; que o Modric teria ganho uma Bola de Ouro se não tratássemos todos da mesma forma. Estou orgulhoso disso e claro que vamos manter tudo aberto para sempre."

Está contente com o modelo do Europeu? Pode mudar no futuro?

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"O Europeu não. Talvez as qualificações. Não com mais jogos porque não há espaço para mais. Talvez torná-las mais interessantes. Estamos a pensar, mas não mais do que isso – não o suficiente para partilhar aqui."

Como vê desenvolvimento do futebol feminino? Até onde pode chegar?

"O futebol feminino está a crescer exponencialmente. Os homens jogam futebol há mais de 100 anos, as mulheres nem há 20 anos jogavam em vários países da Europa. Agora é importante investir. Financeiramente não é como é o futebol masculino, nem sequer é lucrativo, mas vejo isto como investir dinheiro no futebol. O último Europeu foi fantástico. Todos os estádios estavam cheios. A final de 2022 em Wembley foi vista por 93 mil pessoas. Está a crescer imenso. O que é bom com o futebol feminino, e espero que continue assim, é que os adeptos são muito mais calmos e há mais famílias, uma abordagem mais positiva, mais celebração do futebol. Com os homens às vezes é mais complicado…"

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Fundação UEFA é um pilar?

"Não sou muito importante aqui. Ninguém parece ouvir isto. Nós distribuímos 97% do dinheiro que recebemos. Gostava de ter dez vezes mais porque assim iria distribuir mais do que qualquer ONG. Além disso, temos uma Fundação que ajuda crianças em todo o mundo; temos um campo de treinos na Síria, temos uma escola para ajudamos raparigas a jogar no Afeganistão, onde é proibido e por isso é secreta, vou em janeiro ao Congo onde estamos a construir alguns relvados, estamos a investir no Uganda… Vamos aumentar o orçamento e tornar isto tudo maior."

O que o deixa mais orgulhoso?

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"Em termos de futebol, foi ter conseguido que as competições continuem abertas. É o feito mais importante. Foi o maior desafio."

Qual o desafio mais duro de ultrapassar?

"Covid foi uma loucura para todos. Na altura, Portugal ajudou muito. Tivemos duas finais de Liga dos Campeões aqui e tudo correu bem. A chamada Superliga foi uma tentativa de tornar a competição num elite para 12 clubes ou assim. Havia muito dinheiro por trás, muita pressão dos mídia, embora neste caso a maior parte estava do nosso lado. Agora temos guerras todos os dias, situações terríveis, e é difícil saber até que ponto uma organização deve interferir. Para ser honesto, e gostava de ser mais otimista, acho que o mundo não estava tão perigoso desde os anos 30 do século passado. Espero que nada maior aconteça. Depois do Covid e da Superliga, um colega disse-me “tivemos tudo menos guerra”… e começou a guerra na Ucrânia. Vivemos em tempos complicados, não apenas o futebol. Toda a gente."

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O que aprendeu com as pessoas com quem lidado?

"Ajudou-me ter sido advogado criminal. Já o disse antes como piada que encontrei menos criminosos em 25 anos como advogado do que em dois anos no futebol… É um exagero. Também conheci pessoas fantásticas. No futebol, há muito dinheiro, muita influência, muitos egos. Navegar entre isso é complicado às vezes. O que mais importante é saberes o caminho, mesmo que tomes decisões erradas, e que tenhas uma boa equipa."

O maior desafio e maior oportunidade do futebol?

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"O futebol é tão popular e ainda somos muito conservadores. Temos de começar a pensar em AI, em alguns tipos de streaming, em redes sociais para chegar a mais pessoas. Mas não demasiado. Sou conservador quando falamos de futebol."

O que é que um bom líder deve ter?

"Para toda a gente, o mais importante é olhares para ti ao espelho de manhã e saber que fizeste tudo com boas intenções, que tentaste o teu melhor. Deves admitir os teus erros, saber quando estás errado. Mas eu sou a minha maior pressão. É quando me vejo ao espelho de manhã. Se o conseguimos fazer, estamos bem", disse.

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Por Sérgio Krithinas
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