Jonas Vingegaard lamentou ter sido privado de "um momento para a eternidade" com a anulação das cerimónias de pódio da Volta a Espanha, lembrando que "todos têm o direito de protestar" mas não de prejudicar os ciclistas.
"Estou super orgulhoso desta vitória na geral, a minha primeira na Vuelta e a terceira grande Volta da minha carreira", salientou o dinamarquês, em declarações reproduzidas pela Visma-Lease a Bike.
Jonas Vingegaard viu hoje a sua esperada jornada de consagração cancelada depois de milhares de manifestantes pró-Palestina terem invadido o circuito final da 21.ª e última etapa da Vuelta, em Madrid, e terem 'travado' o pelotão a 56 quilómetros da meta.
"É uma pena que um momento para a eternidade como este nos tenha sido 'roubado'. Estou verdadeiramente desiludido. Estava desejoso de poder celebrar este triunfo com a minha equipa e os adeptos. Todos têm o direito de protestar, mas não de uma forma que influencie ou torne perigosa a nossa corrida", defendeu.
Embora o dispositivo de segurança na capital espanhola fosse o maior de sempre num evento desportivo e o maior desde a cimeira da NATO, em 2022, ninguém conseguiu travar os manifestantes, em protesto contra a presença da equipa Israel-Premier Tech.
A última imagem que se viu do campeão Vingegaard nesta Vuelta foi a do camisola vermelha a entrar no carro da sua Visma-Lease a Bike, com o pelotão a desmobilizar por completo e a ficar privado da festa de consagração "por motivos de segurança", como confirmou a organização numa publicação nas redes sociais.
Assim, também João Almeida (UAE Emirates) ficará sem uma memória gráfica do seu melhor resultado de sempre numa grande Volta: foi segundo, a 01.16 minutos do dinamarquês, e igualou Joaquim Agostinho, que também foi vice-campeão da Vuelta em 1974.
"Foram três semanas difíceis. Senti-me muito forte na primeira semana e consegui ganhar duas vezes. Depois, passei uma fase mais complicada, mas felizmente recuperei no último fim de semana", descreveu Vingegaard.
O bicampeão do Tour (2022 e 2023), que este ano foi segundo pela terceira vez na Volta a França atrás de Tadej Pogacar (UAE Emirates), considerou que ganhar na Bola del Mundo, no sábado, foi "uma bela forma" de coroar esta Vuelta.
O cancelamento das cerimónias protocolares deixou os adeptos da modalidade, mas também os jornalistas sem declarações dos protagonistas da 80.ª edição da prova espanhola, que começou em 23 de agosto, em Turim (Itália).
Também a UAE Emirates publicou umas declarações de João Almeida decalcadas das que o português proferiu no final da 20.ª etapa, na Bola del Mundo.
"Podemos estar orgulhosos da nossa corrida. Deixamos a Vuelta com muitos sucessos e fizemos o que pudemos", disse em alusão às sete vitórias em etapas da sua equipa, incluindo uma sua no alto do Angliru, descrevendo esta edição da prova espanhola como "estranha", uma vez que as maiores diferenças na geral aconteceram na nona etapa, quando perdeu 24 segundos para Vingegaard.
O pódio da Vuelta ficou completo com o britânico Thomas Pidcock (Q36.5), que foi terceiro a 03.11 minutos do dinamarquês.