Bragança vê "luz ao fundo do túnel" e quer ser reforço: «Sinto que vou voltar bem. Mas a luta é com o cérebro...»

• Foto: Vítor Chi

Nove meses depois de ter sofrido mais uma lesão grave - rotura total do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo -, Daniel Bragança já vê "a luz ao fundo do túnel" e caminha para a reabilitação total, de tal forma que já iniciou corrida nos relvados da Academia Cristiano Ronaldo. Mas o médio de 26 não esquece o que ficou para trás e um longo e "difícil" processo, principalmente pelo facto de, não muito antes desse dia 15 de fevereiro de 2025, na receção ao Arouca, ter atravessado outro calvário devido a outra lesão grave - no caso no joelho direito.

"Logo no momento em que caí no chão já sabia o que aí vinha. Há o timing em que o doutor vem e começa a mexer-me no joelho e tenho a esperança que não seja tão grave quanto o que senti. Na minha cabeça estava a pedir a Deus 'por favor outra vez não'. Mas a forma como caí e o barulho que ouvi era 99 por cento de certezas que ia ter de passar outra vez por uma lesão destas", recordou, tendo fresca na memória a subsequente "luta diária física e psicológica". "É uma luta diária física e psicológica, mas sobretudo psicológica. Agora já estou melhor, consigo ver a luz ao fundo do túnel. Mas naquele momento já sabia o que ia ter de passar. Sofri muito com isso, fui abaixo, não consegui aceitar logo que me tinha acontecido. Mas muito por aquilo que já sabia que ia sofrer e o tempo que ia ter de parar outra vez- Por muito que os meus familiares mais próximos me tentassem animar, não havia nada que me conseguissem dizer ou fazer para que o meu sofrimento acabasse ali. Demorei muito tempo a aceitar. O facto de no início andares de muletas, não seres independente e precisares de ajuda para fazer tudo... São coisas que não quero voltar a passar e estão para trás. Sabia que o meu mindset estava errado, mas não estava a conseguir ganhar aquela luta. À medida que o tempo foi passando, ia-me mentalizando: 'Já me privei de muito para chegar aqui, não posso ir abaixo e tenho de andar para a frente'. Há tanta gente no mundo a sofrer com vidas piores do que a minha... Esse tipo de coisas faziam-me andar para a frente. Tenho orgulho na resiliência que tive, consegui evoluir muito. Sinto que estou muito bem hoje pelo trabalho que fiz e o acompanhamento que tenho todos os dias. É um processo que já leva quase 9 meses", explicou, no programa 'Jogo a Jogo', da Sport TV.

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"Só via negro à frente, não havia luz nenhuma. Essas recordações de ter dado a volta por cima a uma lesão dessas deram-me alento naquela fase difícil no início. Foi difícil porque já sabia o que aí vinha. Foi isso que pesou na balança e que me mandou abaixo", reforçou, ciente que, hoje, o corpo "responde bem" mas ainda é preciso lutar contra "o cérebro". "Já sinto que vou voltar bem e que o corpo responde da forma que eu quero. Na primeira [lesão] lembro-me que cada coisa que ultrapassava era uma conquista, nesta para mim já era uma obrigação. Há medo porque na verdade o teu joelho está bem, é só aqui [aponta para a cabeça]. A cabeça é que manda tudo. Lá fora, nas mudanças de direção sinto-completamente normal mas ainda não estou completamente à vontade porque o cérebro não deixa, é inconsciente. Tem de ser dia a dia", frisou.

Durante a longa caminhada nos últimos meses, Daniel Bragança teve a companhia de Nuno Santos, também ele a recuperar de lesão grave. E o criativo admite que ter a seu lado o esquerdino ajudou a superar as diferentes barreiras. "Passámos muito tempo juntos no departamento médico e no ginásio, com situações diferentes. Mas ajuda sempre quando estás mais chateado e olhas para o lado e vês o Nuno Santos a trabalhar. Ou então quando ele está irritado e vê-me a fazer e vai. Ele é super calmo, principalmente a ver os jogos na bancada... [risos] Deviam experimentar", gracejou, reconhecendo, num registo mais sério, que ficar de fora foi complicado, especialmente nos "momentos críticos": "Estar de fora é difícil. Nos momentos bons em que a equipa está bem sentes o bichinho de estar lá dentro, mas onde sinto mais é nos momentos críticos em que a equipa está a precisar de qualquer coisa e sentes que tinha de estar ali para lutar com o grupo. Esses momentos são os que custam mais. Lembro-me no ano passado no jogo da Luz... Foi duro não estar. O jogo que deu o título com o Vitória também foi duro. É o que é. É aceitar".

Focado no que aí vem e na perspetiva de regressar sem limitações, o internacional português sub-21 não perde o sono se será, ou não, reforço de inverno; quer é ser... reforço. "Reforço de inverno? Vamos ver. Reforço quero ser. De inverno... é o timing. Vamos ver", rematou.

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Por Ricardo Granada
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